Líder do Megadeth citou banda inglesa que não chegou a ser fenômeno de vendas, mas influenciou vários ícones do hard rock e heavy metal
Publicado em 10/11/2023, às 08h30 - Atualizado às 08h45
Embora seja lembrado por sua voz característica, Dave Mustaine é, primariamente, um guitarrista. Era, inclusive, a única função que ele assumia no Metallica, antes de ser dispensado da banda e formar o Megadeth — onde também se responsabilizou pelo microfone principal após tanto procurar por cantores.
E mesmo dispondo de alguns dos melhores guitarristas do heavy metal, como Marty Friedman, Chris Poland, Al Pitrelli e Kiko Loureiro, Mustaine nunca deixou de gravar e executar seus próprios solos. Afinal de contas, ele se estabeleceu como um revolucionário do instrumento ao introduzir algumas técnicas bastante populares no segmento da música pesada, como o chamado “spider chord” (“acorde aranha”, em tradução grosseira para o português), que promove rápidas transições de acordes.
Toda essa história começou, de verdade, com um disco de hard rock lançado na década de 1970. Trata-se de um trabalho também revolucionário, especialmente por ter exercido influência em vários outros músicos do segmento, mas não foi exatamente um estouro em vendas: Phenomenon, terceiro álbum de estúdio do UFO, banda de hard rock formada na Inglaterra.
Para os menos acostumados ao tema, a referência mais fácil para se chegar ao UFO é o vínculo de Michael Schenker com o Scorpions. O guitarrista alemão fez parte da banda em duas ocasiões diferentes na década de 1970 e é irmão de Rudolf Schenker, responsável pelo mesmo instrumento no grupo.
No entanto, o UFO em si foi tão influente a ponto de ser mencionado como referência também por músicos do Metallica, Iron Maiden, Judas Priest, Def Leppard, Saxon, entre vários outros. Não à toa, é creditado como um dos pioneiros do heavy metal da forma como o conhecemos.
Em entrevista à Spin (via site Igor Miranda), Dave Mustaine foi convidado a selecionar os cinco discos que mudaram sua vida. A escolha pelo UFO se deu justamente através de Phenomenon, responsável por apresentar canções clássicas como “Rock Bottom” e “Doctor Doctor” — esta última, tradicionalmente usada em gravações para iniciar os shows do já mencionado Iron Maiden. O líder do Megadeth comenta:
“Eu era um jovem surfista punk quando ouvi esse disco pela primeira vez. Alguém colocou ‘Rock Bottom’ para tocar em uma festa de quintal em Huntington Beach. Montávamos o equipamento de som, comprávamos um barril de cerveja, as pessoas vinham e conviviam enquanto ouvíamos música. Era um modo de vida.”
Quando Phenomenon começou a rolar, foi amor à primeira escutada.
“Phenomenon foi um daqueles discos que ouvi e simplesmente me apaixonei por tocar guitarra, me iniciou nesse caminho.”
Em outra ocasião, agora à revista Metal Hammer(via site Igor Miranda), Dave Mustaine foi convocado a escolher dez discos sob a mesma proposta: que mudaram sua vida. Phenomenon, do UFO, também esteve lá e foi inserido na categoria “álbum que me lembra a escola”.
“É esse ou Let There Be Rock (1977) do AC/DC. Foram os dois que mais ouvi nesse período. Black Sabbath estava sendo tocado bastante ao mesmo tempo, mas não me lembro qual era… Acho que tinha ‘Changes’, então era o ‘Vol.4’. Enrolávamos baseados de 50 centavos e ouvíamos ‘Changes’. Era a música que menos gostava, por isso lembro dela em particular. Mas eu vou com UFO. Ouvimos muito esse disco.”
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.