Um dos maiores hits de todos os tempos, música do álbum Supernatural marca parceria entre vocalista do Matchbox Twenty e lendário guitarrista
Publicado em 07/09/2024, às 12h00
Não é exagero definir “Smooth”, clássico do Santana, como um dos maiores hits de todos os tempos. Os números da parceria do grupo que leva o sobrenome do guitarrista Carlos Santana com o vocalista Rob Thomas (Matchbox Twenty) ajudam a comprovar isso.
Além de ter ficado por doze semanas no 1º lugar do Billboard Hot 100 — principal parada de sucessos dos Estados Unidos —, a faixa lançada no álbum Supernatural (1999) também é a única música a aparecer em dois charts de décadas, dos anos 1990 e 2000. Mesmo após a sequência impressionante, a canção seguiu em alta e dá para dizer que nunca deixou de ser grande, marcando presença em rádios e playlists até hoje.
Segundo a própria Billboard, “Smooth” é uma das três músicas mais populares de todos os tempos — perdendo apenas para “Blinding Lights”, de The Weeknd, e “The Twist”, de Chubby Checker. E tudo isso aconteceu por um certo alinhamento dos astros, na visão de Thomas e Santana.
+++LEIA MAIS: Carlos Santana cancela oito shows após passar por 'procedimento cardíaco'
O guitarrista mexicano tem uma opinião mais conservadora sobre o sucesso da faixa, que para ele, tem relação com o amor. Ao jornal O Globo, ele disse:
O assunto (amor) está sempre fora do tempo. É o amante e o amado. O amor é uma coisa de que precisamos muito no rádio. Porque, para onde quer que você olhe, há mais filmes de exorcistas, mais Satanás, mais Lúcifer.”
Já Rob Thomas é mais prático: o cantor do Matchbox Twenty afirma que “Smooth” tem uma característica que não pode ser ignorada ao ser ouvida. Ele diz:
Para apreciar de verdade a canção 'Smooth', você tem de aceitar que ela é brega, isso é fato."
O vocalista reescreveu a letra e parte da melodia de “Smooth”, composta inicialmente pelo jazzista Itaal Shur, com o título de “Room 17”. Carlos Santana gostou tanto da demo feita pelo vocalista que o convidou para cantar na versão final, que originalmente teria George Michael nas vozes. Nada mais do que os astros se alinhando.
Assim como quase todo o álbum Supernatural, “Smooth” traz um ritmo de origem cubana e africana chamado de guajira, que é caracterizado pelo clima romântico e ao mesmo tempo quente.
Embora a temática latina seja escancarada, Santana não gosta do rótulo. Para ele, “música latina” é um conceito americano.
+++LEIA MAIS: Carlos Santana desmaia em show e é levado para hospital
O guitarrista comentou:
’Latino’ é uma palavra que veio de Hollywood, cunhada para qualificar amantes latinos como Fernando Lamas e Cesar Romero. Para nós, são apenas ritmos africanos. Minha música é 90% africana.”
Seja na África ou na América Latina, “Smooth” arrebatou corações e ainda conquistou três Grammys em 2000, além de todos os números — outros primeiros lugares nas paradas incluem Canadá e Croácia, além de ótimos resultados na Europa em geral.
Supernatural marcou um ressurgimento do Santana enquanto grupo capitaneado pelo músico mexicano. O álbum de estúdio passado, Milagro, havia saído sete anos antes, em 1992, e passou longe do impacto de seu sucessor. Isso porque uma verdadeira estratégia foi adotada para o novo disco: uma bem-sucedida tentativa de um revival, com a participação de vários artistas mais novos em um movimento orquestrado por Clive Davis, então chefe da gravadora Arista Records.
Estão no material nomes como Lauryn Hill, Cee Lo Green, Maná, Dave Matthews e o veterano Eric Clapton, que sempre carrega peso em sua presença. O resultado veio: mais de 30 milhões de cópias do trabalho foram vendidas no mundo todo.
+++LEIA MAIS: Documentário sobre Carlos Santana ganha trailer emocionante
Rob Thomas foi escolhido devido ao sucesso então recente do álbum de estreia do Matchbox Twenty, Yourself or Someone Like You (1996). Tanto que o produtor do disco da banda, Matt Serletic, ficou responsável também pela produção de “Smooth”, primeiro e principal dos seis singles de Supernatural.
A fórmula com os convidados foi repetida pelo Santana em seu álbum seguinte, Shaman (2002), com mais nomes fortes: Chad Kroeger (Nickelback), Seal, P.O.D. e até o tenor espanhol Plácido Domingo aparecem no disco. O mesmo se deu em All That I Am (2005), Guitar Heaven (2010) e Corazón (2014), onde vários artistas participam.
Thomas se tornou um colaborador recorrente do Santana, aparecendo como compositor em várias músicas. Ele e Carlos Santana ainda planejam lançar material juntos, incluindo alguns discos. Basta que o alinhamento dos astros que aconteceu em Supernatural ocorra novamente.
Colaborou: André Luiz Fernandes.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.