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Música / Entrevista

Junior lança sua carreira solo com novo mergulho no universo do pop: ‘Muita influência do que vivi, vi e fiz na vida’

Em entrevista exclusiva ao site Rolling Stone Brasil, Junior conta o motivo para ter ficado tanto tempo longe do pop, sobre o seu estilo musical e suas referências para o álbum Solo Vol. 1

Priscilla Comoti Publicado em 30/10/2023, às 15h11

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Júnior (Foto: Breno Galtier)
Júnior (Foto: Breno Galtier)

O cantor e músico Junior está em carreira solo. Neste domingo, 29, ele lançou o álbum Solo Vol. 1, que conta com 10 faixas inéditas e criadas nos últimos três anos, quando ele decidiu mergulhar na criação de sua carreira. Em uma entrevista exclusiva ao site Rolling Stone Brasil, o artista contou sobre suas referências e o seu estilo musical, que marca o seu retorno ao universo do pop. 

Ao ser questionado sobre como define o seu estilo musical, ele afirmou: “Pop dançante, acredito, mas pop. Não precisa de mais adjetivos. Tem muita influência de muita coisa que eu vivi, ou vi, já fiz na minha vida, mas a essência, no final das contas, é pop”. E as referências são muitas na nova fase da carreira dele, que gosta de ouvir de tudo. 

"Acho que dá para falar mais de estilo do que pessoas específicas, porque eu ouço muita coisa. Lógico que tem alguns artistas que tem um lugar especial no meu coração, mas eu acho que me sinto mais influenciado por gêneros, climas e sensações do que coisas muito específicas. Até porque eu tento não seguir nada para deixar a minha personalidade musical mais evidente, não ficar parecido com ninguém, ter autenticidade. Eu sou uma pessoa que consome muita soul music, muita música antiga de soul, até umas coisas atuais, mas principalmente coisas setenteiras e oitenteiras. Eletrônico também, indie, rock, pop, algumas coisas de pop, o que mais eu ouço são todos esses outros gêneros se juntando na hora de ouvir e nem ouço tanto pop, mas na hora de executar eu me percebo muito pop. Nesse disco tem bastante influência da década de 70, 80 e 90, sem dúvida estão presentes”, afirmou ele. 

Porém, essa não será a estreia dele no universo pop. Durante vários anos, Junior fez parte do universo pop durante a dupla com sua irmã, Sandy, que chegou ao fim em 2007. Ao longo dos últimos anos, ele mergulhou no rock com a banda Nove Mil Anjos e também no eletrônico com projetos como Dexterz e Manimal. Inclusive, ele estava em Manimal com Julio Torres quando decidiu que era a hora de voltar ao pop com o lançamento de sua carreira solo. A decisão de seguir a carreira solo surgiu após a turnê Nossa História, que ele fez ao lado de Sandy para celebrar os 30 anos da dupla Sandy e Junior em 2019. O projeto pontual mexeu tanto com ele, que passou a ver que estava ali, no pop, o que sentia falta durante tanto tempo. 

Agora, ao ser questionado sobre o motivo para ter ficado tanto tempo afastado do pop para voltar a esse universo agora, ele definiu como uma fase importante de amadurecimento. “Eu acho que foi o tempo que eu precisei para entender que era isso que eu tinha que fazer. E foram grandes faculdades que eu fiz ao longo desse processo. Foi maravilhoso o período da Nove Mil Anjos, porque foi uma experiência muito intensa dentro do universo do rock’n’roll, com o Champignon (1978-2013), que era um monstro tocando baixo, o Peu na guitarra, e tocar batera com eles foi muito rico de aprendizado. A troca era muito legal. A gente vinha de universos completamente diferentes, mas eu também tinha uma bagagem muito grande de música. A gente teve uma troca muito massa, não à toa que a gente se juntou na época. As experiências de estúdio com o pessoal da música eletrônica e com o Julio também foram muito ricas para mim, de mergulho dentro do universo dos sintetizadores e entender que é todo um universo próprio e para mim foi muito legal esse período todo, peguei muita manha de estúdio, de produção… Inclusive também de pista de dança, de entender o que movimenta mais a galera, tudo vai somando de bagagem. Eu precisava viver tudo isso para entender que era isso que eu tinha que fazer, encarar essa parada, ter a coragem de ir para cima desse trabalho, porque muitas vezes eu não tive essa coragem, eu me esquivava, sabe”, declarou. 

A composição

As 10 faixas do álbum Solo, de Junior, trazem diferentes sentimentos do artista em composições inéditas e que foram feitas durante três anos de dedicação intensa. Ele chegou a compor mais de 50 músicas, mas apenas 10 entraram no primeiro volume do projeto solo e outras faixas já estão prontas para o segundo volume, que deve ser lançado nos próximos meses. E o processo de composição foi um aprendizado à parte para Junior. 

“Hoje em dia eu posso dizer que é mais fácil compor, eu tive momentos de dificuldade, de inspiração. Mas esse processo desse disco foi tão intenso e longo que me permitiu ver novas maneiras de criar e compor. Eu aprendi muito a furar qualquer bloqueio criativo, contornar e fui entendendo mais sobre o meu processo, o que funciona mais e o que funcionava menos. Chegou um ponto que eu percebi uma certa facilidade gostosa. Eu me dedico muito para fazer, ainda é um suor, mas é um suor que vai ficando cada vez menos doloroso, cada vez mais prazeroso. Compor é muito prazeroso e eu descobri que eu me sinto muito melhor, muito mais livre para compor quando eu já estou fazendo o arranjo junto. Eu já componho produzindo, a música meio que já nasceu com uma cara. É raro eu compor no piano ou no violão, pode acontecer, que são aquelas inspirações que você não tem muito domínio, de: ‘ah, bateu um negócio aqui. Quando eu vi, estava fazendo’. Antigamente, eu era muito assim. Eu me percebia muito refém dos momentos de inspiração. Nesse processo do disco, eu aprendi a: ‘vou compor, chegou a hora de ir lá fazer uma música. Quando eu vejo, está acontecendo", afirmou. 

Todas as novas músicas - que são: 'De Volta Pra Casa', 'Sou', 'Tentando Acertar', 'Passar dos Anos', 'Foda-se', 'Gatilho', 'Ninguém É Santo', 'O Dom', 'Novo Olhar' e 'Paraquedas' - contam com a criatividade de Junior. “É o apreço de tentar lapidar o máximo possível e eu sou muito detalhista. Acho que cada palavra tem que fazer sentido de estar ali, e às vezes ter três sentidos diferentes, melhor ainda. Eu gosto muito da ideia de botar o ouvinte para pensar e refletir um pouco sobre aquilo, o que ele estava querendo dizer com isso. Acho que deixa rico a música, a arte em si”, declarou. 

A diferença do Junior

O retorno de Junior ao universo do pop acontece 16 anos após o fim da dupla Sandy e Junior. Com isso, ele é bem direto ao declarar qual é a maior diferença que pode apontar entre quando saiu do pop lá atrás e a sua volta agora. “A maior diferença são 16 anos de bagagem a mais! [risos] É inevitável tudo que eu vivi até agora não ser fundamental para chegar nesse lugar, fazer esse som, construir essa história, criar qualquer coisa que tenha criado para esse disco. Foi muito importante para toda a minha vivência, tudo o que eu vivi em Sandy e Junior e depois disso. Não tem como separar. Todo o aprendizado que eu tive em cada projeto se pagou nesse processo de criação, de construção dessa carreira solo, tudo vai ser ferramenta que eu tenho, vai ser estofo e bagagem para eu lidar com os desafio aí para a frente. Sei lá o que eu vou construir daqui para a frente, mas com certeza vai ser com muito amor e prazer de fazer”, afirmou. 

Turnê

Por enquanto, os fãs de Junior vão ter que esperar para vê-lo de volta aos palcos com um show da carreira solo. Ele contou que pretende esperar o lançamento do segundo volume do primeiro álbum da carreira solo para iniciar o planejamento do show. 

“Agora é o lançamento [do Solo Vol. 1], já vem fim de ano, e a ideia é lançar ainda o volume 2 para vir com o show. Eu vou entender se já com o lançamento da segunda parte ou um tempo depois, para dar tempo da galera conhecer o repertório todo e ir para a estrada com o repertório mais sólido, consistente, com volume de música para ter um show gostoso de fazer”, afirmou ele. 

E quando vem a segunda parte? Só em 2024. “Acho que no primeiro semestre do ano que vem. Depende não só de mim. Se dependesse só de mim, eu já teria lançado no início desse ano [risos], mas tem que sempre muita para ser resolvida antes disso. O disco está gravado, tem uma outra para terminar de mixar. Aí é a questão de timing do ano, espero que depois do carnaval, mas ainda é cedo para te dar uma informação concreta”, finalizou.