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Música / OPINIÃO

“M*rda”: A crítica de Ritchie Blackmore à música atual

Guitarrista que fez história com Deep Purple e Rainbow até cita Taylor Swift, mas evita detoná-la; comentário é mais generalizado

Igor Miranda (@igormirandasite)
por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 05/12/2024, às 20h51

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Ritchie Blackmore, guitarrista com passagens pelo Deep Purple e Rainbow, em 2018 (Foto: Frank Hoensch / Redferns)
Ritchie Blackmore, guitarrista com passagens pelo Deep Purple e Rainbow, em 2018 (Foto: Frank Hoensch / Redferns)

Ritchie Blackmore se notabilizou não apenas por seu talento incontestável e pelos clássicos gravados com Deep Purple e Rainbow. O guitarrista tem uma das línguas mais ferinas do rock e sempre que é perguntado, não deixa de expressar sua opinião sobre outros estilos e até mesmo artistas.

Até hoje, aos 79 anos, ele continua falando o que pensa. E o alvo da vez foi a música atual como um todo.

Em um vídeo disponibilizado no seu canal de YouTube (via Blabbermouth), Blackmore revelou que, nos dias de hoje, não escuta artistas contemporâneos. Passa longe disso: sua paixão mesmo é pelas músicas dos anos 1400 e 1500, além de algumas bandas nessa pegada que se apresentam Alemanha, República Tcheca, Finlândia e Suécia.

“Não ouço rádio nos Estados Unidos, onde tocam as últimas novidades e coisas assim. À medida que progredimos e mudamos de geração, não consigo me identificar com o que tocam no rádio. Não ouço mais tanto rock and roll também. Curto o rock antigo dos anos 1950, quando era novidade: Elvis Presley com Scotty Moore tocando, James Burton com Ricky Nelson, The Everly Brothers, amo todas essas coisas. Buddy Holly era meu favorito na época.”

Ritchie reconhece sua posição “ingrata” nesse dilema: seus comentários soam como se estivesse brigando sozinho com a modernidade. Porém, voltou a exaltar a música antiga.

“Eu me sinto como um velho avô reclamando sobre a música que estão tocando no rádio no momento. Sinto que nos anos 70 [nota da edição: na verdade, 60], quando Eric Clapton estava tocando no Cream e essas coisas, era uma música que te fazia pensar. Você ouvia ‘White Room’ ou algo assim, você não precisava de batidas repetidas. Você poderia realmente dizer: ‘uau, essa é uma ótima música’.”
Ritchie Blackmore, guitarrista com passagens pelo Deep Purple e Rainbow, em 2018 (Foto: Gennady Avramenko / Epsilon / Getty Images)
Ritchie Blackmore, guitarrista com passagens pelo Deep Purple e Rainbow, em 2018 (Foto: Gennady Avramenko / Epsilon / Getty Images)

O músico enfatizou gostar de vários tipos de som, mas raramente escuta rádio. O problema é que às vezes acaba sendo obrigado a ouvir.

“Eu não ouço boa música no rádio — do meu ponto de vista. Pode ser boa música, mas não é algo que eu queira ouvir. Quando a família toda entra no caminhão e nós vamos para umas férias, o que provavelmente é a uns 30 km de distância — porque eu não gosto de viajar —, tudo o que eu ouço é Taylor Swift ou algo assim. Eu acho difícil me identificar com isso.”

“Gosto de reclamar”

Comentários ambíguos encerraram a declaração de Ritchie Blackmore sobre a música contemporânea. O guitarrista entende que o fato de ele desgostar de artistas atuais não quer dizer, necessariamente, que o som é ruim. Todavia, define tudo isso como “m#rda”.

“Não é errado [se identificar com Taylor Swift]. É a nova geração querendo ouvir isso. Isso é provavelmente tão bom para eles quanto Beatles, Cream e Jimi Hendrix foram para mim. Então eu realmente não posso reclamar. Mas eu gosto de reclamar e eu vou reclamar. E eu acho que a porcaria que eles estão tocando no rádio hoje é horrível.”

Ritchie Blackmore já criticou até o rock mais pesado

Em entrevista recente ao New Jersey Stage (via site Igor Miranda), Blackmore destinou comentários até mesmo ao rock mais pesado, onde fez carreira. O músico creditou sua saída do Deep Purple, em 1993, a estar “entediado” com a forma de trabalho nesse segmento.

“Sempre me interessei por rock melódico – melodias em geral. No final do Purple, era apenas barulhento pelo propósito de ser barulhento, então quando ouvi a música renascentista, havia tantas melodias incríveis, que me tocaram. Isso foi um grande alívio em muitos aspectos, então pulei fora apenas para tocar algumas melodias de forma mais orgânica.”

Ele, que desde 1997 comanda o Blackmore’s Night — projeto de música neo-medieval — junto da esposa, Candice NIght, complementa:

“O estresse vinha das viagens relacionadas ao rock ‘n’ roll, da tentativa contínua de criar diferentes riffs sempre mais pesados, o que pode ser chato. Eu estava ficando cansado de tocar o mesmo tipo de música: rock pesado por rock pesado.”

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Igor Miranda (@igormirandasite)

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.