'NÃO ESTOU NEM AÍ'

Cantor do Ira!, Nasi coloca IA para fazer versões de suas músicas

Novo álbum se baseia em material prévio do próprio artista e chegará às plataformas em janeiro; “alguns vão jogar pedras, mas não estou nem aí”, ele diz

Guilherme Gonçalves

Nasi, vocalista do Ira!, em 2023
Nasi, vocalista do Ira!, em 2023 - Foto: Ana Karina Zaratin

O próximo disco de Nasi, vocalista do Ira!, virá com uma novidade inusitada e, no mínimo, polêmica: músicas retrabalhadas por inteligência artificial (IA).

Não é correto dizer que foram criadas por IA, porque elas já existiam. No entanto, o artista admite que colocou softwares para desenvolver versões diferentes a partir de material prévio gravado pelo próprio artista anteriormente.

Ao revelar seu novo projeto em entrevista a Julio Maria, do jornal Folha de S. Paulo, Nasi é sincero ao já prever controvérsia:

“Alguns vão jogar pedras, mas não estou nem aí.”

Segundo ele, o álbum vai se chamar nAsI – Artificial Intelligence. O lançamento está marcado para o dia 23 de janeiro, data em que Nasi completa 64 anos de idade.

Nasi, vocalista do Ira!, em 2015
Nasi, vocalista do Ira!, em 2015 – Foto: Alexandre Loureiro / Getty Images

Seis músicas já estão prontas, dentre elas versões para “Corpo Fechado”, “Feitiço na Rua 23”, “Ogum” e “Alma Noturna”. Todas foram lançadas por Nasi em algum momento de sua carreira.

Nasi e a inteligência artificial

Questionado se usar IA para criar um disco não seria atuar em detrimento da arte e do próprio ganha pão dos músicos, Nasi argumenta:

“Não sou contra o pagamento de direitos e estou pronto para fazer isso se alguém reclamar, mas o que a IA está fazendo é o que sempre fizemos quando dizíamos: ‘Vamos compor um rock tipo Led Zeppelin? Vamos fazer um blues tipo Chicago?’ O Ira! está cheio de referências do The Who. Você acha que eles pensaram em nos processar por isso?”

Gravações reais

As únicas gravações reais do álbum foram feitas pela cantora e guitarrista Nanda Moura e pelo baixista do Ira!, Johnny Boy, na guitarra, além de dois instrumentistas que tocaram violoncelo e trompete.

Nasi diz que é possível perceber a diferença, pois em alguns momentos as partes de IA soam “perfeitas demais”. Ele admite que existe o risco de “desumanizar a canção e torná-la robótica”. No entanto, se mostra satisfeito com o resultado e afirma:

“O ideal seria a mistura entre IA, arranjadores e músicos, todos trabalhando juntos.”

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Guilherme Gonçalves é jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e atua no jornalismo esportivo desde 2008. Colecionador de discos e melômano, também escreve sobre música e já colaborou para veículos como Collectors Room, Rock Brigade e Guitarload. Atualmente, é redator em IgorMiranda.com.br, revisa livros das editoras Belas Letras e Estética Torta e edita o Morbus Zine, dedicado a resenhas de death metal e grindcore.
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