Intérprete do Detonator e de outros personagens, o comediante Bruno Sutter ainda elegeu aquele que acredita ser o melhor de seus personagens
Publicado em 17/02/2023, às 11h00
Formado em 1999, o grupo Hermes e Renato apresentou um estilo bem próprio de se fazer humor. Além da produção de baixo orçamento, as esquetes exibidas na MTV Brasil entre 2000 e 2009 — com um breve retorno em 2013 — traziam sátiras surreais e bem diretas, por vezes fazendo uso até de palavrões e de alguns estereótipos.
Mas será que daria para ter um programa como Hermes e Renato hoje em dia na televisão? Em entrevista ao site Igor Miranda, o comediante e músico Bruno Sutter, que fez parte do grupo até 2012, revelou acreditar que algo do tipo na atualidade seria “difícil”.
Vivemos numa época tão polarizada e quanto mais a sociedade entende seus direitos e evolui, mais o humorista tem dificuldade de satirizar coisas que não são mais satirizáveis.”
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Sutter, que segue colaborando com o grupo de humor por meio da banda Massacration, citou um exemplo de quadro que não poderia existir caso a atração televisiva fosse retomada para os dias de hoje.
“Outro dia passou no Fantástico uma matéria sobre gordofobia. O Hermes e Renato tinha um quadro chamado Banha News, que era sobre gordos. Hoje em dia fica muito difícil imaginar um programa como o Hermes e Renato na TV e até mesmo na internet. Imagino que o Porta dos Fundos deva ter um bom escritório de advocacia para tomar conta de tudo que eles fazem!”
Com o estilo do Hermes e Renato considerado inviável para o momento atual, Bruno Sutter diz que precisou “ressignificar” sua forma de fazer humor. Para isso, deixou que a música se tornasse protagonista de seu trabalho.
“Hoje em dia, resolvi ir mais para o lado musical com humor do que ser um humorista que faz música. Evidencio muito isso no meu programa de rádio. É um programa leve, bem-humorado, que não bate em ninguém, sabe? Acho que meu legado como humorista já está bem-consolidado dentro do que fiz com o Hermes e Renato. A ideia hoje é colher os frutos disso: com os shows do Massacration, a peça do Hermes e Renato, meu programa de rádio, os discos que eu faço e com o Detonator (vocalista do Massacration), que é uma coisa mais direcionada para o público infantil.”
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Sutter aponta que a conexão do personagem que comanda o Massacration com a criançada tem sido cada vez mais forte.
“O que estou fazendo é um trabalho de incentivo à renovação do rock pelas crianças. Todas as terças-feiras tenho um programa de rádio no qual as crianças pedem música. É muito valoroso de se fazer e dá resultado. Um dos últimos shows do Massacration estava lotado de famílias inteiras. Pais com crianças no colo e as crianças cantando as músicas! É uma boa pegada de humor para se fazer atualmente.”
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Embora tenha uma ligação forte com o Detonator, Bruno Sutter escolhe outro de seus personagens como o seu favorito.
“Cada personagem é um filho, mas existem alguns pelos quais tenho um carinho especial, tipo o Padre Quemedo. Virou até meme agora, né? Ressuscitaram o Padre Quemedo por causa do Padre Ken, Kevin, Kelvin… o candidato padre lá. O pessoal falando: ‘o Padre Quemedo está no debate [presidencial]’.”
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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.