Kell Smith lança álbum-visual como manifesto de identidade e resistência
“Latino-Americana”, novo álbum-visual da cantora, gravado em casa, propõe um resgate da identidade brasileira e latina através da música, da representatividade e da inclusão
Giulia Cardoso (@agiuliacardoso)
A cantora e compositora Kell Smith lança seu novo projeto, Latino-Americana, um álbum-visual gravado ao vivo em sua casa. Mais do que um registro musical, a obra posiciona-se como um manifesto de identidade, resistência e celebração da diversidade cultural. Artista autista, Kell Smith reforça seu compromisso com a representatividade ao incluir interpretação em Libras em todo o projeto, garantindo maior acessibilidade.
Inspirado em pensadores como Lélia Gonzalez e seu conceito de “Améfrica Ladina”, e em Darcy Ribeiro, o álbum é um gesto de descolonização do imaginário. Em tempos de algoritmos e desumanização, a artista defende a música ao vivo, com banda e “com verdade”, como um ato de resistência que valoriza a potência da presença e da imperfeição humana.
A sonoridade de Latino-Americana reflete a pluralidade que defende, costurando com maestria samba de raiz, rap, pagode, MPB e bolero-brega. O repertório de seis faixas inclui desde uma releitura do clássico “Bésame Mucho” até a denúncia social de “Samba da Zenaide” e a parceria com Tulinho Banca do Loco em “Uma Semente”.
“Eu sonhei com o Latino-Americana. Não era só um trabalho, era um chamado”, revela Kell. “Esse trabalho é artesanato, feito à mão com imperfeições que viram beleza. É ter as veias abertas, mas o coração pulsando forte. É cantar o que fomos, o que somos e o que ainda podemos ser. Porque nossa maior revolução é a felicidade que insiste em sobreviver.”
O manifesto se estende para os palcos com a turnê homônima, cujo objetivo é reafirmar o protagonismo da música brasileira. Em uma iniciativa de valorização da cena local, Kell Smith divide o palco em cada cidade com um artista indicado pelo próprio público, transformando cada show em uma celebração única da mistura e da criação coletiva.
“O palco virou um território de reexistência”, finaliza a artista. “Estou muito feliz com essa escolha. Viva a Música Brasileira e nossa Latinidade pulsante. Nós somos o coração do mundo.”
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