O grande diferencial do Metallica no início, segundo Kirk Hammett
Guitarrista destacou pontos como definição bem clara do som que fariam e pertencimento a uma cena maior local
Igor Miranda
Publicado em 18/09/2023, às 11h00Quando o Metallica lançou seu primeiro álbum, Kill ‘Em All, em 1983, heavy metal não era exatamente uma novidade. Bandas como Black Sabbath, Judas Priest, Iron Maiden, entre tantas outras, já construíam carreiras sólidas no segmento.
Porém, havia algo diferente no grupo americano, creditado posteriormente como um dos pioneiros do chamado thrash metal. O som apresentado em seus primórdios era como uma fusão entre elementos da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM — em tradução livre, Nova onda do heavy metal britânico) e do punk rock. Ambos os movimentos viveram seus auges entre o fim da década de 1970 e início dos anos 1980.
O que havia de tão distinto no Metallica segundo um de seus integrantes mais longevos? O guitarrista Kirk Hammett, que se juntou ao grupo em 1983 na vaga deixada por Dave Mustaine, apresentou uma reflexão sobre o assunto em entrevista à rádio americana 93.3 WMMR (via Blabbermouth / site Igor Miranda).
Hammett admitiu que ainda fica impressionado ao ouvir Kill ‘Em All e seu sucessor, Ride the Lightning (1984). O guitarrista observou que eram todos “muito jovens”, mas bem decididos com relação ao que queriam fazer. Isso foi o grande diferencial.
“Tínhamos uma visão muito clara do que queríamos fazer, como queríamos soar, como queríamos executar as coisas, o tipo de música que queríamos criar. Por mais jovens que fôssemos, todos tínhamos uma visão coletiva e sabíamos exatamente o que queríamos. O que estávamos buscando era único.”
Curiosamente, aquela não era a primeira banda importante de thrash metal a ter Kirk na formação. Antes de se juntar ao Metallica, ele fez parte do Exodus, outro grupo considerado seminal para o subgênero — ainda que não tenha conquistado o mesmo sucesso. Na entrevista, citou os ex-colegas e outros artistas do segmento, no geral também pertencentes a uma mesma região, a Bay Area de San Francisco, nos Estados Unidos.
“Poucas outras bandas tinham a mesma visão. Éramos nós, o Slayer, Anthrax, Megadeth, Exodus, Overkill, Testament… Tínhamos um objetivo conjunto. Mas o que me impressiona é que temos mais ou menos a mesma idade. Não sei se isso acontece hoje em dia. Você encontra apenas um grande grupo de pessoas, uma cena em que todos estão na mesma coisa e se apoiando. E então as gravadoras começaram a dizer: ‘o que está acontecendo?’ e ficaram curiosos.”
Metallica fez história
Outro ponto levantado por Kirk Hammett durante a entrevista foi o impacto provocado pelo Metallica e as outras bandas de thrash metal. Isso, segundo ele, não era mensurável à época. Somente nos anos seguintes é que deu para sentir.
“Meio que estávamos apenas seguindo o fluxo das coisas. Não parávamos e refletíamos sobre o que havíamos conquistado. Hoje, 40 anos depois, sou capaz de fazer isso e dizer: ‘cara, nós realmente conseguimos’.”
Dono de uma trajetória campeã, o Metallica é a banda de metal mais bem-sucedida da história. São mais de 125 milhões de discos vendidos em todo o planeta, em contagem atualizada no ano de 2018. Somente um desses trabalhos, o homônimo de 1991 (também conhecido como Black Album), teve mais de 30 milhões de cópias comercializadas no globo. Nos Estados Unidos, este é o disco de maior sucesso desde o ano em que foi lançado, com 16 milhões de unidades por lá.
Nos palcos, o grupo também se destaca. Sua WorldWired Tour, realizada entre 2016 e 2019, é a 12ª turnê musical de maior arrecadação da história, com US$ 430 milhões obtidos a partir de 143 apresentações.