Fresno celebra ótima fase pós-Lollapalooza em show explosivo em São Paulo: ‘Maior momento de nossa história’ [ENTREVISTA]

Formada por Lucas Silveria, Gustavo “Vavo” Mantovani e Thiago Guerra, Fresno vive novo auge, que ficou comprovado no show da Audio no último sábado, 4

Felipe Grutter (@felipegrutter)

Publicado em 05/06/2022, às 09h43 - Atualizado em 06/06/2022, às 09h07
Fresno (Foto: Divulgação)
Fresno (Foto: Divulgação)

Após passar momentos sombrios durante pandemia de covid-19, Fresno enfim voltou aos palcos no Lollapalooza Brasil 2022. Mesmo com problemas técnicos e atrasos, a banda gaúcha conseguiu fazer um ótimo show, um dos mais históricos deles, e depois seguiram para uma turnê repleta de apresentações lotadas. Na noite do último sábado, 4, o grupo celebrou essa bela fase com show explosivo na Audio, em São Paulo.

Foi cerca de dois anos sem qualquer tipo de apresentação ao vivo. Na pandemia, a banda formada por Lucas Silveria (vocal), Gustavo “Vavo” Mantovani (guitarra) e Thiago Guerra (bateria) decidiu não fazer lives ou shows drive-in. Fresno fez nada disso porque não contava com uma presença importante: o público. “Tudo que parecia um show era sem a parte mais legal,” afirmou Lucas Silveira em entrevista à Rolling Stone Brasil. “Fizemos nada disso, mesmo com demanda da galera, porque sabíamos que quando voltasse, seria maior que nunca.”

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Lucas estava nem um pouco errado. Além de lotares em outras cidades, o grupo conseguiu esgotar dois dias na Audio, que estava abarrotada de fãs gritando a todos pulmões cada hit da banda no show de sábado. A segunda apresentação acontece neste domingo, mas todos ingressos foram vendidos.

Como o cantor explicou, esse fervor acontece além do fator mundial de ficarmos dois longos anos sem ir para show: “Teve um fator dentro da Fresno de uma espécie de saudosismo, de fãs nossos que às vezes não acompanhavam os shows e passaram a fazer isso. Também com momento no qual estamos com as músicas novas, que também deu uma crescida na banda.”

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Os integrantes da banda são bastante estratégicos, e notaram como, quando shows voltassem a acontecer, a procura seria muito grande. “Saquei que quanto mais a gente segurasse, mais f*** seriam os shows,” explicou o cantor. "Tanto que começamos com o Lollapalooza. Queríamos começar com um show que fosse histórico para nós também. Estamos colhendo os frutos aí - nem começamos a colher direito, na verdade -, mas percebemos que a procura de ingresso e tudo em torno da gente está muito maior.”

A partir do festival, Fresno inciou a turnê “Vou Ter Que Me Virar,” a qual leva o mesmo nome do ótimo disco de estúdio lançado em 4 de novembro de 2021. Após passarem por Porto Alegre, Santo André, Santos, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, a banda voltou para São Paulo com um show memorável e uma setlist em que o público cantou com a mesma intensidade e emoção os hits antigos e novos.

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A apresentação começou com uma intro de “Essa Coisa,” mas a música responsável por abrir tudo foi o single “Vou Ter Que Me Virar,” seguida da poderosa “FUDEU!!!”, ambas do álbum novo. “Já Faz Tanto Tempo,” gravada em parceria com Lulu Santos, também foi tocada (sem a presença do músico icônico) e aqueceu ainda mais a noite.

Misturando rock pesado com arranjos mais tranquilos, Fresno também tocou clássicos queridos pelos fãs, como “Manifesto,” “Quebre as Correntes,” "Milonga" e “Cada Poça Dessa Rua Tem um Pouco de Minhas Lágrimas.”

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Além disso, o show ficou bastante intimista em determinados momentos, com apenas Lucas em cima do palco com uma guitarra enquanto tocava versões acústicas de algumas faixas, como “O Resto É Nada Mais (O Sonho de Um Visconde).” A banda encerrou a apresentação com muito estilo com “Revanche.”

O público estava em sintonia com o grupo: batiam palmas, gritavam a todo instante e pulavam. “Já tocamos aqui, mas é sério, nunca pareceu tão cheio,” disse Vavo em determinado momento. “Depois de 23 anos, vivemos o maior momento de nossa história,” exclamou Lucas Silveira.

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Fresno e os fãs

É bastante difícil, em uma carreira de mais de 20 anos, artistas conseguirem uma conexão forte com os fãs, ainda mais após uma pandemia. Mas como Fresno conseguiu isso? “A gente entrava na Twitch,” comentou Silveira. “Por exemplo, não existia Fresno na plataforma, mas tinha gente vendo Gaulês, Casimiro, outros gamers… Aí encontramos nesse universo, o qual ainda é muito gamer, os fãs da banda - e eram muitos.

“O site focado no ‘ao vivo’ é muito simples de se mexer e fazer uma coisa com qualidade,” continuou. Um mês depois de começarem a fazer lives, os integrantes organizaram a Quarentemo, responsável por reunir 100 mil espectadores simultâneos e arrecadar 100 toneladas de mantimentos.

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O grupo também fez um projeto de fazer 100 músicas em 100 dias. No fim, conseguiram cerca de 30, mas conseguiram finalizar 20. Inclusive, algumas delas foram para os discos Inventário (2021) e Vou Ter Que Me Virar.

A volta do emo e estética dos anos 2000

Fresno quase surgiu nos anos 2000, mas foi nesse período no qual a banda ficou conhecida nacionalmente e conquistou uma legião fiel de fãs. Nos últimos anos, a música voltou a ter uma pegada voltada à época. Lucas Silveira tem uma explicação do motivo disso acontecer.

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“A galera está triste de novo. Fora essa parada psicológica, psicossocial, tem com certeza a questão dos revivals,” afirmou. “Hoje em dia, 2000 é tão perto da gente quanto os anos 1970 eram perto dos anos 1990. Lembro de quando as pessoas começaram a usar calça boca de sino, nas festinhas no colégio.”

Para o músico, é algo de “idas e vindas,” além de combinar com esse “momento meio dark na história da galera mais jovem e não tão jovem, que voltou a ouvir o que faz bem. Direto ouço coisa de 20 anos atrás.”

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Como Silveira relembrou, Dindi Hojah, quem trabalhou em direções criativas para a banda, "previu" a volta do emo dos anos 2000 cerca de dois anos atrás. Hojah falou para o músico como a Fresno precisaria estar preparada para este momento. “Ele disse: 'Quando as pessoas olharem para vocês, que vai ser natural, vocês precisarão estar com umas músicas muito fo***."

Fresno se reinventou e renovou bastante nos últimos anos, não se manteve parada e conseguiu essas “músicas muito fo***.” Mesmo ainda colhendo os frutos do Lollapalooza, o futuro da banda parece mais promissor do que nunca.

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