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Música / Review

Em 'Dark Matter', Pearl Jam volta a ter sonoridade grunge, mas longe da angústia que os projetou

No 12º álbum, a banda volta à ativa com sonoridade contemporânea, descrita como 'explosão de inspiração'

Wallacy Ferrari (@wallacy) Publicado em 19/04/2024, às 17h14

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Pearl Jam (Foto: Danny Clinch)
Pearl Jam (Foto: Danny Clinch)

Uma pandemia mundial distancia o novo álbum do Pearl Jam de seu penúltimo lançamento, 'Gigaton', lançado em março de 2020, mês marcado pelo mundo interrompendo suas atividades. Pearl Jam não ficou de fora e, junto de todo o mercado fonográfico, mudou planos de divulgação e cancelou shows. 

Quatro anos depois, o 12º disco de estúdio da banda de Seattle, 'Dark Matter', acende o combustível guardado ao longo dos últimos anos pelo conjunto, que já anuncia datas de apresentações e, para lançar o novo trabalho, promoveu listening parties por todo o mundo, incluindo no Brasil, onde a Rolling Stone esteve presente e ouviu na íntegra antes mesmo do lançamento. A espera depois do período longe dos palcos fez com que o grupo voltasse de maneira enérgica, gravando o novo disco em apenas três semanas, no moderno estúdio Shangri-La, do produtor Rick Rubin, na Califórnia. 

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O retorno em grande estilo de um dos últimos ícones ativos da cena grunge contou também com ares joviais; o produtor é Andrew Watt, de 33 anos — mesma idade do primeiro disco da banda em 2024, 'Ten', lançado meses após o nascimento do norte-americano. Produtor do Ano no Grammy de 2021, supervisionou o conjunto no que descreveram, no site oficial, como uma “explosão de inspiração”.

Tal explosão é audível nas canções do disco, mas longe de letras angustiadas que consagraram a banda; a própria faixa-título usa acordes em tom maior para propor uma reflexão sobre a ignorância, a ausência de empatia e intolerância nos dias atuais, mas sem Vedder entoar gritos de doer as cordas vocais em nenhum momento do novo projeto.

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React, Respond’ e ‘Running’ também resgatam a sonoridade animosa, compatível com a identidade visual do álbum, com caleidoscópios formando desenhos de luz na capa e nos visualizers da banda, exibidos em cinemas pelo mundo como parte do material de divulgação. Boa parte das composições abordam o interesse na reconstrução do senso de civilidade na humanidade, com a palavra ‘love’ presente na maioria das composições. Mike McCready também dá seu gosto, visto que há solos de guitarra em quase todas as faixas.

Em ‘Wreckage’, o ritmo desacelera, mas ainda mantendo compassos pares na bateria de Matt Cameron, que pode se destacar negativamente para fãs mais antigos da banda. No álbum, a mixagem fez o instrumento ganhar uma sonoridade mais profunda, reverberada e menos estourada, sendo bem menos explosivo e agudo quando comparado aos trabalhos anteriores. ‘Something Special’ e ‘Setting Sun’, que fecha o disco, se destacam como faixas acolhedoras e reflexivas.

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Em 48 minutos, ‘Dark Matter’ emula um rock de garagem sem deixar de lado as limitações de um conjunto já dinossauro do gênero, compondo o Rock n’ Roll Hall of Fame, mas também enaltecendo que o refinamento e/ou a consagração não necessariamente torna os membros do Pearl Jam intocáveis — mas ainda interessados em agradar velhos fãs e atrair novos com uma roupagem moderna.