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Música / Cena de Seattle

O grande diferencial das bandas grunge, segundo guitarrista do Soundgarden

Kim Thayil refletiu em entrevista sobre como a cena de Seattle se desenvolveu a ponto de adquirir uma sonoridade única

Igor Miranda
por Igor Miranda

Publicado em 04/02/2024, às 16h51

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Kim Thayil (Foto: Tommaso Boddi/Getty Images)
Kim Thayil (Foto: Tommaso Boddi/Getty Images)

As bandas do chamado movimento grunge promoveram uma verdadeira revolução no rock durante o início dos anos 1990. A sonoridade pesada e melancólica de grupos como Nirvana, Soundgarden, Alice in Chains e Pearl Jam, só para ficar nos exemplos principais, serviu como contraponto à estética que estava em voga na década de 1980.

Na opinião de Kim Thayil, o sucesso não foi por acaso. O guitarrista do Soundgarden refletiu sobre o assunto em entrevista a Pete Thorn (via Killer Guitar Rigs) e apontou qual considera ser o grande diferencial dos grupos que faziam parte do chamado grunge — embora ele próprio refute tal rótulo.

Inicialmente, Thayil destacou uma compilação chamada Deep Six, gravada em 1985 e lançada no ano seguinte. O material trouxe músicas de seis bandas de Seattle: Melvins, Green River, Malfunkshun, Skin Yard e U-Men, além do Soundgarden. Ali, segundo Kim, já era possível notar uma “identidade estilística particular” que ele define da seguinte forma:

Ficou claro que havia uma série de bandas que surgiram do movimento indie underground punk que usavam ritmos mais lentos ou padrão em oposição aos modelos hardcore.

Ainda segundo o guitarrista, levou algum tempo até que a banda tivesse consciência do mencionado diferencial — usar ritmos mais lentos e arrastados em relação a outras bandas.

Quando começamos, tocávamos rápido e em tempos mais padrão. Nem sabíamos que estávamos fazendo isso, apenas tentamos tocar um pouco rápido, ao mesmo tempo em que acomodávamos os vocais. Chris [Cornell] não era propenso a gritar e berrar muito rápido atrás da bateria com algum compasso estranho. Nosso interesse nos tipos de coisas que estávamos compondo, na maneira como tocávamos, meio que se afastou do hardcore.

Thayil destacou que o hardcore exerceu, sim, influência na cena grunge. Contudo, o movimento era um pouco mais diverso.

Havia algumas outras bandas mais hardcore na cena, como Melvins e Malfunkshun. Mas o Malfunkshun tinha esse tipo de inclinação para bandas de metal, como Venom e Mercyful Fate. Os Melvins eram realmente artísticos, mas eram definitivamente uma banda de punk rock ou hardcore. Então, da noite para o dia, eles começaram a tocar de forma desacelerada e fazer coisas realmente pesadas, alucinantes e estranhas. E isso estava acontecendo também com o Green River. Quando o Green River foi formado, as conversas que Mark [Arm, vocalista do Green River e posteriormente Mudhoney] e eu tivemos antes da formação do Green River ou do Soundgarden eram sobre nossos interesses e influências de bandas como os Stooges.

Grunge e o marketing à parte

Ainda em seu relato, Kim Thayil reconheceu ter entendido, desde os primórdios, que havia algo de diferente acontecendo nas bandas de Seattle. Não era algo coordenado, mas todos aqueles músicos formavam algo maior, de certo modo.

No entanto, o guitarrista do Soundgarden afirma que ninguém de dentro tentou rotular esse movimento. Para ele, o nome “grunge” era mais algo de marketing do que qualquer outra coisa.

As pessoas eram muito fiéis ao espírito do punk rock e Seattle estava fazendo algo diferente. Estávamos muito conscientes disso, mas não ficávamos achando que aquilo era grunge — isso se tornou uma coisa de marketing.
Igor Miranda

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.