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Música / METAL

O integrante que expandiu os horizontes do Metallica, segundo James Hetfield

Banda de metal tem discografia marcada pela versatilidade, elemento que começou a ser obtido a partir de um músico em especial

Igor Miranda (@igormirandasite)
por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 06/12/2024, às 15h16

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Metallica em 1984 (Foto: Fin Costello / Redferns / Getty Images)
Metallica em 1984 (Foto: Fin Costello / Redferns / Getty Images)

A primeira formação do Metallica, banda fundada em 1981, trouxe James Hetfield nos vocais e guitarra, Lars Ulrich na bateria, Dave Mustaine na guitarra e Ron McGovney no baixo. Os dois últimos deram lugar respectivamente a Kirk Hammett e Cliff Burton, que gravaram os três primeiros álbuns. Hammett permaneceu, enquanto Burton faleceu em um trágico acidente com o ônibus do grupo, em 1986.

Foi justamente Cliff o responsável por, na opinião dos integrantes, expandir os horizontes artísticos do Metallica — o que começa a se perceber no segundo álbum, Ride the Lightning (1984), com maior participação criativa de sua parte e, consequentemente, arranjos mais complexos. Além de trafegar bastante por outros subgêneros do rock, ele tinha domínio de teoria musical e apreciava música clássica.

Em 2006, Hetfield abordou o assunto em entrevista a um jornal sueco (via Guitar World). Na ocasião, o frontman destacou:

“Nós nunca teríamos criado harmonias de guitarra como a de ‘Battery’, ou músicas com melodias e orquestrações muito intrincadas, sem Cliff.”

Em entrevista de 2020 à Rolling Stone EUA, Kirk Hammett creditou Burton por introduzir estruturas de música clássica ao grupo. Ele comenta:

“Cliff Burton estava constantemente ouvindo música clássica. Ele gostava muito de música clássica barroca e, particularmente, de Bach. Mas quando éramos garotos, só podíamos fantasiar sobre trabalhar com uma orquestra [nota: o Metallica trabalhou com orquestra nos álbuns S&M e S&M2].”
Cliff Burton, baixista do Metallica, em 1986 (Foto: Ross Marino / Icon and Image / Getty Images)
Cliff Burton, baixista do Metallica, em 1986 (Foto: Ross Marino / Icon and Image / Getty Images)

Cliff Burton, Metallica e a música clássica

Um ano antes, foi a vez de Lars Ulrich exaltar as colaborações criativas do saudoso parceiro. O baterista afirma, também à Rolling Stone EUA:

“Cliff foi definitivamente a porta de entrada para muitas dessas coisas de música clássica. Quando ele começou a falar sobre música clássica em 1983 ou 84, James e eu não estávamos prontos — ou pelo menos eu, não quero falar por James — para receber essas coisas. Todavia, lentamente sua persistência colocou coisas como música clássica ou Simon & Garfunkel em nosso radar. Demorou um pouco mais para nos abrirmos. Mas agora vejo uma intersecção entre algumas das coisas mais sombrias, mais dissonantes e mais típicas de escala menor que tocamos.”

Em entrevista de 2017 ao Alphabetallica, o pai de Cliff Burton, Ray Burton, deu crédito a um professor de baixo pela influência de música clássica. Também destacou que desde cedo o garoto demonstrava ser muito inteligente.

“Seus dois primeiros professores não lhe ensinaram muito, mas o terceiro, Steve Doherty, ensinou a ele sobre Bach, música clássica, e Cliff absorveu aquilo. Ele achava Bach um gênio! Aquele tipo de música barroca era antecessora do heavy metal. Era selvagem, mas, ao mesmo tempo, muito controlada.”

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Igor Miranda (@igormirandasite)

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.