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Música / Opinião

O clássico álbum de rock que é uma faculdade para músicos, segundo Chris Cornell

Vocalista do Soundgarden e Audioslave já tocou música desse disco durante seus shows em carreira solo

Por Igor Miranda (@igormirandasite)
por Por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 10/07/2024, às 16h46

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Chris Cornell (Foto: Christie Goodwin/Redferns via Getty Images)
Chris Cornell (Foto: Christie Goodwin/Redferns via Getty Images)

A gama de influências de Chris Cornell é relativamente ampla para um artista de rock. Embora tenha surgido em meio a um movimento inicialmente underground — o grunge — e acompanhado várias bandas inclinadas ao alternativo, o vocalista do Soundgarden e Audioslave tinha várias referências dentro do campo do classic rock. David Bowie era uma delas.

Lamentavelmente, ambos já nos deixaram. Cornell tirou a própria vida em 18 de maio de 2017, aos 52 anos de idade. Pouco mais de um ano antes,em 10 de janeiro de 2016, Bowie faleceu, aos 69, após perder uma luta contra um câncer. Foi quando Chris teve a oportunidade de prestar uma bela homenagem ao ídolo, em texto publicado pela Rolling Stone EUA.

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Logo no início do artigo, o frontman do Soundgarden citou um álbum do artista que, em sua opinião, era como uma “faculdade de música”. A obra de outra banda também foi destacada nesse sentido. Ele disse:

David Bowie foi uma inspiração. Como compositor, ele teve essa vitalidade intensa ao longo de toda a sua carreira. [...] Lembro de ver o álbum Ziggy Stardust (intitulado na íntegra The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, 1972) em todos os lugares quando era criança. As pessoas costumavam colocar o vinil na sala, como parte da decoração. [...] Em algum momento, eu tinha visto Ziggy o suficiente para despertar meu interesse, então provavelmente o roubei de alguém. Ouvir aquele disco foi como ir para a faculdade, como os Beatles. As composições são incríveis. Eu não sabia nada sobre ele, e já era um pouco passado quando aquele álbum era um momento na cultura pop, mas não me importei. Eu estava interessado nas músicas e adorei cada música do álbum.”

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Não muito tempo depois, Chris assistiu a um vídeo da era Scary Monsters (and Super Creeps) (1980), quando David adotou uma sonoridade e, especialmente, um visual sem remeter a nada da época de Ziggy Stardust. Isso lhe trouxe um aprendizado.

“Quando Scary Monsters (1980) foi lançado, eu o vi se apresentando em um talk show e vi o vídeo de ‘Ashes to Ashes’, onde ele vestia uma estranha fantasia de palhaço europeu. Isso teve um impacto enorme em mim. Porque minha primeira interpretação dele era o personagem ruivo e andrógino Ziggy Stardust, e vê-lo assim me fez pensar: ‘Ah, você pode ser quem quiser. Você pode viver cem vidas. Você pode criar você mesmo e se recriar, e isso é viável’. Foi ele quem provou que isso funciona.”

Chris Cornell e David Bowie

Ao participar de uma sessão de fotos para a revista Vanity Fair, Chris Cornell teve a oportunidade de conhecer David Bowie. Havia outros artistas envolvidos na ocasião.

“Quase prefiro não conhecer alguém de quem sou fã, porque tenho medo de que essa pessoa diga ou faça algo que mude a forma como me sinto quando ouço sua música. Mas ele era um cara incrível, super inclusivo e caloroso. Sempre fico desconfortável na maioria das situações, e ele deixou todo mundo confortável. Nossa conversa foi tipo: ‘Como você está?’ e ‘Isso não é divertido? Não é emocionante estar na mesma sala com Stevie Wonder e Joni Mitchell ao mesmo tempo?’. Conversas normais. É como se ele percebesse que eu estava desconfortável e se esforçasse para aliviar esse desconforto. Foi um momento de compaixão para um cara que não precisava ser assim.”

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Em seus shows na carreira solo, o artista americano prestou homenagens ao ícone britânico com uma performance de “Lady Stardust”, canção vinda justamente de Ziggy Stardust. A faixa lembrava Cornell de um amigo que faleceu muito jovem: Andrew Wood, vocalista do Mother Love Bone a quem ele também prestou tributo com o projeto Temple of the Dog, no início da década de 1990.

“Por algum motivo, essa música me lembra Andy Wood. Eu queria tocá-la em homenagem a ele na época, mas acabei compondo um monte de músicas para o Temple of the Dog. Quando o Soundgarden se separou em 1998, me deparei com essa música e me lembro de estar sentado no meu carro na garagem ouvindo-a, e havia aquela letra: ‘Ele estava bem, a banda estava toda junta’, e é algo tão esperançoso. Minha banda tinha acabado de terminar. E isso realmente me destruiu. Então foi aí que comecei a fazer isso. Não a toquei mais do que algumas vezes ao vivo, mas é a única música dele que sempre me atraiu. Eu realmente amo isso.”

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Por Igor Miranda (@igormirandasite)

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.