ENTREVISTA | LOLLAPALOOZA 2025

Girl in Red revela aprendizados com Taylor Swift e explica como 'espiral' emocional direcionou música ao pop: 'Descobrindo um novo som'

Norueguesa, que se apresenta pela primeira vez no Brasil, falou com a Rolling Stone Brasil sobre expectativas para o Lolla, influências e saúde mental

Heloísa Lisboa (@helocoptero)

Publicado em 25/03/2025, às 07h00
Girl in Red (Foto: Frank Hoensch/Redferns)
Girl in Red (Foto: Frank Hoensch/Redferns)

A estreia de Girl in Red no Brasil está cada vez mais próxima. Ela desembarca no país neste final de semana para uma apresentação no Lollapalooza e um sideshow do festival acompanhada da banda Inhaler.

Em entrevista online à Rolling Stone Brasil, a cantora preferiu não abrir a câmera para a conversa de apenas dez minutos. No entanto, ela descreveu: "Estou em Oslo. Estou bebendo um café, de boa".

A norueguesa deve trazer um repertório pautado em I'm Doing It Again Baby! (2024), no qual abandonou a melancolia — recorrente nas faixas que a alçaram ao sucesso, como "I Wanna Be Your Girlfriend" e "Summer Depression" —, para "amar estar viva", conforme canta na primeira faixa do disco.

"Acho que o que mudou foi que saí de uma adolescente muito depressiva para, de repente, uma vida totalmente nova, no sentido de que estava socializando, fazendo vários amigos, arrumei uma namorada, um cachorro, um apartamento...", disse Girl in Red, cujo nome verdadeiro é Marie Ulven. "Tantas coisas estavam mudando, e eu tinha essa vida que não tinha antes do primeiro álbum."

Ela acrescentou: "Então, eu acho que essa foi uma das grandes mudanças que me impediram de fazer algo um pouco mais triste". Marie ainda afirmou que, "ironicamente", o período de turnê com seu mais novo álbum corresponde também com um momento em que sua "saúde mental estava em uma espiral". Por isso, ela acredita que os projetos futuros devem se parecer com "as coisas antigas".

Em "I'm Back", a cantora diz: "Estou de volta, me sinto como eu mesma/Eu estive fora por um tempo porque fui buscar ajuda/Não é como se eu quisesse morrer/Pelo menos não agora, eu amo estar viva". A primeira estrofe da canção retrata um período da vida de Marie em que ela estava "muito depressiva" e passou a fazer terapia. "Me afastar das turnês, fazer essa pausa, foi muito importante para minha saúde mental", confessou. 

"Eu saí por um minuto porque fui buscar ajuda. Eu também estava longe de mim mesma, perdi a mim mesma, eu acho", adicionou. "Meu senso de 'eu' era muito vago. Fui embora metafórica e literalmente para me recentrar na minha vida."

Girl in Red retornou para os holofotes com os dois pés na porta. Ela incluiu Sabrina Carpenter em I'm Doing It Again Baby! — reforçando sinais de sua afeição pelo pop. Duas vezes vencedora do Grammy, Carpenter aparece na faixa "You Need Me Now?", na qual Marie e ela formam um "contraste divertido" com suas vozes e mundos musicais de características distintas.

"Algumas pessoas acham bem cringe, outras acham divertido. Eu acho simplesmente irônico e com um toque de brincadeira que eu gosto", afirmou. Por outro lado, a artista demonstrou uma faceta mais sombria e comedida no single "Confessions", lançado em fevereiro deste ano.

Marie também revelou que já tem nomes em mente para possíveis parcerias em novas composições: "Trabalhei com Aaron Dessner antes, mas gostaria de trabalhar com ele de novo. Sinto falta de sair com ele, então quero vê-lo novamente. E eu também acho que seria muito legal trabalhar com a Lorde".

Apesar de Lorde não lançar novidades há quase quatro anos — embora faça publicações misteriosas de tempos em tempos — uma parceria não seria sonhar alto. Em 2023, Girl in Red abriu shows de Taylor Swift na The Eras Tour, que lhe garantiu mais alcance e lições valiosas.

"Aprendi muito na The Eras Tour. Com certeza! A ética de trabalho da Taylor me marcou muito, porque foi tão bom", explicou. "E ela estava trabalhando tão duro, incansavelmente, o tempo todo. Ela fez os melhores shows mesmo quando poderia estar cansada ou ter vivido um dia ruim."

Marie continuou: "Fiz uma espécie de promessa para 2024 de que não cancelaria um show sequer. Eu tentei, mas, infelizmente, houve cancelamentos fora do meu controle. Fora isso, fiz todos os shows com os quais me comprometi".

Ainda que a união com Swift pareça um empurrão óbvio para Girl in Red embarcar no universo pop, a autora de "Midnight Love" garantiu que sempre "amou" o gênero. "E acho que sempre houve um nível de pop na minha música", argumentou. Além disso, Marie afirmou que seu álbum "estava pronto quando estava em turnê com" Swift — "mas Taylor sempre foi uma grande inspiração".

Como minhas habilidades musicais e produção não estavam à altura do meu pop, então tudo soava um pouco mais abafado e menos polido, eu acho. Por um tempo, eu estava fazendo música pop muito pesada, como se estivesse me inclinando para isso. Agora estou meio que descobrindo um novo som que quero seguir, porque eu realmente não sei o que me interessa agora, eu preciso descobrir.

Os shows de Girl in Red no Brasil, marcados para os dias 27 e 28 de março, em São Paulo, "deveriam ter acontecido há muito tempo", disse a cantora, que associou o atraso de sua visita à pandemia de Covid-19.

"Espero que as pessoas possam ver o melhor show da vida delas, que coloquem o sarrafo lá em cima", brincou Marie. "Não sei... Só espero que se divirtam, que sejam noites significativas, tanto no Lollapalooza quanto no sideshow. Estou ansiosa para tomar uma cerveja, um café, jantar e sentir a energia brasileira."