Cantor e compositor foi diagnosticado com tremor essencial, problema de saúde muito confundido com Parkinson
Publicado em 01/09/2023, às 11h00
Djavan está entre os maiores cantores e compositores da música brasileira. Na ativa desde o fim da década de 1960, o artista de 74 anos não se vê aposentado — mesmo lutando contra um distúrbio que afeta seus movimentos.
Um diagnóstico apresentado no fim de 2022 mostrou ao cantor que ele estava com tremor essencial. De acordo com o Ministério da Saúde, trata-se de um “distúrbio neurológico do movimento que geralmente afeta as mãos, mas que também pode afetar a cabeça, a voz e as pernas”. Muitas vezes é confundido com a doença de Parkinson, vale destacar.
Ainda segundo o órgão, “não é uma doença fatal, mas prejudica a qualidade de vida das pessoas”. Tarefas comuns do dia-a-dia se tornam mais complicadas. E isso poderia representar uma “sentença” de aposentadoria compulsória a um artista que, durante toda a vida, esteve em total controle de seus movimentos.
Em depoimento à repórter Amanda Péchy para a revista Veja,Djavan abriu o jogo sobre sua condição atual. Ele revelou, por exemplo, que o tremor em seu caso atinge a cabeça, “uma agonia”. Apesar disso, suas atividades na música continuam a pleno vapor.
“Aos 74 anos, continuo ativo. Acabo de voltar de uma turnê na Europa e nos Estados Unidos, onde divulguei meu novo álbum, D, e passei por dezessete cidades. Com uma vida assim, preciso estar bem e sigo lutando, de forma disciplinada.”
Mas como Djavan conseguiu controlar a doença — que, ele reforça, não é Parkinson? O astro revela que, além de tomar um medicamento diário, ele precisou passar por uma mudança de hábitos. Seu caso não é genético: está associado a “falta de sono e estresse”, culpa dos anos trabalhando na noite e construindo uma rotina nada diurna.
“Passei a cultivar uma rotina mais regrada, à base de alimentação saudável, muita água e, no mínimo, oito horas de sono à noite. Foi uma transformação radical. Sempre dormi de madrugada. Comecei a carreira musical trabalhando em boates, chegava em casa às 5h30 da manhã. Também me acostumei a escrever canções quando as pessoas estavam na cama. Era o período em que me vinha mais inspiração. Hoje, brinco que a madrugada não é mais a senhora do meu destino. Não cometo mais loucuras que tragam prejuízo à saúde. Meu médico tem inclusive me elogiado pela obediência, até em relação às recomendações mais rígidas. Não perco uma consulta.”
O cantor e compositor destacou que, a essa altura da vida, sente-se mais confiante em recusar algumas ofertas. Isso lhe permite controlar sua rotina, de modo que permaneça saudável.
“Administro melhor minha carga horária, normalmente pesada por concentrar as funções de compositor, cantor, arranjador, produtor e diretor de meus álbuns. A cada três fins de semana de trabalho, por exemplo, reservo alguns dias para descansar e passar um tempo de alta qualidade ao lado da minha família. Longe de mim querer ditar uma regra que se encaixe para todos. Para mim, essa estratégia tem funcionado. A ideia é me manter bem e prolongar a carreira o máximo que puder. Não é hora de parar.”
O relato completo pode ser lido no site da revista Veja. Em 2023, Djavan estará na estrada até o início de dezembro, quando realizará duas apresentações no Vibra, em São Paulo.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.