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Música / ENTREVISTA

MC Cabelinho explora sons e sentimentos em novo álbum

O artista carioca lançou nesta semana Nãom Sou Santo Mas Não Sou Bandido (2024), quinto álbum de estúdio e sucessor de Little Love (2005)

Pedro Figueiredo (@fedropigueiredo)
por Pedro Figueiredo (@fedropigueiredo)
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Publicado em 18/12/2024, às 17h07 - Atualizado às 18h28

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MC Cabelinho (Foto: Birdman)
MC Cabelinho (Foto: Birdman)

Victor Hugo Oliveira do Nascimento, o MC Cabelinho, se tornou um expoente do trap no Brasil. O cantor e compositor carioca lançou na última segunda o quinto álbum de estúdio da carreira, intitulado Não Sou Santo Mas Não Sou Bandido (2024), onde mostra um amadurecimento no que diz respeito a letras e tecnicamente, já que se propõe a explorar mais musicalmente.

O título do disco por si só já carrega uma mensagem: "Todos nós somos meros pecadores, seres humanos falhos, tá ligado? Que erram, que acertam e ninguém tem o direito de julgar ninguém, só Deus mesmo," explica o artista em conversa com a Rolling Stone Brasil. 

Nos dois anos que se passaram entre o lançamento de Little Love (2022) e NSSMNSB, Cabelinho expressa uma evolução que é percebida em suas canções. "Passei um turbilhão de sentimentos durante esses dois anos, tanto profissional quanto sentimental e, Graças a Deus, consegui colocar isso no papel e gravar."

Um parceiro fundamental para o resultado que ouvimos no disco é Palma, produtor do álbum e parceiro profissional de Cabelinho. "Durante esse processo fomos ficando bastante juntos, os beats do Palma, da forma que ele foi produzindo, foram ficando de acordo com os meus pensamentos e a gente conseguiu chegar nesse resultado."

Foto: BIrdman

Experimentações

Em NSSMNSB, percebemos um Cabelinho a vontade para brincar com elementos do rock, além de sintetizadores e vozes reais nas faixas com coral. Para quem está habituado ao som do artista, essas novidades soam de maneira positiva. 

Palma, o produtor responsável pelo álbum, explica que eles trabalharam por muito tempo e fizeram mais de uma centena de músicas - das quais apenas 11 estão no álbum. "Fizemos muitas músicas para chegar nessas que a gente tem, foi uma curadoria muito extensa e a gente puxou coisas de muitos lugares até chegar no resultado."

Apesar da grande quantidade de composições, Cabelinho não tem certeza se outras músicas dessa leva serão lançadas em algum momento. "É mais fáil fazermos uma música hoje e soltarmos, do que as que estão na pasta." Ele também não tem planos de lançar uma versão deluxe do disco. "Estou muito chato ultimamente na questão musical."

"Exploramos muitas coisas diferentes, o álbum é uma viagem," reflete o produtor. "Tem vários gêneros, várias influências, acontece muita coisa e aborda vários tipos de músicas e sentimentos."

O processo, no entanto, se deu de maneira bastante orgânica, relembra Palma. Foi como o nome do álbum surgiu, por exemplo. "Teve um dia aleatório que a gente falou 'E se fosse Não Sou Santo Mas Não Sou Bandido?', já tínhamos a música que falava isso. Então, acho que essas coisas vão surgindo naturalmente no processo."

Cabelinho completa que com a mesma organicidade, ideias de músicas surgem nos momentos mais inusitados, como dentro de um avião, por exemplo. "Esse processo é muito natural, e música tem que ser assim," completa.

Tu não pode ficar forçando a sua criatividade, tem que deixar as coisas fluirem. - MC Cabelinho

 Visuais caprichados

Há algum tempo, os clipes de Cabelinho têm repercutido tanto quanto suas músicas. O artista tem usado a estética como um complemento para o que canta e nessa era não foi diferente. Antes do lançamento do álbum, o trapper provocou os fãs com uma foto de pegada ocultista postada no Instagram e como ele explica, isso partiu de um boato com seu nome.

"Um abençoado aí na internet falou que o Cabelinho tem pacto, tá ligado?," relembra aos risos. "O bagulho simplesmente viralizou e eu falei 'vou aproveitar isso e criar algo bom através de algo ruim', mas o pacto que eu tenho mesmo é com a minha família, de cuidar da minha família, dos meus amigos. Meu compromisso comigo mesmo de melhorar a cada dia como ser humano."

Quando o álbum sair eu explico tudo pra galera, mas por enquanto deixa eles pensarem que eu sou o capeta. - MC Cabelinho

Para o artista, o visual é parte do processo do trabalho. "Você cria a música e depois tem que planejar como isso vai atingir o mundo, tá ligado? Isso conta com a sua imagem também," daí a ideia, por exemplo de se aproveitar de rumores maldosos sobre ele para divulgar sua arte. "Às vezes o planejamento é mais difícil que fazer o som, eu tive a sorte dessa parada fazer um burburinho na internet."

O artista tem trabalhado com Rafael Carmo nos últimos clipes. As ideias para os audiovisuais costumam partir do diretor e o cantor aprova o que tem sido feito nessa parceria.

'Melhor que fazer amor'

Com a chegada do novo álbum, Cabelinho começa a pensar na nova turnê, que terá início em 2025. O artista já estuda a montagem do espetáculo e vê a recepção do disco como um bom termômetro na hora da montagem do repertório. Quando questionado sobre como é estar no palco, o artista sintetiza de maneira categórica: "Ali todos os meus problemas desaparecem." 

Se eu subo no palco, tô cantando e vejo que alguém tá cantando aquilo que eu passei horas no estúdio produzindo, isso pra mim é melhor do que fazer amor, tá ligado? É o ápice do prazer, ver alguém cantando meu som em voz alta, se esgoelando. 

O palco também é o lugar onde o artista leva as experimentações feitas no ensaio para ver como o público vai reagir. "Graças a Deus eu tenho gostado bastante dos experimentos que eu venho fazendo e levado para o palco. Mas estudamos muito no estúdio como vamos fazer, o Palma ajuda muito nas transições."

Falando no produtor, desde a apresentação no Rock in Rio ele tem atuado mais na montagem dos shows em parceria com Raposo, diretor musical que montou com o cantor a apresentação do festival. "Nessa turnê nova, o Palma tem que estar 100% porque ele faz parte de todas as músicas."

Multiartista

Cabelinho já mostrou que além da música, tem talento também para a atuação. Nos últimos anos foi destaque nas telenovelas Amor de Mãe (2019) e Vai na Fé (2024), da TV Globo. Para o próximo ano ele estará em Confia - Sonho de Cria, sua estreia no cinema.

"Estou muito feliz por ter sido convidado para esse filme," conta. "Conta uma história bem bacana, parecida até com a minha, de um menino favelado que quer ser um músico, mas trabalha entregando comida, ajudando a vó dele na pensão." Ele conta que pretende continuar atuando em novelas, filmes e séries.

Foto: Birdman

De casa para o trabalho e do trabalho para casa

Quando questionado sobre os planos para o próximo ano, o artista diz que quer ser "um cara mais low profile ainda do que eu já sou." Seus focos serão a saúde, o trabalho e estar do lado das pessoas que ama, revela o músico. "Me manter mais em casa, me exercitar mais, fazer mais terapia e aprender a meditar também"

Criar mais músicas também está entre as resoluções dele, bem como se tornar cada vez mais caseiro. "Quero ficar mais tranquilo, usufruir dod meu trabalho da melhor forma. Fazer meus shows e ir para casa, atuar e voltar para casa. Quero ficar quietinho no meu canto sossegado. 2025 pode esperar um Cabelinho bem tranquilo," finaliza.