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Meg White é uma baterista ruim? Entenda a polêmica que tem movimentado a web

Jornalista americano chamou a musicista de “terrível” e foi alvo de reações vindas de Jack White, Questlove, Tom Morello e Nandi Bushell

Igor Miranda
por Igor Miranda

Publicado em 21/03/2023, às 12h00

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Meg White em 2006 (Foto: Getty Images)
Meg White em 2006 (Foto: Getty Images)

A carreira musical de Meg White foi relativamente curta. Por impulso, em 1997, ela tentou tocar na bateria de seu então marido, o vocalista e guitarrista Jack White. Ele gostou do resultado e formou com a esposa uma banda, o White Stripes, que faria enorme sucesso nos anos seguintes. Mesmo com os dois se divorciando no ano 2000, o projeto seguiu atividades até 2011.

Depois disso, ninguém mais soube de Meg. A baterista não montou nenhum outro projeto musical. Hoje, ela leva uma vida tranquila morando em Detroit.

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Ainda assim, sua obra ao lado de Jack segue adorada por fãs em todo o planeta. E, claro, tem quem não goste — a ponto de, tantos anos depois, sua habilidade na bateria ser questionada nas redes sociais e provocar um debate que mobilizou não apenas admiradores, como também outros músicos.

A situação teve início após o jornalista americano Lachlan Markay publicar uma opinião no Twitter que acabou removida posteriormente, tamanha a polêmica gerada: “A tragédia do White Stripes é como eles teriam sido ótimos com um baterista minimamente decente. Sim, sim, eu ouvi todos os ‘mas é um som cuidadosamente elaborado, cara!’ Lamento que Meg White tenha sido terrível e nenhuma banda é melhor por ter uma percussão de m*rda.”

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Em meio a tantas reações, em maioria discordantes da opinião, o músico Questlove (The Roots) se manifestou e atraiu ainda mais atenção ao tema. Ele disse:

“Eu tento deixar de lado as ‘visões de troll’, mas isso aqui está fora de linha. Na verdade, o que há de errado com a música são as pessoas a sufocando como um filtro do Instagram — tentando alcançar uma perfeição que nem serve à canção (ou à música). É por isso que sigo o caminho de Dilla e toco como um amador bêbado e desleixado, porque o defeito é o elemento humano que está faltando. Filme real é muito superior a foto com filtro do IG.”

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Karen Elson, outra ex-esposa de Jack White (casada com ele entre 2005 e 2013), também saiu em defesa de Meg. Ela afirmou: “Não apenas Meg White é uma baterista fantástica, como Jack já disse que o White Stripes não seria nada sem ela. Para o jornalista que a insultou, mantenha o nome da ex-esposa do meu ex-marido fora de sua boca. (Por favor e obrigado).”

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Outros defendem Meg White

Guitarrista do Rage Against the Machine, Tom Morello também se manifestou, dizendo:

“Ouvi dizer que há alguma controvérsia sobre esse assunto ultimamente, então deixe-me esclarecer para os tolos: Meg White é uma das maiores bateristas da história do rock and roll. Não é nem um debate. Há pouquíssimos bateristas que são imediatamente reconhecíveis tocando seus hits. Ela está nessa lista, mano. Ela faz muitas viradas de bateria complicadas? Não, GRAÇAS A DEUS. Ela tem estilo, ritmo, personalidade, vigor, bom gosto e grandiosidade, além de uma vibração que é intocável por todos vocês, batedores de pele chatos que pensam que nos importamos com suas técnicas todas.”

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E como diria Joe Perry, guitarrista do Aerosmith, “deixe a música falar”. Foi o que fez a jovem Nandi Bushell, multi-instrumentista mirim dona de diversos virais na internet, ao gravar uma homenagem a Meg White. A menina gravou um vídeo tocando “Seven Nation Army”, hit do White Stripes, e declarou na legenda:

Meg White é minha heroína. No primeiro dia em que peguei bateria, meu pai me mostrou o vídeo de ‘Seven Nation Army’, do White Stripes. Vi Meg tocando bateria e achei ela a pessoa mais maneira do mundo. Ainda acho. Quanto mais aprendo sobre música, mais percebo que canções e arte são criadas para despertar emoções profundas na alma. Não importa o quão rápidas minhas viradas sejam ou os rudimentos que eu aprendo: se eu não posso compor uma música que comova as pessoas, então não posso me chamar de artista. Meg e Jack White criaram algumas das melhores músicas da história do rock. Eles me emocionaram a ponto de, nos 5 anos de idade, querer tocar bateria — e ainda hoje me emocionam! Meus gritos são para você Meg! Você é e sempre será meu exemplo e heroína!”

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O poema de Jack White

Enquanto Meg White permanece reclusa, Jack White achou que era a ocasião perfeita para se manifestar. E o frontman do White Stripes o fez de forma bastante artística, ao publicar um poema (via site Igor Miranda) em homenagem à ex-companheira musical.

“Nascer em outro tempo,
qualquer época, exceto a nossa, seria bom.
daqui a 100 anos,
daqui a 1000 anos,
algum outro tempo distante, diferente.
um sem demônios, covardes e vampiros em busca de sangue,
um com a inspiração positiva para promover o que é bom.
um campo vazio onde nenhuma papoula vermelha alta é cortada,
onde poderíamos ficar o dia todo, todos os dias, no chão quente e sutil,
e saber exatamente o que dizer e o que tocar para evocar nossos próprios sons.
e ser um com os outros ao nosso redor,
e ainda os que vieram antes,
e servir-nos de todo o seu amor,
e passá-lo novamente mais uma vez.
ter êxtase sobre êxtase sobre êxtase,
sem medo, negatividade ou dor,
e acordar todas as manhãs e ficar feliz em fazer tudo de novo.”

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Jornalista se retrata

Diante de tanta polêmica, Lachlan Markay decidiu se retratar. O jornalista não apenas apagou a mensagem que girou o planeta, como também pediu desculpas pela forma como manifestou sua opinião. Como ele trancou sua conta no Twitter, a postagem não pode ser mais visualizada, mas o conteúdo diz:

“Sinto que o que escrevi foi repercutido de forma exagerada e simplesmente horrível em todos os sentidos. Então, para Meg White: sinto muito. Sério. E para as mulheres no mundo da música em geral, que eu acho que estão desproporcionalmente sujeitas a esse tipo de julgamento, lamento ter alimentado isso também. Vou realmente tentar ser mais atencioso no futuro, tanto aqui quanto fora.”

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Igor Miranda

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.