Diretor é notório por ser eclético tanto no cinema quanto na música, que tem papel fundamental em seus filmes
Publicado em 27/11/2024, às 08h00
Os filmes de Quentin Tarantino têm uma relação muito especial com a música, sempre escolhida para momentos importantes. O cineasta dá atenção à trilha sonora de suas obras e também é um grande fã e conhecedor do assunto. Seus trabalhos já foram responsáveis até por “ressuscitar” hits e artistas do passado.
Dito isso, Tarantino já revelou acreditar que existe um cantor extremamente subestimado na história da música: David Cassidy. A relação dele com a obra desse artista data da infância.
O próprio diretor de cinema explicou em entrevista para a Rolling Stone EUA:
Quando criança, eu estava mais envolvido em coisas do top 40 das paradas. O primeiro disco que comprei foi do The Partridge Family. Eu ainda ouço os discos deles. Na verdade, eu acho que David Cassidy é um dos vocalistas mais subestimados da história do rock and roll.”
The Partridge Family foi uma sitcom americana exibida originalmente entre 1970 e 1974. A história do seriado gira em torno de uma família que também era uma banda de rock.
David Cassidy era um dos cantores ao lado de sua madrasta na vida real, Shirley Jones. O grupo da série lançou oito álbuns enquanto esteve na ativa, o que alçou o cantor ao status de celebridade teen da época.
Com o fim do programa, Cassidy embarcou em uma carreira solo que não decolou devido a problemas pessoais. Em 2017, o vocalista morreu por falência do fígado, após anos de alcoolismo não tratado. O último álbum de estúdio do ator e cantor foi A Touch of Blue, lançado em 2003.
Apesar da admiração de Tarantino, o diretor jamais usou qualquer canção do The Partridge Family ou de David Cassidy como trilha sonora de seus filmes.
Os filmes de Quentin Tarantino costumam ter trilhas sonoras marcantes, quase indissociáveis de alguns momentos. O diretor é lembrado pela escolha eclética das músicas para suas obras, com direito a cenas elaboradas para certas canções — algo não tão comum no segmento.
Em entrevista de 2016 ao site Double J, Quentin falou sobre a relação entre seus filmes e as músicas que fazem parte deles. O cineasta comparou a seleção das canções à criação de uma mixtape — uma fita gravada por alguém com faixas de sua escolha.
Eu acho que uma das razões pelas quais as pessoas respondem às minhas trilhas sonoras é porque eu as faço de forma não muito diferente do jeito que eu faria uma mixtape. Elas têm a mesma personalidade de uma mixtape. Em uma mixtape, eu colocaria algum trecho legal de filme ou comercial que eu achasse divertido entre as coisas. Eu era muito bom em fazer mixtapes. Então minhas trilhas sonoras são apenas essa versão realmente profissional das minhas próprias mixtapes, que realmente refletem minha personalidade e meus gostos.”
Curiosamente, Tarantino nunca foi indicado a premiações de cinema em categorias relacionadas à música, o que é considerado um de seus pontos fortes pelos fãs. Por outro lado, já concorreu a cinco Grammys de Melhor Compilação de Trilha Sonora para Mídia Visual, com Kill Bill: Volume 1 (2003), Kill Bill: Volume 2 (2004), Bastardos Inglórios (2009), Django Livre (2012) e Era Uma Vez em Hollywood (2019).
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Colaborou: André Luiz Fernandes.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.