Lançado em 1984, disco de estreia do grupo fundava nova era no rock nacional, influenciada por cena estrangeira e apenas possível graças à educação e poder aquisitivo dos garotos da capital da nacional
A cena punk de brasília dos anos 1980 foi inaugurada pela primeira banda liderada por Renato Russo, o Aborto Elétrico, de onde também saíram o baixista e baterista do Capital Inicial, os irmãos Flavio e Fê Lemos. Mas as referências punk desse grupo vieram de discos e revistas estrangeiras, trazidos por pais e amigos que viajavam para o exterior.
Filhos da primeira geração de funcionários públicos de Brasília, aqueles jovens tinham poder aquisitivo maior do que seus contemporâneos paulistanos, e seu principal compositor era escolado na história do rock. Renato entendia o punk como mais um capítulo do imaginário que o obcecou desde a adolescência, quando descobriu o rock e sua genealogia. Ao fundar uma nova banda, passou a criar sua própria mitologia, ancorado nas referências do punk britânico e na história do rock clássico, sem esquecer do apelo pop. Tanto que quando lançou o primeiro single, “Será”, muitos achavam que era uma música de Jerry Adriani, e não de uma banda de uma cidade sem tradição musical.
Puxado pelo sucesso do primeiro compacto, o disco de estreia do Legião Urbana (EMI-Odeon, 1984) inaugurou uma nova era no rock brasileiro, juntando as pontas que aos poucos se aproximavam na música de São Paulo – o punk da periferia e o rock de vanguarda. Canções como “A Dança”, “Baader-Meinhoff Blues”, “Ainda é Cedo”, “Soldados”, “Teorema” e “Geração Coca-Cola”, além da visionária faixa final, “Por Enquanto”, fizeram o ouvido brasileiro se acostumar com impropérios punk e riffs pós-punk que a partir do ano seguinte tomariam conta do rádio.
Destaques incluem “Será”, “Ainda é Cedo” e “Geração Coca-Cola”.
Ouça abaixo Legião Urbanacompleto:
Parte do Dossiê 40 anos do Rock Nacional, edição especial de colecionador da Rolling Stone Brasil, a lista "Os 80 Maiores Discos do Rock Nacional" reúne os principais trabalhos do que parece ter sido um levante artístico, unificado e contínuo mobilizado inicialmente pela juventude do Rio de Janeiro dos anos 1980, a geração 82. Na revista, já disponível em bancas físicas e digitais, você confere a curadoria realizada pelos editores da Rolling Stone Brasilcom os 80 discos mais importantes do rock nacional, separados em quatro categorias e organizados por ordem cronológica de lançamento.