O detalhe na capa de Abbey Road que sinaliza uma ruptura para os Beatles
Observação foi feita por Geoff Emerick, engenheiro de som que trabalhou com a banda no período — e, pelo visto, estava atento aos detalhes
Igor Miranda (@igormirandasite)
Publicado em 02/01/2025, às 09h00A capa do álbum Abbey Road, dos Beatles, é uma das mais famosas da história da música. Nela, os fãs podem ver (da esquerda para a direita) George Harrison, Paul McCartney, Ringo Starr e John Lennon atravessando a rua do lado de fora dos estúdios da gravadora EMI, justamente na rua Abbey Road de Londres, na Inglaterra.
O que pouca gente sabe é que a foto, tirada por Ian Macmillan na manhã de 8 de agosto de 1969, traz um significado profundo - e pouco discutido pelos Beatles, já que aquele contexto não foi devidamente exercido. Geoff Emerick, engenheiro de som falecido em 2018, falou sobre o assunto em entrevista ao Music Radar no ano de 2014.
Inicialmente, ele admitiu que "não fazia ideia" de que Abbey Road seria o último álbum a ser registrado pelos Beatles. Embora tenha sido o penúltimo a ser lançado, foi gravado após seu sucessor, Let it Be (1970), que permaneceu engavetado por um tempo.
“Nada foi dito para indicar isso, ao menos não para mim. Até onde entendi, trabalharíamos em outro álbum no novo estúdio que eu estava construindo na Apple. A banda estava se dando melhor - o clima não era tão bom o tempo todo, mas estava bem melhor do que no ano anterior (1968).”
Foi aí que Emerick citou como a capa daquele álbum oferecia uma pista peculiar — não de que os Beatles acabariam, mas de que alguma grande mudança envolvendo a EMI estava por vir.
“A única dica dada a mim ou a qualquer pessoa estava na capa do disco, onde eles atravessam a rua. Para quem não conhece a geografia ali, eles estão saindo dos estúdios da EMI — ou dos estúdios Abbey Road, como todos o conhecem agora. Foi intencional da parte deles: eles não queriam caminhar em direção ao estúdio. Quando vi a foto, achei que estavam mandando uma mensagem.”
Beatles e problemas com a EMI
A relação dos Beatles com a EMI, de fato, não era das melhores. Mesmo sendo a maior banda do mundo naquela época, não havia nenhum tipo de privilégio.
“Eles estavam encarcerados na EMI. Passaram a odiar aquele estúdio. Não era o estúdio mais luxuoso do mundo: era gelado e desconfortável. A EMI era muito lenta para abraçar novas tecnologias - fomos os últimos a comprar sistemas de gravação de quatro pistas e de oito pistas. Abbey Road foi o primeiro álbum onde uso um console de oito pistas.”
O caso narrado por Geoff Emerick deixou até mesmo o entrevistador confuso: por que os Beatles não poderiam exigir melhores equipamentos e acomodações?
“Era contra as regras da EMI. Lembro que em dado momento eles queriam algumas luzes cobertas no estúdio 2, como uma iluminação ambiente, e a resposta que tiveram foi: 'não podemos fazer esse tipo de coisa'. A banda teve que montar sua própria área no estúdio 2, com pequenas lâmpadas próprias e outras coisas para deixá-lo mais 'caseiro'.”
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