Rock

O grande trunfo do Guns N’ Roses em “Appetite”, segundo Gene Simmons

Baixista e vocalista do Kiss já era um veterano do rock quando Axl Rose e companhia surgiram, mas isso não impediu sua admiração

Igor Miranda

Publicado em 11/10/2023, às 09h30
Gene Simmons (Foto: Getty Images)
Gene Simmons (Foto: Getty Images)

Quando surgiu, na segunda metade da década de 1980, o Guns N’ Roses deu um verdadeiro chacoalhão no rock. À época, muitas bandas estavam adotando sonoridades consideradas mais pasteurizadas, com exageros de produção e sintetizadores em primeiro plano. Quando Axl Rose, Slash e companhia chegaram, tornaram a colocar em evidência um tipo de som mais orgânico, trazendo os holofotes de volta à dinâmica de guitarras, baixo e bateria.

Isso se deu logo em Appetite for Destruction (1987), primeiro álbum de estúdio do grupo então completo por Izzy Stradlin, Duff McKagan e Steven Adler. As vendas não foram boas em seus primeiros meses de lançamento, mas o trabalho emplacou e se tornou um fenômeno de vendas, hoje acumulando 30 milhões de cópias comercializadas em todo o planeta.

O disco em questão foi mencionado em 2015 por Gene Simmons como um de seus favoritos de todos os tempos. O baixista e vocalista do Kiss já era um veterano do rock quando o Guns apareceu, mas isso não impediu sua admiração pelos então novatos. Ao The Quietus(via site Igor Miranda), ele destacou qual foi o grande mérito do GN’R em Appetite for Destruction:

“Esse disco trouxe a honestidade de que o rock and roll estava sentindo falta. Os anos 80 foram uma época terrível, quando as guitarras não soavam como guitarras e havia baterias eletrônicas. Mas de repente aí vem esse grupo, o Guns N’ Roses, que conectava suas guitarras e simplesmente não tinha nada sofisticado.”

Em seguida, o maior linguarudo do rock traçou paralelos entre um dos grandes hits do trabalho, “Welcome to the Jungle”, e outros clássicos do estilo.

“As músicas eram incontestáveis! ‘Welcome to the Jungle’ é incontestável da mesma forma que ‘Satisfaction’ (Rolling Stones) tem aquele ótimo riff com a letra em cima. Ótimas letras, ótima imagem, e assim que você ouve aquela voz estridente que remete a uma abordagem de canto de Robert Plant (Led Zeppelin), que não era ouvida há um bom tempo… Bem, ainda funciona hoje. Isso deve ter 30 anos, mas se você colocar para tocar hoje, se fosse uma banda totalmente nova, eu diria: ‘Quem é esse?’ Essa introdução é quase sinfônica e apenas definiu a banda. Você ouve essa música e então o resto do álbum segue. ‘Welcome to the Jungle’ tem cabeça, mãos e pés acima do outro material.”

Por fim, o músico responsável pelo alter ego de Demon no Kiss apontou:

“As bandas têm algumas músicas que simplesmente se destacam, sabe? Você pensa em Thin Lizzy, você pensa em ‘The Boys are Back in Town’. Você pensa nos Stones, você pensa em ‘Satisfaction’. Você pensa em Led Zeppelin, você pensa em ‘Stairway to Heaven’. Existem apenas algumas músicas que, seja por causa da melodia, da letra ou do som da música, dizem intrinsecamente: ‘É isso’. A única banda que não tem isso, só porque tem tantas músicas boas, são os Beatles.”

Kiss e Guns N’ Roses

Em outra parte de sua declaração, Gene Simmons refletiu sobre a possível influência do Kiss no Guns N’ Roses. Sabe-se que os integrantes da banda, em especial o baterista Steven Adler, eram grandes fãs do grupo mascarado. O vocalista e guitarrista Paul Stanley, parceiro de Simmons em toda a carreira, chegou a ser sondado para produzir Appetite for Destruction. Gene destaca:

“Não sei se nós os influenciamos. Nunca prestamos atenção em nada. As pessoas podem ser influenciadas ou não, mas no final das contas você fica por conta própria. Quando você pensa sobre isso, os Beatles foram influenciados pela Motown, The Everly Brothers, Chuck Berry, etc, mas quando você os ouve, é algo deles. É como cozinheiros. Todo mundo usa sal, todo mundo usa verdura, não tem nada de único, mas a forma como você mistura esses elementos faz com que seja seu ou não. Se você consegue pegar um estilo, acho que tem a ver com talento. Todo mundo cozinha, mas poucos são cozinheiros.”