ENTREVISTA

Ego Kill Talent abre o jogo sobre abrir tantos shows internacionais: ‘nada de mão beijada’

Banda nacional que mais tocou no Allianz Parque até hoje diz trabalhar muito para que oportunidades cheguem e garante: nem sempre consegue ser escalada

Igor Miranda (@igormirandasite)

Ego Kill Talent em 2025 (E-D): Theo van der Loo, Niper Boaventura, Emmily Barreto, Raphael Miranda, Cris Botarelli
Ego Kill Talent em 2025 (E-D): Theo van der Loo, Niper Boaventura, Emmily Barreto, Raphael Miranda, Cris Botarelli - Foto: Daniela Toviansky

Desde seus primeiros anos, o Ego Kill Talent tem estado presente em grandes festivais dentro e fora do Brasil, além de ter ficado a cargo de abrir grandes shows internacionais. O que foi visto inicialmente como um grande feito, agora, tem sido alvo de críticas nas redes.

Em nosso país, o grupo formado em São Paulo tocou antes de nomes como Korn (2017), Foo Fighters (2018), Metallica (2022), Evanescence (2023), Linkin Park (2024) e System of a Down (2025). Também foram escalados para festivais como Maximus Festival (2016), Lollapalooza (2016, 2018 e 2022) e Rock in Rio (2019).

No exterior, integraram o lineup de eventos norte-americanos e europeus como Rock am Ring / Rock im Park (2018 e 2022), Download France (2017 e 2018), Hellfest (2022), Graspop Metal Meeting (2022), Aftershock (2022), Louder Than Life (2022). Ainda, excursionaram junto a Within Temptation, Shinedown e ao System of a Down.

Por transitar em grandes eventos, o Ego Kill Talent acumula alguns feitos curiosos. De acordo com a base de dados Setlist.fm, a banda é a segunda atração que mais se apresentou no Autódromo de Interlagos (cinco vezes, atrás apenas de Alok com seis) e a terceira que mais subiu ao palco do Allianz Parque (oito vezes; atrás de Paul McCartney, com 16, e Chris Holmes, o DJ de McCartney, com nove).

Em meio a piadas e críticas, os integrantes — Emmily Barreto (voz), Theo van der Loo (guitarra), Niper Boaventura (guitarra), Cris Botarelli (baixo) e Raphael Miranda (bateria) — garantem estar trabalhando duro para ter oportunidades assim. Em entrevista à Rolling Stone Brasil, horas antes do show com o System of a Down no domingo, 11, os músicos explicaram que as chances aparecem devido ao empenho, revelaram que os artistas internacionais são responsáveis por escolher suas atrações de abertura e garantiram que nem sempre conseguem ser escalados para grandes eventos.

Theo van der Loo, inicialmente, comenta:

“Isso é muito fruto de um trabalho. Nada acontece de forma fácil, nada é dado de mão beijada. Imagino que se decidíssemos fazer uma trupe de teatro, estaríamos fazendo peças, talvez com atores maiores que a gente também, porque nos esforçamos. O fruto desse esforço acaba vindo com ter oportunidades. Além disso, teve muitas turnês que a gente tentou abrir e não conseguiu. As pessoas não sabem, né? Nos esforçamos quando vemos que há uma oportunidade. Mandamos material e entramos em contato.”

Por sua vez, Raphael Miranda afirma:

“Uma banda desse porte [como o System of a Down], quando vai escolher uma banda para abrir sua turnê, seu show, ela vai ser bem criteriosa com uma série de coisas: qualidade da música, dos músicos, organização, a equipe dessa banda. Isso tudo contou muito para conseguirmos. Se Metallica, Foo Fighters, Queens of the Stone Age, Linkin Park e System of a Down te chamarem para abrir a turnê deles, o que você vai dizer? Achamos que todos devem ter oportunidade e estamos abraçando as nossas.”

Ego Kill Talent e John Dolmayan

Há de se destacar, ainda, que o Ego Kill Talent tem uma conexão direta com o System of a Down, a ponto de o baterista da banda armênio-americana, John Dolmayan, ter gravado uma música com eles: “Thousand Nails”, de 2021. A amizade é próxima a ponto de Dolmayan, fã confesso, dar palpite até no nome do grupo brasileiro.

“Rapha e eu temos uma relação com John e o Serj [Tankian, vocalista] desde antes do Ego Kill Talent. Eles estão entre as 10 primeiras pessoas que ouviram as demos do Ego Kill Talent em 2014. No último ano, nos falamos quase diariamente por WhatsApp, telefone. E o John opina muito nas nossas coisas. Ele insiste para colocarmos um ‘S’ no ‘Kill’ [e virar ‘Ego Kills Talent’]. Já o Shavo [Odadjian, baixista] acha que não. Quando lançamos o clipe de ‘Reflecting Love’, ele ligou só para dizer que o figurino estava bem melhor e diferente: ‘tá muito melhor do que todo mundo de preto no palco’.”

 
 
 
 
 
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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Começou em 2007 a escrever sobre música, com foco em rock e heavy metal. É colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022 e mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, revista Roadie Crew, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram e outras redes: @igormirandasite.
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