Vocalista do Pearl Jam lida com o problema de saúde desde antes da fama com sua banda; hoje, fala abertamente sobre o tema
Publicado em 08/05/2023, às 17h40
Cerca de 300 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão, segundo estimativa da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Somente no Brasil, há mais de 11 milhões de casos, correspondendo a 5,8% do total da população nacional. Tal problema de saúde emocional se faz ainda mais presente no mundo da música, com vários artistas falando abertamente sobre o assunto. Um deles é Eddie Vedder.
O vocalista do Pearl Jam lidava com os sintomas da depressão antes mesmo da fama conquistada no início da década de 1990. Em um relato forte compartilhado durante entrevista a Keith Levenson (via Rolling Stone EUA), Vedder refletiu sobre seus problemas internos e destacou como a música foi a responsável por salvar sua vida.
“Para alguns de nós, a música é tudo que temos. E eu me refiro até a quando eu nem sabia tocar um instrumento. Sempre que converso com alguém sobre isso, seja sobre quando eu era bem criança ou sobre as depressões mais profundas, acabo dizendo que a música me ajudou. Cito que uma ou outra banda me ajudou, que uma canção me ajudou.”
Uma das grandes honras de Eddie é saber que suas composições ajudam outras pessoas a lutar contra a depressão. Especialmente porque seus ídolos exerciam tal função em sua vida na juventude.
“Algumas pessoas são meio que compelidas a me dizer: ‘você me ajudou de verdade durante um período difícil com uma certa música que você compôs. Eu sempre digo a eles: ‘você superou o problema, a música talvez tenha sido como um bote salva-vidas por um minuto ali’. Mas eu sei do que eles estão falando, porque eu mesmo passei por isso. Estamos falando de Quadrophenia [álbum do The Who], Talking Heads, The Germs, Sex Pistols, Ramones. Foi uma tábua de salvação completa para mim. A música importa? Sim.”
A depressão pôs fim à vida de um dos maiores amigos de Eddie Vedder: Chris Cornell, vocalista do Soundgarden e parceiro de Temple of the Dog, que cometeu suicídio em 2017. Em entrevista a Howard Stern, Vedder foi bastante franco ao falar sobre o quão frágil ficou após a perda.
“Sinto que nem tive escolha. Fiquei apavorado com relação a onde eu iria se me permitisse sentir o que eu precisava sentir, ou o que instintivamente estava querendo sentir, ou o quão sombrio era essa sensação. [...] Éramos próximos. Não era só por tocarmos música. Éramos vizinhos. Saía com ele fora da banda muito mais do que os outros caras da banda. Não conhecia tantas pessoas em Seattle, então, saíamos em aventuras loucas de caminhada, ou mountain bike, ou perseguíamos um cachorro na chuva enquanto bebíamos cerveja ruim. E era legal. Não tinha nada a ver com estar próximo de outras pessoas da música ou qualquer coisa típica de Los Angeles.”
*No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece gratuitamente apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo todas as pessoas que querem e precisam conversar. Contato disponível pelo telefone 188 ou por meios online (e-mail, chat, Skype) com dados disponíveis no site www.cvv.org.br.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.