DESCOBERTAS

Lorde revela despertar de gênero: ‘Sou um dos caras, às vezes’

Cantora contou que se sentiu deslocada ao usar vestido “hot girl” no evento GQ Men of the Year e transformou a experiência em nova música

Daniela Swidrak (@newtango)

Lorde (Foto: Frazer Harrison/Getty Images)
Lorde (Foto: Frazer Harrison/Getty Images)

Lorde revelou que o evento da GQ “Men of the Year”, realizado em 2023, foi um momento chave em sua jornada pessoal com identidade de gênero — e serviu de inspiração direta para a faixa “Man of the Year”, lançada no último dia 30 de maio como parte de seu novo álbum, Virgin.

A cantora da Nova Zelândia, conhecida por hits como “Royals” e “Green Light”, tem falado abertamente sobre a forma como sua identidade de gênero se tornou “mais expansiva”. Na faixa de abertura do novo disco, ela já entrega o tom: “Some days I’m a woman / Some days I’m a man” (“Alguns dias sou mulher / Alguns dias sou homem”).

“Estar naquele evento que celebrava todos esses caras legais me fez pensar: ‘Ah, eu sou um desses caras… às vezes, quando quero ser’”, contou Lorde em entrevista à Triple J.

No dia seguinte, meio de ressaca no estúdio, falei com o Jim-E Stack [produtor] que queria escrever sobre isso — sobre ser o homem do ano, pra mim mesma”.

Na premiação da GQ, Lorde usou um vestido verde esmeralda justo, que chamou atenção nas redes. Mas a sensação de desconexão bateu forte: “Me senti tão distante de mim mesma. Foi um marcador importante. Eu estava vivendo essa expansão de gênero já fazia um tempo, e naquele momento tudo meio que se cristalizou. O vestido de ‘hot girl’ não era o que aquele momento pedia”.

 

No clipe de “Man of the Year”, a artista aparece tirando a blusa e usando fita adesiva para comprimir o peito — uma imagem poderosa e carregada de simbolismo, que reflete essa dualidade. A estética e a performance do vídeo, no entanto, causaram polêmica.

Rahim Redcar (anteriormente conhecido como Christine and the Queens) acusou Lorde de apropriação estética. Em publicação nas redes, ele escreveu: “É muito estranho ver tantos elementos do meu trabalho sendo usados sem nenhum crédito como inspiração… A fita no peito? Eu já fiz isso em turnê em 2022”.

Lorde, por sua vez, não respondeu diretamente à crítica, mas continua promovendo o novo trabalho com intensidade. Virgin, seu álbum mais introspectivo até agora, também toca em temas como distúrbios alimentares e aceitação pessoal. A cantora descreveu os próximos shows como “sua obra-prima”.

Ela se prepara para sair em turnê a partir de setembro, com datas esgotadas no Reino Unido, Europa e América do Norte. Acompanhada por convidados como Blood Orange (com quem divide faixas no disco), The Japanese House, Nilüfer Yanya, Empress Of, Chanel Beads e Oklou, a nova fase da artista promete ser tão ousada quanto pessoal.

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Nascida na Argentina mas radicada no Brasil há mais de 15 anos, Daniela achou na música sua linguagem universal. Formada em radialismo pela UNESP, virou pesquisadora criativa e firmou seu pé no jornalismo musical no portal Popload. Gateira, durante a semana procura a sua próxima banda favorita e aos finais de semana sempre acha um bom show para assistir.
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