Firewing amplia estruturas e foca na cultura armênia em momento atual do grupo
Banda formada nos Estados Unidos apresenta novos ares musicais e líricos ao symphonic metal
Redação Publicado em 14/03/2023, às 16h05
Elementos sinfônicos e orquestrados, aliados ao peso do heavy metal, é uma antiga fórmula, que segue conquistando adeptos em todo o mundo. Formada nos Estados Unidos pelo músico Caio Kehyayan, a banda Firewing chamou a atenção ao trazer narrativas líricas densas, resultando em um grande retorno ao seu álbum de estreia, Resurrection (2022).
Seu surgimento veio de um jovem guitarrista que buscava aprimoramento musical e uma maneira de se expressar. “Aos 16 anos, criei o conceito da dualidade entre Ember e Vishap. Com isso, compus a primeira música de minha vida: ‘Resurrection’. No ano seguinte, ingressei na Berklee College of Music e terminei a composição do disco de estreia”, conta.
Expandindo o symphonic metal, “Resurrection” obteve grande receptividade, pela música e temática complexas, que giram em torno de uma história sobre duas criaturas místicas lendárias, Vahagn e Vishap, que são as raízes da vida e da criação de toda a humanidade.
Capitaneada por Kehyayan, o grupo se mostrou muito colaborativo, ao trazer, no primeiro álbum, convidados especiais como Bill Hudson (NorthTale), Jenn Sakura e Haydée Irizarry (Aversed, Carnivora). Agora, dão um novo passo ao reformular suas estruturas.
Mesmo com os bons resultados, seguiram trabalhando, e entraram 2023 com o single, “Time Machine”, uma regravação, agora com o novo vocalista, Jota Fortinho. “Ela foi a canção mais aclamada pelos fãs. Reúne os nossos principais elementos, pois relata o despertar de Vahagn - um grande guerreiro e rei da dinastia armênia do século V d.C., receptáculo dos poderes ancestrais de Ember (Fênix da esperança) que, movido pela angústia de perder o amor da sua vida em um ritual sombrio realizado por Vishap (dragão das trevas da mitologia armênia), busca transmutar sua alma por meio da meditação, para acessar o portal do passado e reencontrar e reconstruir sua antiga realidade”, esclarece Caio.
“Esta música foi a escolhida para ser relançada com os vocais do Jota, pois representa o real significado de uma máquina do tempo: o recomeço de uma nova jornada”, completa.
A relação do guitarrista e da própria Firewing com a cultura armênia é bastante sólida. “Homenagear esse povo é o propósito da minha trajetória. Minha ligação vem dos meus ancestrais, que fugiram da Armênia em decorrência do ‘massacre armênio’, ocorrido entre 1915 e 1917, deixando mais de 1,5 milhão de mortos. Hoje, há mais armênios espalhados pelo mundo do que no próprio país”, reflete.
Esta relação profunda é ecoada em “Last Gasp”, que traz novos lados ao espectro musical do conjunto, mesclando sons e versos. “A estrutura desta composição foi baseada em cenas cinematográficas, se aproximando da configuração de um curta-metragem, e traz uma imersão completa à primeira grande guerra entre os Eons (seres que possuem a chama da vida) e Vishap, detalhando o momento que o mesmo realiza o ‘ritual da morte eterna’, com a ajuda de Hades, deus da morte da mitologia grega. Ele maximiza seus poderes de absorção das almas e todas as absorvidas ficam presas dentro do Cristal Sagrado, que as mantém aprisionadas pela eternidade, alimentando sua obscuridade”, revela.
Por mais que aposte em uma vertente mais rebuscada do heavy metal, Kehyayan se mostra versátil, sendo inclusive convocado pela banda Vital Remains para atuar ao vivo. Como o som pode se desdobrar em diversos caminhos, transitar por outras visões de mundo lhe trouxe novas visões, que impactaram em seu trabalho.
“A experiência de rodar o mundo com a Vital Remains está sendo muito enriquecedora. Após tocar em vários continentes e países distintos, pude ver de perto como a cultura de outros povos influenciam completamente na sonoridade destas regiões. Ampliou minha perspectiva como compositor, e estas experiências e influências estão imersas em ‘Last Gasp’”, diz.
Assista ao clipe de “Last Gasp”:
Se expandir criativamente é a ordem nesta caminhada. “Estou trabalhando como compositor e maestro do musical americano Rusted Stars, idealizado por Rohan Jain. Estou explorando novas texturas musicais e efeitos sonoros cinemáticos dos mais abrangentes”, orgulha-se.
Criar, compor, gravar e colocar no mercado novas músicas são elementos importantes na carreira de um músico profissional, mas é no palco que se aumenta exponencialmente o alcance de suas obras.
Com isso em mente, a Firewing tem planos traçados: em março, dividem o palco com o grupo finlandês Sonata Arctica, em shows pelo Brasil. Depois disto, Caio vislumbra o processo de criação e gravação de um novo disco. “Entraremos em um extenso período de composição e expansão do conceito. Apresentaremos uma nova geração de personagens oriundos dos protagonistas atuais”, finaliza.
Confira a entrevista da banda no estúdio da Rolling Stone Brasil:
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