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Lana Del Rey: Conheça 13 curiosidades de "Born to Die", que completa 13 anos

Álbum lançado em 2012 marcou estreia de Lana Del Rey, contou com apoio especial e aprofunda glamour e angústias nova-iorquinos

Por Rodrigo Tammaro, com colaboração especial de Fernanda Soares

Publicado em 27/01/2025, às 15h01
Lana Del Rey e a capa de 'Born to Die' (Foto: Rebecca Sapp/Getty Images e Nicole Nodland)
Lana Del Rey e a capa de 'Born to Die' (Foto: Rebecca Sapp/Getty Images e Nicole Nodland)

As velas de aniversário estão acesas. Pelo menos na mesa de Lana Del Rey — e dos inúmeros fãs da artista. O motivo é a comemoração dos 13 anos de Born to Die, álbum lançado em 27 de janeiro de 2012.

Com hits como “Video Games”, “Summertime Sadness” e a faixa título “Born to Die”, o disco representa não só um marco na carreira da cantora, mas uma verdadeira transformação na música pop.

Conhecido pela estética que explora a nostalgia e a melancolia, os sonhos e as frustrações, Born To Die trouxe ao gênero elementos da música clássica, eletrônica e do hip-hop. O disco é repleto de referências, contou com uma ajudinha especial e foi citado como inspiração por grandes nomes da música contemporânea. A seguir, conheça detalhes e curiosidades sobre Born to Die.

13 Curiosidades sobre Born To Die, de Lana Del Rey

1. Estreia de Lana Del Rey

Lançado em 2012, Born to Die foi o primeiro álbum da nova-iorquina Elizabeth Woolridge Grant como Lana del Rey. Antes disso, a artista havia produzido outros projetos utilizando nomes diferentes. É o caso, por exemplo, de Sirens — sob o pseudônimo de May Jailer — e Lana Del Ray A.K.A. Lizzy Grant — assinado como Lizzy Grant.

O nome Lana del Rey foi pensado para valorizar a identidade artística que a cantora buscava. “Lana” foi escolhido inspirado na atriz Lana Turner, uma das musas do cinema clássico de Hollywood; já o complemento "Del Rey" veio do modelo de carro da marca Ford como uma maneira de evocar o luxo e a sofisticação. Essa escolha não só refletiu no estilo estético do álbum, mas também a ajudou a criar uma marca em torno de sua imagem.

2. O sonho (e a tristeza) americano

Born to Die foi descrito pela própria Lana Del Rey como um sadcore sobre Hollywood. Desta forma, a atrista aborda temas que misturam a nostalgia e o estilo dos anos 1950 em um ambiente sonoro melancólico e um tanto quanto frustrado. 

Há sempre uma melancolia em mim. Esse sentimento tem me acompanhado a vida inteira. Mas eu não sofro. Eu prefiro dizer que aprendi a me dar bem com a minha tristeza. A memória desses anos inspiram minhas músicas agora", disse a cantora ao site Spiegel.

Também há espaço para questionar o famoso sonho americano e a busca insaciável por sucesso e prosperidade. Um dos exemplos é a faixa "National Anthem", que fala sobre amor e poder com referências diretas a  figuras históricas como o presidente John F. Kennedy e sua esposa Jacqueline, representando o glamour e a perfeição superficiais que o tal sonho americano projeta.

O videoclipe, que mistura elementos de ficção e realidade, foi aclamado por sua representação visual da desigualdade e do materialismo, mostrando que a realidade não é tão perfeita quanto a história tenta fazer parecer e sugerindo que, por trás do brilho e glamour, há uma grande crise existencial.

3. Single não planejado

O primeiro gostinho que os fãs tiveram de Born to Die foi em 2011 com o lançamento da música "Video Games". A canção é acompanhada por um clipe dirigido e editado pela própria cantora com cenas filmadas pelo computador e vídeos antigos retirados da internet.

Lana revelou que, inicialmente, não tinha planejado lançar "Video Games" como single. No entanto, ela e a gravadora perceberam a recepção positiva do público:

"Comecei a divulgar a música porque era a minha favorita. Para ser honesta, não iria ser single, mas as pessoas realmente entenderam a canção", disse ao The Guardian na época.

4. Apoio de The Weeknd

Se hoje Lana Del Rey é um dos nomes mais influentes no mundo da música, no início a artista precisou correr atrás do reconhecimento. E ela contou com uma ajudinha de Abel Tesfaye, ninguém mais, ninguém menos que The Weeknd

Após o lançamento de "Video Games" no YouTube, o músico ajudou a promover a música. Ele postou o clipe em sua conta no Tumblr por 11 dias consecutivos e acabou fazendo a ponte para que uma DJ da rádio BBC conhecesse e tocasse a faixa diariamente.

A amizade deu frutos. O primeiro deles em 2015, quando os dois se reuniram para a gravação de "Prisioner", lançada por The Weekend no álbum Beauty Behind the Madness.

Lana Del Rey e The Weeknd (Foto: Reprodução)

5. Complementos

A versão original de Born to Die trouxe 12 faixas, sendo “Video Games” e “Born To Die” lançadas como singles antes do álbum. O disco ainda ganhou complementos ao longo do tempo.

A versão deluxe trouxe mais três músicas: “Without You”, “Lolita” e “Lucky Ones”. Já a versão especial Born to Die: The Paradise Edition acrescentou oito novas músicas, que também foram lançadas separadamente no EP Paradise em novembro de 2012.

Em 2013, Lana ainda lançou o curta-metragem Tropico com as músicas "Body Electric", "Gods & Monsters" e "Bel Air".

6. Referências a Lolita

Entre as muitas referências que Lana Del Rey traz em Born to Die, uma das principais é Lolita, um romance de 1955 escrito pelo russo-americano Vladimir Nabokov. O protagonista da história é Humbert Humbert, um professor de literatura francesa que sente uma paixão obsessiva por Dolores Haze, Lolita, de 12 anos.

A referência mais explícita é a canção “Lolita”, que aborda temas como sedução, manipulação e desejo. Mas não para por aí. Na faixa “Off to the Races”, a artista canta “light of my life, fire of my loins” [luz da minha vida, labareda em minha carne], primeira frase do livro.

Há ainda o verso "gimme them gold coins, gimme them coins" [me dê aquelas moedas de ouro, me dê aquelas moedas], uma referência às moedas que Humbert dá a Lolita no romance. A Paixão de lana pelo livro é tanta que ela tem o nome “Nabokov” tatuado em um dos braços.

7. Lou Reed e o feat que quase aconteceu

Ainda no tema das referências, Lana canta "come and take a walk on the wild side” [venha dar um passeio pelo lado selvagem] em "Born to Die". O verso foi inspirado na canção Walk On The Wild Side, lançada por Lou Reed no álbum Transformer (1972).

A relação da artista com o músico tem mais um capítulo curioso: Lana Del Rey convidou Lou Reed para uma colaboração na faixa "Brooklyn Baby", lançada por ela em 2014 no álbum Ultraviolence. Reed aceitou o convite. No entanto, no dia em que se encontrariam, o ele morreu em decorrência de uma doença hepática.

8. Legião de produtores

A produção de Born To Die é assinada por nomes como Patrik Berger, Jeff Bhasker, Chris Braide, Emile Haynie, Justin Parker, Rick Nowels, Daniel Omelio e Al Shux. Embora Haynie — famoso pelos trabalhos com Eminem e Bruno Mars — seja um dos principais, a mistura de visões foi pensada para que o álbum tivesse diferentes nuances.

Isso foi essencal para incorporar ao pop os elementos de música clássica, eletrônica e hip-hop que conferem ao álbum uma identidade única. Outro detalhe importante é que Born to Die traz muitas referências à cultura americana, mais especificamente de Nova York, mas a produção foi finalizada em Londres.

9. Capa icônica

A capa de Born to Die trouxe Lana Del Rey com um olhar descrito simultaneamente como confiante e vulnerável. Tirada por Nicole Nodland, a foto foi construída para evocar a sensação de glamour e decadência que Lana aborda ao longo das faixas.

A imagem é visualmente inspirada por fotos de grandes ícones de Hollywood dos anos 50, como Marilyn Monroe, que viveram uma vida próspera, mas também marcada pela dor e pela morte precoce.

'Born To Die' (Foto: Nicole Nodland)

10. Mudança de opinião da crítica

Apesar do sucesso e da popularidade de Born to Die, o álbum não foi recebido de forma unânime pela crítica. Enquanto alguns especialistas elogiaram a originalidade e a complexidade do disco, outros foram mais céticos, acusando Lana de ser mais uma artista de "imagem fabricada", uma análise repleta de machismo.

No agregador de resenhas Metacritic, por exemplo, o disco recebeu uma média de 62 pontos (em uma escala que vai até 100). Com o tempo — e o sucesso comercial de Lana Del Rey — a visão passou a ser diferente. Um exemplo flagrante é o site Pitchfork, que avaliou Born to Die com a nota 5.5 na época do lançamento, mas anos depois revisou a avaliação para 7.8.

11. Influência e elogios de Billie Eilish

Se no mundo da crítica as reações foram menos amigáveis, no mundo dos artistas Born to Die é um marco. Conhecido por transformar o pop que veio depois dele, o disco abriu espaço para temas como solidão, tristeza e sofrimento que eram abordados de outra forma na música.

O impacto do disco é tamanho que foi citado como um dos mais importantes por Billie Eilish.

Born To Die (2012) da minha garota Lana. Eu sinto que aquele álbum mudou a música e especialmente mudou a música para meninas e o potencial do que é possível," afirmou a artista.

Ela também citou Born To Die como uma das inspirações para Hit Me Hard And Soft (2024)

12. O sucesso comercial

Depois de 13 anos de lançamento, o sucesso comercial de Born To Die fica ainda mais evidente. O álbum se tornou o primeiro trabalho de estreia de uma uma artista feminina a permanecer por mais de 400 semanas na badalada lista Billboard 200, dos álbuns mais vendidos dos EUA.

Born To Die também acumula vários certificados de sucesso ao redor do planeta, incluindo certificado de Platina nos Estados Unidos e no Brasil, além de tripla Platina no Reino Unido.

Com mais de 19,5 milhões de cópias, o disco também está entre os 40 álbuns femininos com mais vendas na história

13. Novos horizontes para o pop

Em meio a tanto sucesso e influência, Born To Die deixou um grande legado, especialmente para a música pop. Como não se encaixava exatamente nos rótulos do mainstream, a mistura de elementos clássicos, orquestrais e eletrônicos, junto com letras introspectivas e sombrias, ajudou a definir o que muitos chamaram de "pop alternativo" no início da década de 2010.

Lana não seguia as tendências típicas, mas criou uma fórmula própria que seria seguida por muitos artistas que viriam depois, como Lorde, Halsey e a já mencionada Billie Eilish.

O “glamour trágico” também virou uma das marcas registradas de Lana, refletindo que o luxo não é apenas uma questão de riqueza, mas um reflexo da dor emocional que acompanha a fama.

Ao contrário de outros artistas que celebram a riqueza e o status, Lana coloca esses temas em um contexto de destruição e vulnerabilidade, fazendo com que o glamour se torne algo efêmero e, muitas vezes, fútil. Sempre de uma perspectiva íntima que a torna mais real ou “gente como a gente”.

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