Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil
Música / SINCERÃO

O ícone do rock que não está nem aí se for plagiado por IA

Preocupações sobre tecnologia substituir artistas por completo não afetam Elvis Costello por razões um tanto simples — e curiosas

Igor Miranda (@igormirandasite)
por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 27/11/2024, às 08h30

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Elvis Costello (Foto: Sergione Infuso / Corbis via Getty Images)
Elvis Costello (Foto: Sergione Infuso / Corbis via Getty Images)

A discussão sobre o uso de inteligência artificial na arte, especialmente na música, tem gerado debates acalorados. Cantores e instrumentistas ficam receosos de serem completamente substituídos pela tecnologia, que já consegue criar canções a partir de sucintos comandos de texto. Não é o caso, porém, de Elvis Costello.

Um dos nomes mais influentes da chamada new wave e aclamado como um dos grandes compositores de sua geração, o vocalista e guitarrista se declarou despreocupado em relação a algum robô imitar seu estilo ou até mesmo emular sua voz. A razão foi explicada durante entrevista ao The Telegraph (via Classic Rock).

Com sua eloquência habitual, o inglês declarou:

“Ninguém quer ser eu de qualquer maneira, então não vejo alguém concebendo um algoritmo que esteja especificamente tentando rastrear meu estilo. Isso não vai acontecer.”

De forma ainda mais clara, Costello garantiu que quem se dispor a desenvolver uma solução tecnológica do tipo nem ao menos será recompensado. Afinal de contas, ele mesmo não ficou rico fazendo o que faz.

“Não há como ganhar dinheiro com isso! Confie em mim. Eu vivo em um universo diferente da inteligência artificial. Então eles podem continuar com toda essa fantasia — entre no seu foguete e não volte mais!”

Elvis Costello sem nostalgia

Outro ponto abordado por Elvis Costello durante a entrevista é sua ausência do mainstream. Ainda que tenha lançado alguns hits e álbuns clássicos, angariando uma legião de fãs fiéis, o músico de 70 anos sabe que não é um artista com trabalho de grande exposição. No fim das contas, o argumento volta ao motivo pelo qual ele acha que não seria imitado por nenhuma inteligência artificial.

“Estou fora do mercado da música pop há 40 anos. Muitas pessoas acham que não há nada além de ‘Oliver’s Army’ [música de 1979], ou simplesmente não ouviram. Não sou sentimental e sou a pessoa menos nostálgica que você conhecerá. Não quero voltar para o passado. Eu vivi isso uma vez, foi o bastante, obrigado.”

E se Costello resolvesse começar sua carreira hoje? Que tipo de músico seria? Essa pergunta foi feita a ele, que também deu uma resposta pouco convencional.

“A rigor, não acho que sou músico agora, depois de todos esses anos. Isso não é falsa modéstia. Eu não seria contratado para estar na banda de outra pessoa. Sou um escritor que usa a música como carruagem para fazer as coisas acontecerem. Se eu estivesse começando agora, talvez eu estivesse menos encorajado.”

Ainda bem que o segundo Elvis mais popular do rock iniciou sua trajetória em outra época. Isso deu aos fãs mais de 30 álbuns gravados, com o mais recente sendo The Boy Named If, de 2022. E apesar da alegada falta de sucesso em larga escala, Costello acumula mais de 10 discos de ouro, prata e platina. Seu lançamento de inéditas mais vendido nos Estados Unidos é a estreia My Aim is True (1977), enquanto que, no Reino Unido, acumulou seis certificações de ouro com This Year's Model (1978), Armed Forces (1979), Get Happy!! (1980), Almost Blue (1981), Blood & Chocolate (1986) e Spike (1989).

+++ LEIA MAIS: Elvis Costello sobre não processar Olivia Rodrigo por 'Brutal': 'Seria ridículo'
+++ LEIA MAIS: O único artista que pode usar inteligência artificial na música, segundo Alice Cooper
+++ LEIA MAIS: A inesperada opinião de Mark Zuckerberg sobre uso de IA na música

Igor Miranda (@igormirandasite)

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.