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Música / “XÔ SATANÁS”

O 1º disco que Scott Stapp (Creed) amou — mesmo com padrasto dizendo “ser do Diabo”

Vocalista foi criado em família muito religiosa e reação familiar a banda que estava longe de ser satânica não foi das melhores

Igor Miranda (@igormirandasite)
por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 29/11/2024, às 18h12

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Scott Stapp, vocalista do Creed (Foto: Cindy Ord / Getty Images)
Scott Stapp, vocalista do Creed (Foto: Cindy Ord / Getty Images)

Não é segredo para nenhum fã de Creed o fato de Scott Stapp ser cristão. A religião do vocalista, inclusive, serviu de inspiração para uma série de composições para a banda. E como era de se imaginar, ele foi criado desde cedo na religião.

Por isso, o padrasto de Scott, Steven Stapp, ficou um tanto receoso quando o filho começou a gostar de rock. Em tempos onde o acesso à informação não era dos mais fáceis, muitas pessoas pensavam que o estilo musical estava inteiramente associado a temáticas anticristãs, satanistas ou antirreligião como um todo.

Isso levou o Stapp mais velho a ter opiniões inflamadas a respeito do Def Leppard, após o futuro cantor do Creed se apaixonar por Pyromania, terceiro álbum de estúdio do grupo inglês. Apesar da capa que mostra um prédio em chamas em uma mira, definitivamente não há assuntos controversos abordados nas letras do disco, responsável por trazer hits como “Photograph”, “Foolin’”, “Rock of Ages” e mais.

Em declaração de 2019 à Classic Rock, Scott Stapp relembrou, inicialmente, como o Def Leppard o fez adorar rock:

“Eu estava na casa do meu amigo em 1983 e o vídeo de ‘Photograph’ saiu na MTV. A partir daquele momento, fiquei viciado em rock n’ roll. Aquele álbum me conectou em todos os sentidos: eu queria ser aqueles caras. Quando vi o vídeo de ‘Photograph’, eu queria uma esposa modelo e tudo o que um adolescente acha que um astro do rock tem. A música mexeu comigo, algo dentro de mim estava diferente desde o momento em que ouvi este disco.”

Stapp não estava totalmente alheio a música, ou mesmo a rock. O cantor diz que, por influência da mãe, ouvia Elvis Presley, além dos artistas soul Donny Hathaway e Otis Redding. Todavia, Pyromania “mudou completamente o curso” de sua vida.

“As guitarras, os ritmos, a energia na música, a maneira como era cantada... tudo falava comigo. Eu nunca tinha ouvido nada parecido e isso me fez querer me mover, eu simplesmente senti. Quando meu amigo trouxe o disco para minha casa, devemos ter ouvido ‘Photograph’ e ‘Foolin’’ dez vezes seguidas.”

A reação do padrasto de Scott Stapp

Quando Steven Stapp soube que o filho Scott estava ouvindo Def Leppard, a reação não foi das melhores. Para ele, era “música do Diabo”.

“Meu padrasto era extremamente religioso e ele entrou no meu quarto quando estávamos ouvindo e ele disse que era a música do Diabo, então, a partir daí, tive que ir até a casa do meu amigo Robbie para ouvi-la em segredo.”

O jovem que anos depois criaria o Creed tinha sentimentos mistos com relação a isso. Ele conclui:

“Eu me senti um pouco culpado sobre isso, mas também meio que senti que meu padrasto estava errado sobre isso. E estou feliz por ter ouvido meu coração, porque tudo começou a partir daí.”

Fundado em 1994, o Creed vendeu mais de 50 milhões de cópias, sendo uma das bandas de maior sucesso na virada do século. Após dois rompimentos, um deles entre 2004 e 2009 e o segundo a partir de 2012, eles retomaram as atividades no ano passado para uma série de shows.

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Igor Miranda (@igormirandasite)

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.