Rapper carioca aborda seu amadurecimento musical e parcerias com IZA, MC Cabelinho e Lukinhas
Redação Publicado em 10/10/2024, às 19h38
No cenário do rap brasileiro, Delacruz surge com seu mais recente projeto, Vinho, um álbum que mistura Neo Soul, R&B e Rap em uma sonoridade refinada e madura. Com oito faixas, o disco traz colaborações de artistas como IZA, MC Cabelinho e Lukinhas, e reflete uma nova fase na carreira do rapper carioca. Em Rolling Stone Brasil exclusiva, Delacruz compartilhou seu processo criativo, as inspirações por trás do álbum e a transição para uma estética mais simplificada e instrumental.
Rolling Stone Brasil: Você mencionou que Vinho representa uma nova fase na sua carreira, marcada por uma sonoridade mais madura. Como foi o processo de transição para essa nova estética musical?
Delacruz: Acho que a transição começou a partir das mudanças que vi no mercado. Nos últimos anos, surgiram novas tendências, timbres e intenções musicais que comecei a explorar. Mas o principal foi a busca por simplificar, sem perder a musicalidade. Eu prezo muito por isso. Vinho traz essa simplicidade nos arranjos e nas letras, mas com um olhar mais refinado. Quis fazer algo que eu realmente gosto de ouvir, mas que também conversa com o que o mercado pede hoje.
Rolling Stone Brasil: O álbum tem uma pegada instrumental forte, com destaque para a banda e melodias mais simples. Como você equilibrou isso com a eletrônica e o R&B que aparecem no disco?
Delacruz: A ideia foi justamente encontrar um equilíbrio. Meu último álbum era bem orgânico, cheio de instrumentos, enquanto Vinho é mais eletrônico, mas sem perder a essência. A gente queria reduzir ao necessário. Músicas como "Tão Bem" trazem sax e metais, mas a maioria das faixas tem uma estética mais leve, mais clean. Esse equilíbrio entre eletrônico e instrumental foi difícil de encontrar, mas conseguimos manter a alma do projeto intacta.
Rolling Stone Brasil:Vinho traz parcerias importantes com artistas como IZA, MC Cabelinho e Lukinhas. Como foi trabalhar com esses nomes?
Delacruz: Foi um processo muito natural. Eu já conhecia a maioria dos artistas, então foi tranquilo. O único que eu não tinha trabalhado antes era a IZA, e ela me surpreendeu demais. Ela disse que já acompanhava meu trabalho, que era fã, e isso facilitou muito. Ela trouxe uma energia incrível para a faixa "Afrodite", que já é um sucesso, com mais de 15 milhões de plays. Cada artista contribuiu de uma maneira única para o álbum. O Lukinhas, por exemplo, na faixa "Último Romântico", trouxe esse mix de samba com pagode urbano que é uma homenagem ao MC Marcinho. Ele é como um irmão pra mim, e essa conexão se reflete na música.
Rolling Stone Brasil: O que te motivou a chamar o álbum de Vinho? Há uma metáfora por trás do título?
Delacruz: O nome Vinho vem dessa ideia de maturação. Assim como o vinho melhora com o tempo, eu sinto que cheguei em um ponto da minha carreira onde meu som está mais maduro, mais apurado. É um reflexo do meu crescimento como artista. Quis trazer uma musicalidade só com o essencial, sem excessos, e isso fica claro em faixas como "Perdendo o Juízo", uma releitura de um som da Flora Matos. Tudo foi pensado para ter essa simplicidade refinada, mas sem perder a essência do que eu sempre fiz.
Rolling Stone Brasil: Como você vê o impacto de Vinho na sua carreira e na cena do rap brasileiro?
Delacruz: Eu sinto que Vinho é um divisor de águas na minha trajetória. É um álbum que reflete meu amadurecimento, mas também traz inovações. Acho que ele mostra um lado mais completo do meu trabalho, tanto nas letras quanto nas produções. O feedback que estou recebendo é muito positivo, e acredito que esse projeto vai abrir novas portas, tanto pra mim quanto pra cena urbana brasileira. Estou feliz com o resultado e ansioso para ver até onde ele pode chegar.
Avaliação: 4 de 5
Com Vinho, Delacruz explora uma nova faceta artística que equilibra simplicidade e sofisticação, trazendo frescor ao cenário do rap nacional. Em suas oito faixas, o disco explora um equilíbrio entre arranjos minimalistas e uma produção mais eletrônica, mostrando que o rapper carioca não apenas acompanhou as mudanças do mercado, mas também soube adaptar-se às novas tendências sem perder sua identidade. Vinho pode ser descrito como uma obra madura, que equilibra a acessibilidade das melodias com a complexidade estrutural dos arranjos. Há uma busca clara por uma sonoridade que se aproxime tanto do público leigo quanto dos ouvintes mais exigentes. O uso de elementos eletrônicos, combinado com instrumentos tradicionais como sax e metais, confere ao álbum uma riqueza de texturas que, embora sutis, enriquece a experiência auditiva.
O álbum já está disponível nas principais plataformas de streaming.
