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Música / Luto

Nick Cave relembra mortes de filhos e admite sentir culpa: 'A única coisa que deve fazer é protegê-los'

O artista perdeu Arthur em 2015 e Jethro em 2022

Redação Publicado em 01/04/2024, às 18h33

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Arthur Cave (Foto: Tim Whitby/Getty Images) | Nick Cave (Foto: Toby Melville - WPA Pool/Getty Images) | Jethro Cave (Foto: Stefania D'Alessandro/Getty Images)
Arthur Cave (Foto: Tim Whitby/Getty Images) | Nick Cave (Foto: Toby Melville - WPA Pool/Getty Images) | Jethro Cave (Foto: Stefania D'Alessandro/Getty Images)

Nick Cave falou sobre a morte de dois de seus filhos e admitiu que sente culpa pelo que aconteceu. Arthur, filho do artista com a atual esposa, Susie Cave, faleceu em 2015, aos 15 anos, ao cair de um penhasco enquanto estava sob efeito de LSD.

"Eu acho que é algo que as pessoas que perdem filhos sentem [culpa], independentemente da situação, simplesmente porque uma das únicas coisas que você supostamente deve fazer é não deixar seus filhos morrerem", disse em entrevista ao The Guardian.

Logo após fazer o comentário, Cave se corrigiu: "Esqueça isso. A única coisa que você deve fazer é proteger seus filhos." Jethro, filho do cantor com Beau Lazenby, teria tirado a própria vida em 2022, aos 31 anos (via Monet).

Olha, é extremamente difícil falar sobre isso, mas uma das coisas que costumava me preocupar muito é que Arthur, onde quer que ele esteja, se estiver em algum lugar, de alguma forma entenda o que seus pais estão passando por causa de algo que ele fez, e que sua condição de culpabilidade não é muito diferente da minha. E acho que essa é a razão por trás de muitas das coisas que faço. É para dizer que está tudo bem. Quero dizer, não está tudo bem, mas estamos bem. Estamos bem. Acho que a Susie também sente isso.

Por meio do Red Hand Files, site no qual fãs recebem respostas filosóficas de Nick, o artista encontrou conforto no apoio de muitos desconhecidos: "Foi algo realmente extraordinário. E essa atenção, e senso de comunidade, foi extremamente útil para mim. Acho que as pessoas geralmente estão sozinhas com esse tipo de coisa. Susie conheceu alguém cujo filho havia falecido sete anos antes e ela ainda não tinha conversado com o marido sobre isso. Essas pessoas estão completamente sozinhas e talvez cheias de raiva. Então, não posso enfatizar o suficiente que estive em uma posição extraordinariamente privilegiada nesse sentido".

Cave destacou que precisou lidar com o luto publicamente: "Isso me impediu de fechar completamente as janelas, trancar as portas e simplesmente viver nesse mundo sombrio". Ele admitiu ainda que ter vivido a perda de um filho anos antes da morte de Jethro ajudou, porque "sabia que poderia passar por isso". Jethro tinha 7 anos quando conheceu o pai.

Agora, o frontman do Bad Seeds acredita que consegue apreciar mais a vida. "Sou bastante simples em relação às coisas. Isso diz algo aos meus filhos que morreram, que eu posso aproveitar minha vida agora. É o que eles gostariam. Acho que agora temos um relacionamento mais suave com o mundo", afirmou.

A alegria é algo que irrompe inesperada e chocantemente a partir de uma compreensão da perda e do sofrimento. É assim que eu e a Susie estamos. Isso de forma alguma significa que não fomos afetados, ou que de alguma forma superamos, ou que tivemos um encerramento ou mesmo aceitação. Acho que encerramento é uma coisa boba. Mesmo a aceitação é como: 'Dê alguns anos e a vida volta ao normal'. Isso não acontece. Você é fundamentalmente mudado. Sua química é mudada. E quando você é reconstruído, você é uma pessoa diferente. O mundo parece mais significativo.

Nick Cave tem mais dois filhos vivos: Earl, fruto do casamento com Susie, e Luke, filho da brasileira Viviane Carneiro nascido com apenas dez dias de diferença de Jethro. Apesar das perdas trágicas, Cave revelou que não se sente amaldiçoado.

O dono do sucesso "Into My Arms" acredita que pode ser mal interpretado ao dizer que consegue encontrar alegria na vida. "Eu encontro pessoas, mães particularmente, ocasionalmente dizendo: 'Como você ousa sugerir que há alegria envolvida em tudo isso?' As pessoas estão tão zangadas, e elas têm todo o direito de estar enfurecidas com as maldades cósmicas f*didas que acontecem, e é profundamente injusto. Mas não é pessoal. Parece que é, mas são apenas as vicissitudes da vida", argumentou.