"Meu parceiro Belchior" contará detalhes da amizade entre os grandes nomes da música brasileira
Com mais de 30 álbuns lançados, Raimundo Fagner se prepara para divulgar Meu Parceiro Belchior (2022), disco em homenagem ao cantor e compositor Belchior, que contará a trajetória dos grandes nomes da música brasileira. O álbum estará disponível em todas as plataformas de áudio na sexta-feira, 14.
Das 12 faixas, oito são parcerias de Fagner com Belchior, que faleceu em 2017. As faixas "Posto em Sossego" e "Alazão" foram encontradas nos arquivos da censura pelos pesquisadores Renato Vieira e Marcelo Fróes, após uma longa busca no acervo virtual do Arquivo Nacional. "Bolero em Português", que a dupla escreveu para Angela Maria, mas a cantora acabou não gravando, também está inclusa no álbum.
Surpreende que oito canções deem conta da obra completa da dupla. O número, modesto para uma parceria iniciada no início dos anos 1970, é um atestado da relação conturbada que tiveram, mas que jamais impediu a admiração mútua pela arte, frisa Fagner para a Folha Ilustrada.
Ele [Belchior] chegou a me procurar [para uma reaproximação], mas eu, cabeça dura, não fui. Lamento por a gente não ter feito mais música. Fica a frustração. Os filhos dele falaram que me mandariam poemas dele que eu gostaria de musicar.
A admiração data da primeira vez que Fagner o viu, em 1968, num festival do qual os dois participaram em Fortaleza. "Eu acabei ganhando, mas minha música preferida era a dele. Fiquei encantado. Aliás, devia ter gravado essa canção, ‘Espacial’, neste disco. Vou ter que fazer um volume dois", diz, entre risos.
A voz de Belchior na canção "A Palo Seco", gravada em 1976, foi utilizada por Fagner para o disco de homenagem. A canção é uma das quatro faixas que Belchior não assina com Fagner, que integram as faixas descobertas de Renato Vieira e Marcelo Fróes. As outras são "Paralelas" (ao vivo, extraída do mesmo show de onde saiu o registro de "Mucuripe" que se ouve no disco), "Na Hora do Almoço" (vencedora do Festival Universitário de Música Brasileira, em 1971, um marco da chegada do Pessoal do Ceará) e "Galos, Noites e Quintais".