Curiosamente, guitarrista abandonou a banda após ficar sóbrio; Izzy adotou estilo de vida bem mais discreto ao deixar o grupo
Igor Miranda (@igormirandasite) Publicado em 28/12/2022, às 18h14 - Atualizado em 04/01/2023, às 10h39
A saída de Izzy Stradlin do Guns N’ Roses, oficializada no fim de 1991, segue como um dos assuntos mais emblemáticos da carreira da banda. O guitarrista rítmico era um dos compositores mais prolíficos do grupo ao lado do vocalista Axl Rose, mas optou por deixar o projeto em seu auge.
Como o próprio Stradlin se tornou um tanto recluso nos anos seguintes, apenas lançando álbuns solo e fazendo pouquíssimos shows, não há muitas entrevistas do próprio guitarrista discutindo sua saída. Porém, outras pessoas que conviveram com o GN’R no período já ofereceram seus pontos de vista sobre o tema.
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Alan Niven, empresário do grupo entre 1986 e 1991, garante que a decisão tomada por Izzy tem relação com o vício em drogas. Em entrevista ao Artists On Record, transcrita pelo Rock Celebrities, o antigo manager declarou que o músico queria abandonar a dependência química após anos de excessos junto aos colegas, mas não conseguia.
“A saída dele me pegou de surpresa, mas ele já havia tido o suficiente. Ele teve muitos problemas com a cocaína. [...] Cheguei a levar minha esposa e meu filho ao apartamento dele para dar um choque de realidade nele. Falei: ‘Izzy, você colocou papel alumínio nas janelas, roubou alguns filmes do quarto de Steven [Adler, baterista]... você está tão fora de si, sabe? Então, diga lá para Corey e Chelsea. Lide um pouco com uma criança para cair na real.”
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Na época, Niven estava preocupado com praticamente todos os integrantes do Guns, já que o vício era uma constante entre eles. O empresário disse que perguntava a si mesmo o que poderia fazer para tirá-los da dependência, mas que em dado momento percebeu: você até pode lutar em todas as batalhas, contudo, não conseguirá vencer uma guerra no lugar de outra pessoa.
Curiosamente, Izzy Stradlin foi o primeiro a conseguir se afastar de todos os vícios. E foi isso que atrapalhou sua continuidade no Guns N’ Roses.
“Ele parou com a cocaína e com a bebida. [...] Viajava sozinho e estava em uma vibe bem tipo: ‘até mais’.”
Nem mesmo viajar sozinho durante as turnês melhorou o relacionamento, que estava deteriorado. Sua saída foi oficializada em 7 de novembro de 1991, em meio à turnê dos álbuns Use Your Illusion.
Ao deixar o Guns N’ Roses, Izzy Stradlin citou uma série de fatores. Além da dificuldade em manter-se sóbrio perto do colega de instrumento Slash, do baixista Duff McKagan e do baterista Matt Sorum, ele destacou que o comportamento do vocalista Axl Rose dificultava bastante a sua permanência.
Tumultos como o de St. Louis em julho daquele ano, onde Rose agrediu um homem que filmava uma apresentação, e o do festival Monsters of Rock Donington em 1988, quando dois fãs foram pisoteados durante a performance do grupo, também serviram para mostrar a Stradlin que ele precisaria de uma vida mais tranquila.
E assim foi feito: o guitarrista lançou trabalhos em carreira solo, geralmente por pequenas gravadoras, e raramente saía em turnês. Há relatos de que ele, hoje em dia, prefere se dedicar a hobbies como andar de motocicletas e consertá-las do que envolver-se com música, visto que não lança canções inéditas há anos.
Substituído por Gilby Clarke, Izzy chegou a dizer, em 1998, em entrevista à Rolling Stone EUA: “Depois que larguei as drogas, não pude deixar de olhar em volta e me perguntar: ‘isso é tudo que existe?’ Eu estava cansado disso, precisava sair.”