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Música / Crítica

O grande problema das faculdades de música no Brasil, segundo guitarrista do Angra

Rafael Bittencourt é formado em Composição e Regência, mas enxerga situação complicada nos cursos superiores desta área no país

Igor Miranda
por Igor Miranda

Publicado em 17/09/2023, às 11h00

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Banda Angra (Foto: Henrique Grandi)
Banda Angra (Foto: Henrique Grandi)

Nem todos os músicos profissionais, populares ou não, têm formação acadêmica em música. De acordo com o site Guia da Carreira, existem 108 faculdades certificadas pelo Ministério da Educação (MEC) que oferecem o curso superior em todo o Brasil. Ainda assim, muitas pessoas que almejam seguir na área não contempla a possibilidade de se graduar.

Na visão de Rafael Bittencourt, há motivo para isso. O guitarrista do Angra, que é graduado em Composição e Regência pela Faculdade de Artes Santa Marcelina, acredita que as faculdades de música no Brasil apresentam um grande problema: não ensinam a ganhar dinheiro.

A reflexão foi feita durante entrevista ao podcast Venus (via Whiplash). Na visão de Bittencourt, as instituições nacionais deveriam “oferecer cursos profissionalizantes” para abarcar diferentes demandas.

“Eu comecei a gostar da faculdade de música, mas tinha seus problemas. Acho que no Brasil a universidade de música precisa abrir o leque para oferecer cursos profissionalizantes. Não é nada assim. Por exemplo, se o cara quer fazer trilha para filme, não tem nada específico para isso lá dentro.”

Ainda segundo Rafael, os responsáveis pelos cursos superiores da área no país “odeiam” quem ganha dinheiro com suas próprias composições.

“No curso de composição não é assim. É complicado. É um curso muito voltado para composição acadêmica, não para ganhar dinheiro com isso. Eles odeiam! Imagina, ganhar dinheiro com composição? Isso não!”

Rafael Bittencourt e a rentabilidade na música

Ao concluir seu pensamento, Rafael Bittencourt reforçou sua crítica ao posicionamento de faculdades de música no Brasil. O músico do Angra destacou que, muitas vezes, os acadêmicos só valorizam aqueles que nunca fizeram sucesso — como se isso fosse um comprovante de qualidade do trabalho.

“O artista quanto mais pobre e f#dido, é mais nobre. Tipo: ‘olha só minha música que nunca foi tocada, mas gastei anos elaborando uma teoria que endosse’. Bicho, eu não queria morrer de fome! Queria que minha música fosse ouvida.”

Preocupação com as composições

Em outra entrevista, de 2021, à Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus), Rafael Bittencourt contou um pouco mais sobre sua trajetória enquanto artista formado em Composição e Regência. O guitarrista deixou claro que desde sempre queria fazer de suas composições o guia de sua carreira na área.

“Tive também a grande oportunidade de estudar fora do Brasil, estudei guitarra nos Estados Unidos. Quando voltei fiz faculdade de música – sou formado em Composição e Regência – e o meu caminho principal dentro da música é a composição. Para mim sempre foi muito claro que eu queria saber como compor uma boa música. Na composição você não precisa de técnicas tão sofisticadas, mas precisa ter feeling. Sempre procurei compor canções, ou seja, música com letra para banda (banda de rock). Esse ‘querer’ sempre foi muito claro na minha cabeça, então toda informação, vivência, aprendizados em geral fui convertendo para essa necessidade. Por isso é tão importante estar claro o que o aspirante a guitarra realmente quer para a sua carreira, saber filtrar o que realmente importa para ele.”
Igor Miranda

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.