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Música / Kiss

O disco de jazz adorado por Eric Singer, baterista do Kiss

Embora tenha feito história na música pesada, instrumentista teve pai bandleader e mãe violinista

Igor Miranda
por Igor Miranda

Publicado em 08/09/2023, às 10h30

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Eric Singer (Foto: Getty Images)
Eric Singer (Foto: Getty Images)

Eric Singer tem seu nome escrito na história da música pesada. Não apenas por sua longeva passagem pelo Kiss — de 1991 a 1996 e a partir de 2004 até o encerramento da banda —, como também pelos trabalhos com Alice Cooper, Black Sabbath, Lita Ford, Brian May (Queen) e Gary Moore. Fora o supergrupo Badlands, com músicos que passaram pelo Sabbath e pela banda de apoio de Ozzy Osbourne.

Porém, suas origens não têm nada a ver com hard rock ou heavy metal. O já falecido pai de Singer também era músico e atuava como bandleader de grupos de jazz. Geralmente, assumia o saxofone, mas também sabia tocar violino — como a mãe dele, que ainda era cantora. Desde cedo ligado à bateria, Eric começou a tocar junto do pai aos 14 anos.

Por isso, não é de se espantar que o background musical do artista seja relativamente amplo. Ele deu uma demonstração disso ao ser convidado pela revista Goldmine (via site Igor Miranda) a escolher os 10 discos que mudaram sua vida. Em meio a vários nomes ligados ao rock, como Pink Floyd e Led Zeppelin, o baterista mais longevo da história do Kiss citou um álbum lendário de jazz: Kind of Blue, lançado por Miles Davis em 1959.

Inicialmente, Singer admitiu que Kind of Blue não representa exatamente o subgênero de jazz que faz seu coração bater mais forte. Porém, o trabalho de Davis por aqui é tão bom que o “obriga” a abrir uma exceção.

“Eu amo este álbum, mas quando se trata de jazz, eu realmente prefiro o bebop do final dos anos 50 e início dos anos 60. Agora, veja bem, assim como temos todas essas categorias e subcategorias de gêneros, também sei que os músicos de jazz fazem a mesma coisa dentro do espectro do estilo. Mas Kind of Blue foi enorme; vendeu mais de 5 milhões de discos, mesmo antes de Miles ter seu famoso quinteto.”

Em seguida, o titular final da maquiagem de Catman no Kiss apontou o que considera ser o grande mérito de Kind of Blue enquanto trabalho musical.

“É um disco que você pode colocar a qualquer momento como música de fundo, se sentar, ouvir e curtir o que está acontecendo. Eu amo qualquer álbum dele. Miles Davis gerou a carreira de tantos grandes músicos, e você não percebe até voltar e ouvir muitas de suas obras.”

O talento de Miles Davis, por Eric Singer

Ao fim de sua declaração, Eric Singer apontou um dos grandes talentos de Miles Davis de forma geral, não apenas com relação ao que foi feito em Kind of Blue.

“Outra coisa sobre ele é que sempre foi experimental e à frente da curva. Criou esses novos estilos de jazz enquanto eles se desenvolviam. É interessante olhar para todas as bandas que tiveram pessoas que tocaram com Miles nelas e como todas elas se tornaram grandes.”

Um dos álbuns mais populares de jazz da história, Kind of Blue traz Miles Davis explorando o que se chama de jazz modal, com músicas compostas a partir dos modos, ou escalas, em vez de acordes. Isso deixou a sonoridade mais simples e melódica em comparação ao bebop mencionado por Singer anteriormente. E é por essa razão que o baterista comenta que pode ouvir o disco a qualquer momento: sua sonoridade mais direta o torna uma boa pedida a qualquer momento, além de ser bastante indicado para começar a conhecer o estilo musical em questão.

Igor Miranda

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.