MÚSICA

Filho de Elis Regina descarta uso de holograma em shows da cantora: 'O olhar não está ali'

João Marcello Bôscoli afirma que tecnologia atual não transmite emoção

Aline Carlin Cordaro (@linecarlin)

Publicado em 26/03/2025, às 12h59
Elis Regina (Foto: publicada no livro Furacão Elis, cedida à Rolling Stone Brasil pela Editora LeYa)
Elis Regina (Foto: publicada no livro Furacão Elis, cedida à Rolling Stone Brasil pela Editora LeYa)

O produtor musical João Marcello Bôscoli, filho de Elis Regina, descartou o uso de hologramas em qualquer projeto artístico relacionado à cantora. A declaração foi dada à CNN Brasil, às vésperas do evento Elis 80, que acontece nesta sexta-feira (28), no Espaço Unimed, em São Paulo, para celebrar os 80 anos de nascimento da artista.

Diante de especulações sobre o uso de inteligência artificial para reconstruir a imagem de Elis no palco, Bôscoli esclareceu que a tecnologia será utilizada apenas na restauração de materiais antigos.

A gente nunca usou e nunca usará, no catálogo da Elis, as ferramentas de inteligência artificial para a área criativa”, afirmou.

Segundo ele, a família já recebeu propostas para recriar Elis por meio de hologramas, mas rejeitou os projetos por considerar que a tecnologia não transmite a presença da cantora. “O olhar não está ali”, disse João. Ele ainda afirmou que só consideraria o uso da tecnologia se, no futuro, a holografia conseguisse reproduzir com fidelidade a expressividade da artista.

Apesar disso, a família autorizou o uso de inteligência artificial em um projeto anterior: o comercial “Gerações”, da Volkswagen, lançado em 2024. Na peça, Elis apareceu cantando “Como Nossos Pais” ao lado da filha Maria Rita, com ajuda de ferramentas de deepfake. A campanha gerou debate sobre os limites éticos do uso da IA, inclusive com a abertura de uma representação no Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária).

João relembrou que o comercial teve repercussão internacional.

Dei mais de 50 entrevistas para veículos como The Guardian e New York Times”, contou.

Ele também afirmou que o projeto impactou positivamente a audiência e o faturamento da obra de Elis.

A audiência entre as pessoas mais novas também cresceu”, declarou.

No evento Elis 80, a tecnologia de IA será utilizada apenas na limpeza de áudio e no isolamento da voz da cantora em gravações históricas. Para João Marcello, a presença da mãe no palco seguirá sendo subjetiva:


Se você quiser ver a Elis, vai ter que fechar os olhos”, afirmou.