Vocalista diz que se tornou uma pessoa “muito passiva” dentro da banda no que diz respeito a oferecer contribuições criativas
Publicado em 20/11/2024, às 08h15
O rompimento do System of a Down em 2006 ainda desperta curiosidade no público. Mesmo com a reunião em 2010, dá para dizer que a banda nunca mais foi a mesma: a formação clássica foi mantida, porém, o retorno não gerou um novo álbum, somente os singles beneficentes “Protect the Land” e “Genocidal Humanoidz” em 2020.
Uma das chaves para entender o desgaste no relacionamento é Serj Tankian. O vocalista passou a ter divergências criativas com o guitarrista Daron Malakian, em especial durante o processo de gravação dos álbuns Mezmerize e Hypnotize, ambos de 2005. Agora, o cantor revela ter se “desligado emocionalmente” do grupo justamente nesse período.
Em entrevista à Metal Hammer, Tankian conta, inicialmente:
“Eu tive um relacionamento muito único com os últimos discos (Mezmerize e Hypnotize) porque eu tinha, até certo ponto, me desligado emocionalmente da banda enquanto os fazia.”
Em seguida, Serj explica que a disputa criativa na banda o transformou em alguém “muito passivo”. Ele explica:
“Havia músicas que eu queria trazer e sentia que não podia. Eu estava em um lugar estranho. Eu contribuí criativamente, mas não… eu não sei. Eu precisava respirar. Sentia que havia muita coisa acontecendo.”
Isso não quer dizer, contudo, que Serj Tankian não gosta de Mezmerize e Hypnotize. Os álbuns responsáveis por trazer músicas como “B.Y.O.B.”, “Question!” e “Lonely Day” são apreciados pelo cantor, ainda que com ressalvas pessoais.
“Ainda acho essas músicas ótimas. Mas quando penso nisso, também lembro que foi uma fase estranha da minha vida — e isso é algo que eu também tenho que estar ciente.”
Em outras entrevistas, Tankian deixou claro que desde o início sabia como o System of a Down teria problemas. À rádio WSOU 89.5 FM (via site Igor Miranda), por exemplo, ele comentou que a autossuficiência criativa de Daron Malakian, que cresceu enquanto autor de suas próprias canções, poderia levar a um rompimento.
A dedicação do guitarrista também poderia ser um empecilho, curiosamente. O frontman explica:
“Embora John (Dolmayan) toque bateria desde os oito anos de idade, ele fez muitas coisas na vida, como ter uma empresa de histórias em quadrinhos. Shavo (Odadjian, baixista) fez outras coisas também, embora a música tenha sido uma grande parte de sua vida. Mas para Daron, era a única atividade. Eu também fiz muitas coisas na vida. Trabalhei em diferentes indústrias, me formei na faculdade e entrei para a música mais tarde do que todos os outros caras.”
Fato é que as atividades do System of a Down estão cada vez mais reduzidas nos últimos anos. Poucos shows estão sendo realizados e, quando ocorrem, são de forma esporádica, em festivais ou grandes eventos, sem vínculo a turnês. Enquanto isso, Serj Tankian trabalha em carreira solo, tendo lançado o EP Foundations em setembro e uma nova autobiografia, Down with the System, disponível no Brasil pela Buzz Editora.
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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.