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Música / Rock

O detalhe pelo qual mulheres no rock são julgadas e homens não, segundo a Haim

Este, Danielle e Alana refletiram sobre diferença de tratamento na indústria musical, especialmente no estilo musical em questão

Por Igor Miranda (@igormirandasite)
por Por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 29/07/2023, às 19h17

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Imagem O detalhe pelo qual mulheres no rock são julgadas e homens não, segundo a Haim

Uma das sensações do indie rock na última década, as irmãs Haim existem enquanto banda há ainda mais tempo. Desde a infância, Este (baixo e voz), Danielle (guitarra e voz) e Alana Haim (piano, guitarra e voz) tocam juntas. Em 2007, formaram o grupo com o qual se destacaram a partir de 2013, com o lançamento do primeiro álbum, Days Are Gone.

Pode não parecer, mas o caminho das irmãs - que hoje têm entre 31 e 37 anos - até o estrelato foi longo. Segundo as próprias artistas, muitas portas estavam fechadas para elas simplesmente por serem mulheres tocando rock.

Em entrevista à Elle UK, o trio revelou que tinha dificuldade para fechar shows em seu país natal, Estados Unidos, mesmo já tendo contrato com gravadora e álbum lançado. “Ninguém queria nos contratar”, contou Alana, cuja fala foi complementada por Danielle:

“A quantidade de pessoas que diziam: ‘vocês nunca vão conseguir, desistam!'. As pessoas diziam para nós: ‘você nunca conseguirá um contrato com uma gravadora… uma banda de rock feminina, infelizmente, não é algo que você vê por aí’. As pessoas costumavam dizer essas m#rdas o tempo todo. Mas éramos tão focadas… além de sermos irmãs, somos como uma matilha de lobos.”

Alana Haim, ao retomar a fala, destacou:

“Fizemos tantas coisas em nossa carreira, apesar do que as pessoas da indústria disseram. Falaram que nunca conseguiríamos vender todos os ingressos para um show em um local, daí íamos lá e conseguíamos. Diziam: ‘você nunca será a atração principal de um festival’, aí fomos lá e conseguimos. Isso nos alimenta.”

O que só bandas de rock masculinas podem

Ainda durante a entrevista, as irmãs Haim apontaram as diferenças de tratamento entre bandas de rock masculinas e femininas. Na reflexão destacada por elas, mulheres precisam se provar muito mais do que homens dentro do estilo, caso contrário, não são vistas como “roqueiras de verdade”.

Isso se traz, por exemplo, na presença de solos de guitarra ou no uso da dança como forma de expressão complementar à música. Danielle foi a responsável por apresentar o pensamento:

“Em nossos dois primeiros discos, não há muitos solos de guitarra. E dançamos em nossos videoclipes, porque amamos dançar. Mas algumas pessoas descartam isso e chegam a dizer: ‘oh, eles não tocam seus próprios instrumentos’. Só gostamos de nos mexer!”

Ela, então, concluiu da seguinte forma:

“Algumas bandas masculinas podem se safar dançando e não colocando solos de guitarra em seus álbuns e ainda são consideradas uma banda de rock. Nós não. A partir de nosso terceiro álbum, ficamos um pouco mais conscientes disso.”

Sobre a Haim

As talentosas irmãs Haim representaram na última década uma das grandes revelações do pop/indie rock contemporâneo. Logo com seu álbum de estreia, Days Are Gone (2013), venderam mais de 300 mil cópias no Reino Unido, conquistando certificação de platina no embalo do hit “The Wire” e outros singles como “If I Could Change Your Mind”, “Falling” e “Don’t Save Me”.

Os discos posteriores, Something to Tell You (2017) e Women in Music Pt. III (2020), também tiveram boa repercussão, atingindo posições altas nas paradas do Reino Unido, Estados Unidos, Austrália e Irlanda, entre outros países. Gravaram ainda parcerias com Bastille, Calvin Harris e Taylor Swift, além de terem contado com ninguém menos que Lizzo, pouco antes de estourar, como atração de abertura em uma turnê de 2018.

Em 2015, as irmãs foram indicadas ao Grammy de Artista Revelação. Seis anos depois, concorreram aos prêmios de Álbum do Ano (porWomen in Music Pt. III) e Melhor Performance de Rock (por “The Steps”).

Por Igor Miranda (@igormirandasite)

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.