'Faith in the Future' coloca músico britânico na trilha do indie com bons momentos de autenticidade
Para alguns artistas, o lançamento de um segundo disco costuma dar mais respostas sobre sua obra do que o próprio debut. Com Faith in the Future(BMG, 2022), Louis Tomlinson quase chega lá. Sucessor de Walls(2020), o novo disco define melhor os contornos da música do britânico, que abre mão de experimentações dance para fixar-se no legado do indie e do britpop da virada de século.
Faith in the Future conduz para dentro das referências de Tomlinson de forma quase literal. O começo pesado com "The Greatest", "Written All Over Your Face" e "Bigger Than Me" parece saído dos primeiros discos de artistas como Franz Ferdinand ou The Kooks.
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A seu lado na missão de reinterpretar-se como artista indie, Tomlinson tem como trunfo produtores como Joe Cross, que já trabalhou com La Roux, e Mike Crossey, responsável pelo lendário EP de estreia do Arctic Monkeys, Five Minutes With Arctic Monkeys.
Pelas 16 faixas do disco, o jogo é meio de esconde e encontra, alternando entre momentos onde Louis aparece com mais nitidez, como "Lucky Again", e outras onde mimetiza seus heróis, como a tristonha "Saturdays", em que ecoa os irmãos Gallagher nas mais melódicas do Oasis, e "She's Beauty, We Are World Class", uma batida acelerada e futurista que atinge um ápice polifônico à la Coldplay.
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Em meio ao mar tão vasto de referências, talvez fique difícil aquela missão inicial, de enxergar Louis como o artista conduzindo esse barco. E a resposta para isso aparece em bons momentos do disco, quando ele se afasta de fórmulas prontas e aposta na autenticidade.
"Holding on the Heartache", por exemplo, traz a melhor poesia do disco acompanhada do vocal mais habilidoso. "All The Time" empresta elementos do dream pop com uma interpretação clara e brilhante. É um respiro de autenticidade desejado e necessário para o músico, que a essa altura se distancia de vez do legado como ex-One Direction.
Como disco, Faith in the Future presenteia fãs de Louis, que encontram aqui um ídolo mais seguro de si, além de pelo menos três ou quatro faixas desenhadas para grudar na memória. Aos não-convertidos, a sensação geral é positiva, com um disco instiga e quase permite enxergar quem é Louis Tomlinson, um cantor talentoso e com boas referências, com o melhor de sua obra ainda por vir.
Ouça o disco completo abaixo:
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