Vocalista do Iron Maiden retorna trazendo apresentação de seu projeto paralelo — com o qual já excursionou pelo Brasil em abril e maio deste ano
Publicado em 13/12/2024, às 08h12
Tragam bilhete único e cartão do SUS para o homem: Bruce Dickinson mal saiu do Brasil e já tem data para voltar. O vocalista do Iron Maiden, banda que realizou shows em São Paulo na última sexta-feira (6) e sábado (7), apresenta ao festival The Town, na mesma cidade, sua performance solo em divulgação ao novo álbum The Mandrake Project (2024).
O público nacional já teve a oportunidade de assistir a sete performances desse projeto, entre abril e maio deste ano, nas cidades de Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto e São Paulo. Os eventos, inclusive, chegaram a ser gravados tanto para lançamento em áudio quanto para compor o videoclipe de “Resurrection Men”.
Mas como é assistir a um show solo de Dickinson? O que esperar desse tipo de apresentação?
Primeiro de tudo: quem compra ingresso para conferi-lo cantar músicas do Iron Maiden vai se decepcionar. Todas as canções vêm de seus álbuns lançados à parte de sua banda principal. A única exceção é a instrumental “Frankenstein”, do Edgar Winter Group, na qual Bruce toca percussão e teremim.
Veja abaixo o repertório tocado por Dickinson em São Paulo, na casa de eventos Vibra, no dia 4 de maio (via site Igor Miranda):
Bis:
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Além de The Mandrake Project, está bem representado o disco The Chemical Wedding (1998), com cinco faixas neste set de São Paulo. Accident of Birth (1997), Balls to Picasso (1994) e Tyranny of Souls (2005) são lembrados com duas canções cada no repertório da capital paulista.
Ajustes podem ser feitos, mas normalmente respeitam esta base. Vale destacar ainda que Dickinson não deve realizar um show completo no festival, portanto, algumas músicas devem ser cortadas.
Para a turnê, Bruce Dickinson tem sido acompanhado por Philip Naslund (guitarra), Chris Declercq (guitarra), Tanya O’Callaghan (baixo), Dave Moreno (bateria) e Mistheria (teclados). Seu parceiro de longa data, Roy Z, estaria envolvido, mas acabou se desvinculando às vésperas do início da excursão por razões que não foram esclarecidas — daí as entradas de Naslund e Declercq.
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Dos nomes citados, os mais notórios são os de Tanya O’Callaghan e Dave Moreno. A primeira, irlandesa, se notabilizou em especial pelo envolvimento recente com o Whitesnake, em sua turnê de despedida que foi interrompida — e ainda não teve conclusão — devido à saúde do vocalista David Coverdale. Ela também tocou com Dee Snider, Steven Adler, entre outros, além do próprio Bruce, na turnê que celebrou Jon Lord (Deep Purple). Já o segundo, americano, passou pelo Puddle of Mudd e Love/Hate, além do Tribe of Gypsies, liderado pelo já citado Roy Z e responsável por oferecer vários músicos à carreira solo de Dickinson.
O sueco Philip Naslund esteve no Raid, enquanto o suíço Chris Declercq tocou com Blaze Bayley, vocalista que substituiu Bruce no Iron Maiden entre 1994 e 1999. Por fim, o italiano Mistheria é dono de longo currículo: trabalhou com Rob Rock, o brasileiro Edu Falaschi e uma infinidade de projetos que vão de Vivaldi Metal Orchestra a Tower of Babel, além da carreira solo.
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Em trecho de resenha para o site Igor Miranda, o jornalista Guilherme Gonçalves fez a seguinte observação ao acompanhar uma apresentação em Brasília, no dia 27 de abril de 2024:
“Enérgico, provocativo e disposto a tirar o séquito de fãs do Iron Maiden da zona de conforto. Essa foi a tônica de um Bruce Dickinson que, para além da já decantada performance vocal irrepreensível, entregou um show de excelência. [...] Desta vez, com os holofotes apontados não para o Maiden, mas para músicas que, mesmo sem serem contempladas há décadas, envelheceram muito bem e mereciam esse resgate.”
Por sua vez, para o mesmo veículo, Rolf Amaro realizou os seguintes apontamentos em sua crítica do show em São Paulo:
“Nesta turnê inaugural, Bruce Dickinson mostrou, por sua vez, que é uma entidade com vida própria, independente do Iron Maiden. Esse desprendimento ao projeto mais popular é feito para poucos. Um dos que conseguiu isso foi Dave Grohl, que construiu uma carreira que dispensa qualquer associação ao Nirvana para vender discos e ingressos. Ciente e seguro disso, Bruce não tem problema em deixar a banda que o apoia livre. Philip Naslund corre pelo palco, joga palheta a todo momento, interage testa a testa com Tanya O’Callaghan. Mistheria, o tecladista que lembra muito Tuomas Holopainen (Nightwish), corre por todo palco com seu instrumento portátil, muito usado pelo Roupa Nova aqui no Brasil.”
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A segunda edição do The Town teve novidades anunciadas na última quinta-feira (12). Todas elas são referentes ao dia 7 de setembro, chamado de "dia do rock" pelos organizadores.
No palco Skyline, o lendário Bruce Dickinson e os brasileiros do Capital Inicial compõem os shows do dia, ao lado de Green Day, que será o headliner, e Sex Pistols featuring Frank Carter.
O palco The One também traz novas atrações. Além de Iggy Pop (principal atração do espaço) e Pitty, o palco recebe a performance do CPM 22 e o encontro inédito da banda Inocentes com Supla. Vale lembrar que Katy Perry está confirmada para outra data, 12 de setembro.
Em todos os dias, haverá ainda uma apresentação da Esquadrilha Céu, com o momento ‘The Flight’, formado por cinco aviões comandados por experientes pilotos que formarão um ballet no espaço aéreo próximo ao Autódromo de Interlagos. Eles realizarão diversas acrobacias que serão sincronizadas com um show pirotécnico e fumaças cenográficas nas cores que simbolizam o The Town. A atração já esteve no Rock in Rio.
Roberto Medina, presidente da Rock World — empresa que criou e organiza o The Town e o Rock in Rio e produz o Lollapalooza —, afirma em nota:
“Vamos viver cinco dias mágicos em 2025. A Cidade da Música, além de respirar música nos palcos, é um verdadeiro parque de entretenimento, carregada de muita cultura e arte. Uma energia fantástica e que tanto estamos precisando. O espetáculo aéreo da Esquadrilha Céu vai deixar a festa ainda mais emocionante. Vimos os shows arrepiantes que eles fizeram no Rock in Rio e, agora, estamos levando os aviões para São Paulo. Será inesquecível e um marco na história do The Town.”
A partir das 19h do dia 20 de fevereiro de 2025, começam as vendas do The Town Card, que equivale a um ingresso para o gramado, válido para um dia do festival e sem data pré-definida. É uma compra “às cegas”: o público garante presença no evento antes da divulgação completa de todas as bandas e atrações.
Os ingressos serão vendidos exclusivamente online, por meio da plataforma Ticketmaster Brasil (thetown.ticketmaster.com.br). A organização recomenda que os fãs façam o cadastro na plataforma com antecedência, para facilitar o processo.
Na última edição, em 2023, os ingressos do The Town Card esgotaram em pouco mais de três horas. Na ocasião, cerca de 438 mil pessoas finalizaram a pré-venda na fila.
Os membros do clube de benefícios The Town Club terão acesso antecipado a uma pré-venda do The Town Card no dia 13 de fevereiro, às 19h, também pela plataforma Ticketmaster Brasil. Para adquirir o benefício e consultar outras informações, acesse: club.thetown.com.br.
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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.