Vocalista do Twisted Sister compartilhou dura reflexão sobre como pirataria e baixos pagamentos do streaming levaram à ruína da indústria musical
Publicado em 27/07/2023, às 20h30
Desde a facilitação da pirataria na música, no fim da década de 1990, comenta-se sobre os efeitos práticos na indústria de forma geral. Artistas e fãs se dividem entre culpar o mundo virtual (inclusive ferramentas legalizadas, como plataformas de streaming) por sucatear a carreira de quem vive disso e exaltar o ambiente online por permitir o acesso a canções e discos de forma mais democrática.
Dee Snider faz parte do primeiro time. Em uma série de declarações no Twitter, o vocalista do já aposentado Twisted Sister refletiu sobre o tema ao ser apresentado a supostos valores de pagamentos para artistas em plataformas de streaming.
Uma imagem divulgada por um seguidor e compartilhada por Snider aponta que o Spotify, aplicativo mais famoso do ramo, paga US$ 0,00437 (menos de um centavo de dólar) para cada reprodução de música. Os valores não são muito diferentes entre as demais empresas, com apenas duas delas, Napster e Tidal, supostamente chegando a US$ 0,01.
Ao republicar a arte, Dee comentou sobre o valor específico do YouTube, citado como o baixo, sendo alegadamente de US$ 0,00069. “Se um artista for sortudo o bastante para atingir um milhão de reproduções no YouTube, ele consegue US$ 690 (nota da edição: o equivalente a R$ 3,2 mil na cotação atual e em transação direta)”.
So if an artist is lucky enough to get one million plays on YouTube...the get $690. https://t.co/s7jS2MRTp0
— Dee Snider🇺🇸🎤 (@deesnider) July 19, 2023
O cantor do Twisted Sister recebeu uma série de interações de internautas após abordar o tema. Um dos fãs discordou do ídolo ao apontar:
“As pessoas se voltaram para a pirataria porque a indústria basicamente c#ga nos consumidores, forçando você a comprar um álbum com uma única música boa por US$ 20, sendo o resto uma porcaria para preencher o disco, e a coisa toda custou apenas US$ 1 ao estúdio."
A observação foi compartilhada por Dee Snider, que rebateu:
"Seja como for, foi você quem encontrou justificativa para pegar a música e não pagar por ela. Foi você quem decidiu que só gosta de uma música em um disco no qual colocamos nossos corações e almas. O artista é a parte inocente na transação.”
However it happened, YOU justified taking the music and not paying for it.
— Dee Snider🇺🇸🎤 (@deesnider) July 19, 2023
YOU decided you only like one song on a record we poured our hearts and souls into. The artists is the innocent party in the transaction. https://t.co/bceTcCVKiH
O tema seguiu em debate. Snider comentou que, no alto de seus 68 anos, não pretende pleitear por mudanças em seu favor. A trajetória do artista já está consolidada. Seu apelo é pensando nos músicos jovens que não tiveram as mesmas oportunidades na indústria.
“Recebemos um valor de m#rda com o streaming. Mas não estou reclamando de mim. Tenho me saído bem. Estou defendendo as novas bandas. Aquelas que não ganham dinheiro exceto com turnês e produtos de merchandising, E as gravadoras agora também recebem uma parte disso! Os artistas precisam receber mais por suas reproduções nas plataformas de streaming!”
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.