Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil
Música / Dependência

O curioso vício de David Bowie após largar as drogas, segundo Earl Slick

Já sóbrio nos últimos anos de vida, o “camaleão do rock” apostava em algo menos problemático do que a cocaína para relaxar em estúdio

Igor Miranda (@igormirandasite)
por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 14/08/2024, às 11h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
David Bowie e Earl Slick (Imagem: Patrick Riviere/Getty Images e Chris McKay/Getty Images)
David Bowie e Earl Slick (Imagem: Patrick Riviere/Getty Images e Chris McKay/Getty Images)

Como outros rockstars do passado, David Bowie teve problemas com drogas. Conforme os anos se passaram, o cantor conseguiu se desvencilhar da dependência química. No entanto, curiosamente, o artista substituiu um vício por outro — também prejudicial, mas não da mesma forma que entorpecentes.

A história foi contada por Earl Slick, guitarrista que esteve com Bowie em várias fases de sua trajetória, desde os tempos de Diamond Dogs (1974), com passagens pela banda do “camaleão” também nos anos 80 e 2000. O músico trabalhou ainda com John Lennon, Yoko Ono, David Coverdale, entre outros.

Em seu livro, Guitar (via American Songwriter), Slick descreveu inicialmente como funcionavam as coisas com David em meados de 1974:

Sentávamos na sala de controle e explodíamos nossos cérebros [com drogas], não começávamos a trabalhar até horas depois. Às vezes dias depois.”

Em 2012, quando Earl Slick colaborou com Bowie em The Next Day (2013), a situação já era bem diferente. Ele relembra:

Estávamos mais velhos, é óbvio, e não havia drogas – nenhuma. Em 2012, estávamos sóbrios há um longo tempo. Não era nem mais parte de nossas vidas. Mas o que fazíamos naquela época era beber muito expresso.”

Mas o cafezinho não era a única nova paixão de David Bowie: o negócio do artista eram os doces, especialmente os biscoitos de amêndoas torradas, como conta Slick:

Em uma grande confeitaria que está lá desde sempre, chamada Bella Ferrara, um lugar pequeno e oldschool, eu pegava biscoitos – que são insanamente bons – e levava para os ensaios. David destruía uma caixa inteira deles. Ele os matava junto com seu expresso, é claro. Quando chegamos a The Next Day, no meu primeiro dia, eu parei na confeitaria e peguei biscoitos. David pegou doces da Dean + DeLuca, e tínhamos uma máquina de expresso no estúdio, nós destruímos totalmente aquilo tudo.”

Regado a muitos doces e expressos, The Next Day foi o penúltimo álbum de inéditas lançado por Bowie ainda em vida, além de marcar um retorno do cantor, que não lançava material novo desde Reality (2003). O disco chegou ao primeiro lugar nas paradas do Reino Unido, Portugal, Argentina, Croácia, Alemanha, Nova Zelândia, entre vários outros países. Nos Estados Unidos, atingiu a 2ª posição.

Os vícios de David Bowie

O primeiro contato de David Bowie com as drogas aconteceu ainda nos anos 1960. Todavia, piorou muito a partir de 1974, especialmente quando esteve nos Estados Unidos. O cantor revelou à Rolling Stone EUA (via FHERehab):

Comecei com as drogas no fim de 1973 e então com força em 1974. Assim que fui para os Estados Unidos, pow! Estava disponível tão livremente naquela época. A ‘coca’ estava em todo lugar. Tenho uma personalidade muito aditiva, eu era louco por aquilo.”

A luta contra o vício foi iniciada ainda na segunda metade da década de 1970. O músico passou períodos em clínicas de reabilitação e sofreu episódios severos de depressão e mania.

Nos últimos anos de vida, o artista já tinha diminuído consideravelmente o uso de substâncias. Entretanto, frequentemente trocava a cocaína por álcool ou outra compulsão – incluindo os doces.

O cantor descobriu com o tempo uma pré-disposição genética não só ao abuso de entorpecentes, mas também aos problemas e desordens de origem psiquiátrica. Ele teve duas tias diagnosticadas com esquizofrenia e seu irmão, Terry Burns, cometeu suicídio em 1985 após alguns anos internado em uma clínica. Por tudo isso, o artista falecido de câncer em 2016 se dizia um sobrevivente apenas por ter conseguido chegar a uma idade mais avançada — ele tinha 69 anos quando nos deixou.

Colaborou: André Luiz Fernandes.