NÃO PASSARÃO

Nasi expulsa bolsonaristas de show do Ira! após vaias ao grito de “sem anistia”

Incidente ocorreu na última sexta feira, dia 29, durante uma apresentação do grupo Ira! em Contagem, interior de Minas Gerais

Daniela Swidrak (@newtango)

Publicado em 03/04/2025, às 11h14
Nasi do Ira! - Alexandre Loureiro/Getty Images
Nasi do Ira! - Alexandre Loureiro/Getty Images

O vocalista da banda Ira!, Nasi, pediu que algumas pessoas deixassem o seu show em Contagem, Minas Gerais, após ser vaiado ao se manifestar contra a anistia dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Diante da reação negativa de parte do público, ele não hesitou em convidá-los a se retirar de vez da apresentação da banda.

O show aconteceu na última sexta-feira (29), no rooftop do Shopping do Avião. A noite começou com as bandas Cash e M8, que aqueceram o público antes da entrada de Nasi (vocal), Edgard Scandurra (guitarra), Evaristo Pádua (bateria) e Johnny Boy (baixo, violão e teclados) para o show Ira! Elétrico.

Em determinado momento, Nasi gritou “sem anistia!”, expressão usada por aqueles que defendem a punição dos responsáveis pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e pela tentativa de golpe de Estado investigada no fim de 2022, envolvendo oficiais das Forças Armadas e integrantes do governo do então presidente Jair Bolsonaro. A reação foi imediata: parte da plateia vaiou, e o vocalista, respondeu com a seguinte declaração:

Pra vocês que estão vaiando, eu vou falar uma coisa pra vocês: tem gente que acompanha o Ira!, mas nunca entendeu o Ira! Nunca entendeu o Ira! Tem gente que acompanha a gente e é reacionário, tem gente que acompanha o Ira! e é bolsonarista, isso não tem nada a ver, gente! Por favor, vão embora! Vão embora da nossa vida! Vão embora e não apareçam mais em shows, não comprem nossos discos, não apareçam mais. É um pedido que eu faço”.

Nasi já se posicionou outras vezes contra admiradores e músicos de rock alinhados à extrema-direita. Em 2024, em entrevista ao Estadão, ao ser questionado sobre artistas como Lobão e Roger Moreira (Ultraje a Rigor), que em algum momento apoiaram Bolsonaro, o vocalista declarou:

“Ouvi coisas abomináveis, mas cada um é dono da sua própria biografia. Eles são minoria. Os roqueiros da minha geração são caras de centro-esquerda, no mínimo, e de uma visão humanista”.

Nasi já havia expressado essa opinião anteriormente. Em uma entrevista à Central Única dos Trabalhadores, em agosto de 2023, ele classificou como decepcionante o conservadorismo adotado por alguns roqueiros.

Vejo com muita tristeza, mas não fico julgando biografia alheia. A história já está contando a verdade sobre como foram esses anos terríveis e como estivemos próximos de um rompimento democrático, uma ditadura. Fardada, inclusive. Foi muito triste e espero que o Brasil caminhe na direção oposta, como já está fazendo. Foi por pouco, mas conseguimos realinhar o Brasil com a democracia e a justiça”.

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