Baixista não surpreendeu em sua escolha, embora tenha feito comentários interessantes a respeito do álbum e de seu maior hit
Publicado em 21/04/2024, às 10h00
O Deep Purple se consolidou, ainda no início da década de 1970, como uma das bandas mais importantes das ramificações pesadas do rock. Frequentemente creditado como um dos pioneiros do heavy metal, o grupo inglês lançou uma série de trabalhos relevantes, não apenas em seu período inicial de existência, como também em fases posteriores.
Ainda assim, há um álbum que se destaca dos demais na opinião deRoger Glover. Sem grandes surpresas, o baixista apontou Machine Head (1972) como o disco mais importante da trajetória da banda.
Pudera. O trabalho lançado em 25 de março de 1972 carrega algumas das músicas mais populares do Purple, a exemplo de “Smoke on the Water”, “Highway Star”, “Lazy” e “Space Truckin’”. Muitas delas são tocadas ao vivo até hoje. Em entrevista ao Consequence, Glover refletiu:
“Não se pode esconder o fato de que se tornou basicamente ‘o álbum’ que definiu o Purple. Não parecia assim na época, mas foi apenas com o passar do tempo, das décadas e das reedições, etc. Ainda é o modelo do que é o Deep Purple.”
Curiosamente, o sucesso obtido com Machine Head começou a minar as relações internas do Deep Purple. As divergências entre o vocalistaIan Gillane o guitarrista Ritchie Blackmore se tornaram enormes conforme a turnê de divulgação do álbum ocorria. Ao fazer o disco seguinte, Who Do We Think We Are (1973), os dois já não estavam mais em sintonia. Blackmore venceu a queda de braço, fazendo Gillan e Glover saírem da formação — que seria refeita com David Coverdale nos vocais e Glenn Hughes nos vocais e baixo.
Tal configuração durou até 1976, com Blackmore saindo um ano antes e sendo substituído por Tommy Bolin. A formação “clássica” do Purple, com Gillan, Blackmore, Glover, o tecladista Jon Lord e o baterista Ian Paice, se reuniria em 1984, com novas dissidências na década de 1990.
Muito do sucesso de Machine Head vem do hit “Smoke on the Water”, canção dona de um dos riffs mais icônicos da história do rock. Na mesma entrevista ao Consequence, porém, Roger Glover conta que a música foi tratada como uma qualquer ao ter sido feita.
“Era apenas mais um riff, como o de ‘Into the Fire’. Não demos grande importância e não estava nem sendo considerada uma faixa para o álbum. Soou bagunçada no primeiro ensaio. Não trabalhamos no arranjo, era apenas um improviso. ‘Smoke’ só entrou no álbum, para preencher o tempo, porque estávamos com poucas músicas. No vinil, o tempo ideal para boa qualidade sonora era de 38 minutos — 19 de cada lado do LP. Faltava cerca de sete minutos e tínhamos apenas um dia para gravar.”
Curiosamente, em entrevista recuperada pelo site Igor Miranda, o baixista declarou ter visto a canção como especial logo de cara.
“Sempre grave tudo o que fazemos, especialmente quando tocamos nos ensaios. Essa prática começou quando ouvi Ritchie tocar aquele riff matador, e quando paramos, pedi para ele tocar de novo e ele perguntou ‘Que riff?’ – ele nem tinha se dado conta do que tinha tocado! Muitas das nossas músicas vêm de jams, e aquele riff poderia servir de base para uma boa música.”
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.