Lollapalooza Brasil 2025: entre altos e baixos, festival reflete um momento de transição

A 12ª edição do Lollapalooza Brasil reuniu 240 mil pessoas ao longo de três dias no Autódromo de Interlagos. No entanto, a programação deste ano foi uma das menos atraentes e diversas dos últimos tempos, o que impactou a experiência geral do festival.

Se por um lado os headliners não impressionaram tanto, o ponto alto ficou por conta dos shows menos divulgados, mas que conquistaram o público mais antenado. Ca7riel & Paco Amoroso, Parcels, Neil Frances, Michael Kiwanuka e Inhaler foram algumas das apresentações que renderam elogios e surpresas. Entre os brasileiros, Terno Rei e Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo também se destacaram.

A reafirmação do sucesso de artistas consagrados como Alanis Morissette e Sepultura também marcou a edição. No caso de Olivia Rodrigo, foi bonito ver a nova geração de garotas roqueiras cantando em coro, enquanto muitos pais acompanhavam suas filhas em um dos shows mais aguardados do festival.

Infraestrutura e problemas recorrentes

O festival teve chuva e lama, um fator não totalmente previsível, mas que gerou dificuldades na circulação. Algumas áreas foram cobertas por pedras para minimizar o impacto, mas a solução poderia ter sido mais abrangente.

Entre os pontos positivos da infraestrutura, houve melhorias nos banheiros, facilidade na compra de produtos sem necessidade de recarga das pulseiras cashless, e boa distribuição de água. Em contrapartida, a variedade de opções de comida foi limitada. O Chef’s Stage, que sempre trouxe um cardápio diversificado, passou despercebido por muitos devido à nova localização.

Outro problema foi a falta do ônibus circular, que em edições anteriores transportava o público da estação de trem até o Autódromo. Com isso, todos precisaram fazer o trajeto a pé, dificultando a chegada e a saída do evento.

Line-up e o futuro dos megafestivais

Um dos principais problemas da edição foi a pouca diversidade musical e a falta de novidades no line-up. O festival parece ter perdido parte de sua essência, apostando em um cartaz que privilegiou nomes da "geração TikTok", o que pode ter afastado um público mais eclético.

O desafio para grandes festivais como o Lollapalooza está na crescente dificuldade de contratar artistas de peso, tanto por questões financeiras quanto pela escassez de headliners relevantes. Com isso, festivais menores ganham espaço ao oferecer uma experiência mais acessível e intimista, sem a necessidade de deslocamentos longos e grande desgaste físico. Isso sem contar que o Lolla é muito caro para a realidade brasileira: tanto para o produtor, quanto o consumidor do festival.

Outro ponto que merece atenção é a tentativa da Rock World, organizadora do evento, de aplicar estratégias do Rock in Rio ao Lollapalooza em São Paulo. O que funciona em um festival não necessariamente se traduz bem para outro contexto, e esse descompasso fica bem evidente.

Apesar das críticas, o festival continua sendo um dos maiores eventos de música do país. No entanto, é preciso repensar suas próximas edições para garantir que a magia do Lollapalooza não se perca em meio aos desafios da indústria musical.

+++LEIA MAIS: Ca7riel & Paco Amoroso faz show explosivo e conquista o público do Lollapalooza

+++LEIA MAIS: Sepultura mostra que está em ótima forma e faz show de metal que Lollapalooza precisava

+++LEIA MAIS: Terno Rei faz show tímido com público empolgado no Lollapalooza

+++LEIA MAIS: Alanis Morissette entrega show poderoso e nostálgico no Lollapalooza Brasil