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Música / ECONOMIA

A curiosa razão pela qual o Van Halen aceitou David Lee Roth como vocalista

Qualidades e posse de algo específico garantiram a entrada do cantor, que ajudou banda a revolucionar o rock a partir do fim dos anos 1970

Igor Miranda (@igormirandasite)
por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 13/11/2024, às 20h52

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David Lee Roth (Foto: Astrid Stawiarz/WireImage)
David Lee Roth (Foto: Astrid Stawiarz/WireImage)

Fãs discutem até hoje se o Van Halen era melhor com David Lee Roth ou Sammy Hagar, mas fato é que o primeiro citado foi o vocalista original. Por outro lado, a história de sua entrada para a banda pouco tem a ver com seus talentos artísticos.

O americano descendente de russos e lituanos começou sua trajetória na música cantando em um grupo de R&B chamado Red Ball Jets. Na mesma época, surgiu o Mammoth, projeto embrionário mais orientado ao hard rock formado pelos irmãos neerlandeses Eddie (guitarra, na época também vocalista) e Alex Van Halen (bateria), além de Mark Stone (baixo).

Quis o destino que Roth, nascido em Bloomington, Indiana, Estados Unidos, e os Van Halen, originários de Amsterdã, Países Baixos, estivessem em Pasadena, na Califórnia, também EUA, no começo da década de 1970. Naqueles tempos, as pessoas na verdade se planejavam para cair fora da cidade, que hoje tem pouco mais de 138 mil habitantes.

O contato inicial entre Diamond Dave, como o cantor também ficaria conhecido, e a dupla Eddie e Alex se deu porque o Mammoth alugava o sistema de som do Red Ball Jets para realizar seus shows. Os relatos a respeito do preço variam: há quem diga que custava 10 dólares por noite, mas o baterista afirma que eram 20 dólares.

Sim, o valor era importante, pois, segundo Alex, David foi convidado para se juntar ao Mammoth — futuramente Van Halen — porque eles queriam economizar dinheiro. Afinal de contas, se o dono do som também é o vocalista, ao menos não precisava pagar pelo equipamento.

David Lee Roth entra para o Van Halen

A história, datada de 1974, foi recordada recentemente por Alex Van Halen em entrevista a Ariel Levy (via Ultimate Guitar). O baterista conta que David Lee Roth foi recusado em alguns testes para entrar no grupo antes de, enfim, ser efetivado.

Inicialmente, ele relembra:

Precisei entrar em uma disputa com Ed [pois havia discordâncias a respeito de Roth entrar ou não]. Mas a maneira como tomávamos decisões é: se um de nós quer e o outro não, então não fazemos. Se estivéssemos de acordo, então faríamos. Éramos equitativos.”
David Lee Roth e Eddie Van Halen em 1984 (Foto: Paul Natkin/Getty Images)

Dadas as circunstâncias, não havia muito o que fazer. Roth era o cara. Alex reforça que “todo mundo estava indo embora da cidade” e “eram raras as pessoas que levavam música a sério”. Mesmo com as fracassadas audições anteriores, os irmãos foram à casa do cantor para lhe propor mais uma tentativa. Afinal, doía no bolso continuar daquela forma.

Estávamos fazendo shows e pagando muito dinheiro para usar seu som. Isso simplesmente não fazia sentido para mim. ‘Ed, por que pagamos a ele 20 dólares por noite para usar o som? Se ele estiver na banda, podemos economizar 20 dólares’. Você tem que combinar tudo, cara. Você tem que fazer as coisas funcionarem.”

O último teste

A audição final de David Lee Roth para entrar no Mammoth — futuro Van Halen — deu certo também por outro elemento. Mais um que não tinha nada a ver com música. Alex comenta:

Encurtando a história: bebemos algumas doses disso e daquilo, e ele foi muito divertido, articulado e convincente sobre estar na banda. No fim da noite, Ed e eu falamos exatamente: ‘sim, você está dentro’.”

Roth, que inegavelmente evoluiu como cantor nos anos seguintes — embora sua substituição por Sammy Hagar tenha sido cogitada já em 1977 pelo produtor Ted Templeman — garante que foi ele próprio o responsável por sugerir a mudança do nome da banda. De Mammoth, passou a ser Van Halen, com inspiração no grupo Santana de Carlos Santana.

A peça final da engrenagem seria encontrada pouco tempo depois. O trio estava insatisfeito com as limitações de Mark Stone no baixo e o substituíram por Michael Anthony — que, além de se dar melhor com o instrumento, oferecia backing vocals agudos e poderosos. O resto é história. Uma história de mais de 80 milhões de discos vendidos, shows lotados em arenas por todo o planeta e uma influência que permeia o rock até os dias de hoje.

+++LEIA MAIS: Van Halen: as críticas de David Lee Roth a Sammy Hagar e Wolfgang Van Halen

Igor Miranda (@igormirandasite)

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.