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Música / Reunião

Como fama e superexposição afetaram o Restart, segundo os músicos

Músicos tiveram que lidar com as consequências da popularidade entre o fim dos anos 2000 e início de 2010

Igor Miranda
por Igor Miranda

Publicado em 04/10/2023, às 09h30

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Restart (por Rodrigo Takeshi)
Restart (por Rodrigo Takeshi)

O Restart se transformou em um fenômeno de popularidade no fim dos anos 2000 e início dos 2010. Seu álbum de estreia, homônimo, recebeu certificação de platina pelas mais de 100 mil cópias comercializadas. Canções como “Recomeçar”, “Te Levo Comigo” e “Pra Você Lembrar” entraram em altas posições nas principais paradas do país. Os shows eram sempre lotados.

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Não há formas de se atingir tamanho êxito na música sem perdas em outros âmbitos. A vida pessoal costuma ser a mais prejudicada: naqueles tempos, Pe Lanza (vocais e baixo), Pe Lu (vocais e guitarra), Koba (guitarra e vocais) e Thomas (bateria) se tornaram celebridades a ponto de não poderem sair na rua sem problemas.

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Restart (por Rodrigo Takeshi)
Restart (por Rodrigo Takeshi)

Pe Lu e Koba refletiram sobre o assunto em entrevista ao G1. O segundo mencionado disse que esse tipo de situação “dá uma pirada na cabeça” — e o período de hiato iniciado em 2013, ainda que oficialmente anunciado em 2015, foi essencial para colocar as coisas no lugar.

“Ninguém está preparado pra ter uma vida superexposta. No começo disso, a gente se divertia muito com o fato de reconhecerem a gente nas ruas. A TV ampliou muito isso. Cada um viveu uma experiência muito particular. Pra mim, foi transformador, de não saber como lidar com isso, era o fato de não poder mais ter uma vida normal, ir aos lugares normal. Passamos por momentos de pessoas quase se machucarem em um shopping pois souberam que a gente estava lá.”

Por sua vez, Pe Lu destacou que a fama é capaz de afastar os artistas da realidade. Por isso, o ideal é buscar estar com os pés no chão o máximo possível.

“A gente não almeja ser celebridade. Em algum nível a gente é, mas esse não é o objetivo da banda. Vou continuar indo na padaria, pagar conta no banco…”

Críticas e especulações

A popularidade do Restart veio acompanhada de críticas e controvérsias diversas. Seja pelo visual chamativo com roupas coloridas e penteados emo, seja pelas músicas “chiclete” sem grande nível de profundidade, a banda de “happy rock” estava sempre na mira dos detratores.

Restart (por Rodrigo Takeshi)
Restart (por Rodrigo Takeshi)

Nesse sentido, um dos episódios mais conhecidos se deu na cerimônia de 2010 do MTV Video Music Brasil (VMB). A banda conquistou cinco prêmios — Artista do Ano, Clipe do Ano, Hit do Ano, Revelação e Pop —, mas era vaiada sempre que ia ao palco para buscar algum troféu.

De forma breve, Koba destacou:

“Aprendemos a ignorar críticas que não eram construtivas muito cedo.”

Já Pe Lu aponta que, curiosamente, não havia tanto ódio em torno da banda. Era muito mais uma tática para gerar engajamento do que sentimento negativo.

“O Restart não foi tão odiada assim. A gente está vendo isso agora. Hoje a gente sabe como ‘hate’ engaja. Quinze anos atrás, já era um pouquinho isso. Acho que a gente erroneamente colocou holofote nisso. Porque a gente sempre teve muito mais apoio.”

Em outra entrevista, ao jornal Folha de S. Paulo, Pe Lu comentou mais um aspecto controverso da existência do Restart: especulações a respeito da sexualidade dos integrantes. A estética adotada pelo grupo ocasionalmente rendia piadas homofóbicas — algo que, segundo ele, acabou os aproximando da comunidade LGBTQIA+.

“As pessoas achavam que estavam desmerecendo nosso trabalho [com essas piadas]. Criamos empatia e compreensão pela luta porque tínhamos muitos fãs da comunidade LGBTQIA+.”

A despedida

A turnê de reunião/despedida do Restart conta com uma série relativamente reduzida de shows anunciados entre outubro deste ano e janeiro de 2024. Os compromissos iniciais serão nos dias 7 e 8 de outubro, no Espaço Unimed — com a primeira data já esgotada. Já no dia 14 do mesmo mês, eles se apresentam na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro — novamente, já sem ingressos disponíveis.

Florianópolis (Arena Opus - 04/11), Porto Alegre (Pepsi on Stage - 11/11), Curitiba (Live Curitiba - 25/11), Goiânia (Arena Multiplace Laguna - 08/12), Brasília (Clube de Engenharia - 09/12), Belém (Espaço Náutico Marine Club - 16/12), Salvador (Armazém Convention - 13/01) e Recife (Classic Hall - 20/01) completam o itinerário do grupo até o momento. Ingressos podem ser adquiridos por meio do site oficial.

Igor Miranda

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.