CLÁSSICO DO METAL

O melhor disco da carreira do Iron Maiden, segundo a Rolling Stone EUA

Álbum lançado na década de 1980 se posiciona como maior destaque da carreira do grupo, na opinião da equipe responsável pela revista americana

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 26/03/2025, às 13h39
Bruce Dickinson com o Iron Maiden na década de 1980 - Foto: Bill McCay / Getty Images
Bruce Dickinson com o Iron Maiden na década de 1980 - Foto: Bill McCay / Getty Images

Qual seria o melhor álbum do Iron Maiden? A resposta para esta pergunta não é nada fácil de se obter, não apenas pela subjetividade envolvida, como também pelo alto nível de qualidade oferecido pela banda inglesa ao longo de seus 17 discos de estúdio.

O catálogo do grupo comandado pelo baixista Steve Harris é repleto de nuances. Os primeiros trabalhos, com Paul Di’Anno nos vocais, são mais “crus” e diretos. Com a chegada de Bruce Dickinson, o material ficou mais elaborado e passou a explorar diferentes subgêneros e ramificações.

No início da década de 90, o grupo voltou às origens mais viscerais com No Prayer for the Dying (1990). Mas quando Blaze Bayley esteve no lugar de Dickinson entre 1994 e 1999, nos álbuns The X Factor (1995) e Virtual XI(1998), o grupo mergulhou ainda mais em uma sonoridade progressiva — que seguiria a marcar os trabalhos no século 21, já com Bruce de volta.

Ainda assim, na opinião da equipe da Rolling Stone EUA, há um registro que pode ser considerado o definitivo da carreira do Maiden. Trata-se de The Number of the Beast (1982), terceiro álbum de estúdio e primeiro com Dickinson nos vocais.

A escolha foi revelada em um artigo de 2017 que visa listar os 100 melhores discos de heavy metal da história, na opinião do staff da revista americana. The Number of the Beast obteve a quarta colocação geral e, entre os trabalhos do Maiden, está em posição mais alta. Powerslave (1984, 38º lugar), a estreia Iron Maiden (1980, 13º lugar) também foram lembrados.

A respeito de The Number of the Beast, o jornalista Steve Smith escreve, inicialmente:

“Quando chegou ao estúdio com o veterano produtor Martin Birch para gravar seu terceiro álbum em 1982, o Iron Maiden já havia se esforçado para chegar à vanguarda do chamado New Wave of British Heavy Metal. Tendo substituído o vocalista anterior Paul Di'Anno por Bruce Dickinson, um artista carismático com voz de alcance operístico, o palco estava pronto para um avanço criativo.”

O texto relembra que o grupo precisou superar um desafio muito maior do que a troca de vocalistas. Na época, eles sofriam por já ter usado todo o estoque de músicas em seus dois primeiros discos. Logo, teriam de compor material novo de verdade, algo que Dickinson gostou.

“Havia apenas um problema: a banda havia esgotado seu estoque de músicas. ‘Eles tinham usado todas as coisas boas que tinham e estavam na estrada desde então’, disse Dickinson ao biógrafo Mick Wall. ‘Então foi muito bom, nesse sentido, porque não me pediriam para cantar palavras que já tinham sido escritas por Paul ou músicas que Steve [Harris, baixista e compositor chefe] tinha escrito com ele em mente. Tivemos tempo para pensar nas músicas primeiro’.”

O artigo cita por fim os destaques do álbum, destacado como o responsável por fazer a banda emplacar nos Estados Unidos, pois foi o primeiro a entrar no top 40 da parada nacional. Steve Smith elucida:

“Harris e seus companheiros (incluindo Dickinson, não creditado por razões contratuais) se destacaram na ocasião, produzindo canções complexas e letras inebriantes que se adequavam perfeitamente ao alcance dramático do novo cantor. O álbum resultante, gravado e mixado em apenas cinco semanas, é um dos marcos históricos do metal: o single galopante ‘Run to the Hills’ alcançou sucesso praticamente em todos os lugares, exceto nos Estados Unidos, onde o vídeo, no entanto, se tornou um dos primeiros sucessos da MTV; a faixa-título continua presença garantida no setlist; e o encerramento, ‘Hallowed Be Thy Name’, foi o primeiro dos épicos característicos do Iron Maiden — e um dos mais duradouros.”

O que diz Steve Harris sobre The Number of the Beast, do Iron Maiden

Em entrevista de 2007 à revista Revolver (via site Igor Miranda), Steve Harris foi convidado a compartilhar reflexões a respeito de cada álbum do Iron Maiden lançado até ali. Ao discutir The Number of the Beast, ele comentou:

“Era o destino termos Bruce como nosso vocalista. Ele era fantástico, conseguia alcançar notas e fazer coisas que a maioria dos outros cantores não conseguia. Mas, na época, foi uma mudança muito assustadora! Já éramos a atração principal da maioria dos países e não sabíamos se as pessoas iriam gostar ou não. Mas, às vezes, a pressão traz o melhor de você. E valeu a pena.”

De acordo com a base de dados Setlist.fm, três das cinco músicas mais tocadas pelo Iron Maiden ao vivo em toda a sua história vêm de The Number of the Beast. A faixa-título está na segunda posição, atrás apenas da canção que nomeia a banda. “Hallowed Be Thy Name” ocupa o terceiro lugar, enquanto “Run to the Hills” fica na quinta colocação, logo após “The Trooper”, oriunda do disco seguinte Piece of Mind (1983).

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