Na cinebiografia de Elvis, o Rei do Rock é visto inúmeras vezes ao lado de B.B King, mas especialistas dizem que a amizade não passa de atuação
[ATENÇÃO: Contém spoilers de Elvis]
A cinebiografia de Baz Luhrmann mostra o retrato real da vida e ascensão de Elvis Presley (Austin Butler) à fama e o relacionamento complexo do cantor com o empresário coronel Tom Parker (Tom Hanks). Na produção, o Rei do Rock é visto inúmeras vezes ao lado de B.B King, mas especialistas dizem que a amizade não passa de atuação.
O filme apresenta o jovem Rei do Rock saindo com a lenda do blues B.B King, e o filme gerou um debate sobre a verdadeira história por trás dos dois ícones. Nesse cenário, alguns alegam que Elvis se apropriou das canções da comunidade negra.
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Conforme mostrado no longa-metragem, Elvis Presley cresceu em uma comunidade pobre e predominantemente negra em Tupelo, Mississippi, onde recebeu a inspiração e influência musical da comunidade, além do contato com o gospel. Em 1948, aos 14 anos, o músico e sua família mudaram-se para Memphis, onde começou a fazer covers do que era conhecido à época de black music.
Dos 14 aos 18 anos, Elvis viveu com a família em Lauderdale Courts, um complexo de apartamentos onde podia caminhar até a Beale Street, rua conhecida por ser ponto de encontro de grandes artistas do blues e jazz. No filme, é em Beale Street que Elvis se encontra com B.B King pela primeira vez.
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As cenas mostram que os músicos não seriam apenas amigos, mas confidentes, e B.B King seria uma das únicas pessoas a ser honesta com o Rei do Rock. No entanto, apesar de frequentarem os mesmos círculos e terem respeito mútuo pelo trabalho um do outro, ambos não passavam de colegas licenciados pela Sun Records.
B.B King contou em uma entrevista com o jornalista Charlie Rose, feita em 1996, que Elvis "geralmente estava no estúdio praticando, com frequência" e teria assistido algumas vezes as gravações do cantor de blues, mas nunca chegou a questioná-lo o porquê. Na conversa, elogiou o trabalho do colega, mas não houve menção sobre uma profunda amizade.
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No entanto, anos depois, King comentou sobre a afinidade que sentiu com Presley por ambos terem nascido "pobres no Missisippi, passarem por uma infância pobre e aprenderem a conquistar seu próprio caminho através da música" em entrevista à San Antonio Examiner. A afirmação de King feita em 2010 mostra que, possivelmente, o parentesco e luta mútua fomentou uma amizade entre os artistas.
Não é exclusivo do negro ou do branco ou de qualquer outra cor. É compartilhado em e por nossas almas. Eu disse isso a Elvis uma vez, e ele me disse que se lembrava que eu lhe disse isso, é que 'música é como água. A água é para cada pessoa viva e cada coisa viva.'
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Ainda na entrevista, King fala com carinho sobre as apresentações que realizaram juntos, dizendo costumarem acabar na suíte de Elvis após os shows, conversando e tocando música. "Eu tocava Lucille (sua guitarra) e cantava com Elvis, ou nos revezávamos. Naquele momento, éramos os Blues Brothers originais porque aquele homem conhecia mais músicas de blues do que a maioria no ramo", detalhou o artista.
Com os comentários controversos da relação entre Elvis Presley e B.B King, não fica claro se os artistas tiveram, de fato, um laço estreito de fidelidade e confiança para além da carreira, como é mostrado na cinebiografia de Baz Luhrmann.