Disco não foi exatamente difícil de ser feito, mas levou tempo e teve um processo de produção diferente do habitual para a banda
Publicado em 04/11/2024, às 08h00
A discografia do Pink Floyd é cheia de momentos históricos, incluindo trabalhos muito pessoais para alguns dos integrantes. Mas segundo o baterista Nick Mason, existe um álbum em especial que retrata as angústias e ansiedades de todos os integrantes na época.
Em entrevista ao Consequence, Mason revelou que o clássico The Dark Side of the Moon (1973) foi concebido de uma forma um pouco diferente dos discos anteriores. A principal mudança foi um alinhamento de expectativas antes do início dos trabalhos, efetivamente.
O músico explicou:
Ao contrário de quase qualquer outro álbum que fizemos, a coisa ótima sobre Dark Side é que nós realmente nos encontramos e falamos sobre o que achávamos que esse disco seria sobre. E tinha esse tipo de ideia de que nós pegaríamos as coisas que mais nos deixavam ansiosos sobre nós mesmos, o que tinha a ver com dinheiro, mortalidade e assim por diante.”
O processo de produção em si também foi discutido. Nick explicou as diferenças entre tocar “ao vivo” e gravar as partes separadas em estúdio, como é mais comum.
Havia um verdadeiro plano ali desde o começo. Ensaiamos de uma forma, tocando ao vivo, que é uma forma muito boa de se trabalhar. O problema de ir a um estúdio é que você tende a sentir mais ou menos que acertou quando toca adequadamente. Você não precisa desenvolver tanto aquilo. Você só quer acertar, e quando você acerta, você segue em frente.”
The Dark Side of the Moon se coloca ao lado de The Wall (1979) como os trabalhos mais importantes e vendidos do Pink Floyd. Apesar de sua complexidade lírica, o disco de 1973 foi feito sem maiores dificuldades — algo que nem sempre aconteceu na carreira do grupo britânico.
Nick Mason confirmou isso e ainda citou um exemplo de álbum com um processo mais complicado. Ele conta:
Foi definitivamente agradável e não particularmente difícil. Levou um tempo para ser feito, mas de certa forma, não foi nada tão difícil quanto o álbum seguinte, Wish You Were Here (1975), onde realmente ficamos emperrados por um bom tempo para descobrir meio que o ponto de partida. Nós éramos relativamente jovens e meio que inocentes, e devidamente ansiosos para seguir com tudo aquilo.”
Em 2023, The Dark Side of the Moon completou 50 anos de seu lançamento e recebeu diversas homenagens. Roger Waters resolveu regravar o disco à sua maneira, usando o título de The Dark Side of the Moon Redux — o que dividiu opiniões. Mason ouviu o trabalho e emitiu sua opinião a respeito:
Eu ouvi o rumor de que Roger estava trabalhando em sua própria versão. Havia essa sugestão de que seria uma porcaria e que Roger iria bater de frente com a versão original, e tudo isso. Ele me mandou uma cópia do que estava trabalhando e eu escrevi a ele e disse: ‘irritantemente, é absolutamente brilhante!’. Era e é. Não é nada que estrague o original, é uma adição interessante.”
Em The Dark Side of the Moon Redux, Waters foca mais nas letras do que na parte musical, trabalhada em ritmos mais lentos. O lançamento alcançou o primeiro lugar nas paradas do Reino Unido, Portugal e Bélgica.
+++LEIA MAIS: Afinal, por que Roger Waters saiu do Pink Floyd?
Colaborou: André Luiz Fernandes.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.