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O pior disco do Oasis, na opinião de Noel Gallagher

Guitarrista não costuma ser modesto quanto a seus feitos, mas um álbum específico o tira do sério sempre que é mencionado

Igor Miranda (@igormirandasite)
por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 05/02/2023, às 12h00 - Atualizado em 11/02/2023, às 09h49

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Noel e Liam Gallagher formavam Oasis (Foto: Vittorio Zunino Celotto/Getty Images)
Noel e Liam Gallagher formavam Oasis (Foto: Vittorio Zunino Celotto/Getty Images)

Oasis surgiu no início da década de 1990 como uma das grandes promessas do rock britânico. Os discos Definitely Maybe (1994) e (What's the Story) Morning Glory? (1995) se tornaram clássicos e venderam feito água - não à toa, o primeiro se tornou a estreia mais vendida da história da Inglaterra e o segundo está entre os três discos mais comercializados de todos os tempos na região.

Mas nem tudo são flores - os irmãos brigões Liam (voz) e Noel Gallagher (guitarra) que o digam. Não faltou talento, mas certamente algumas decisões equivocadas e problemas internos levaram o grupo a ter uma discografia seguinte marcada pela irregularidade, algo que seus próprios integrantes concordam.

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Em entrevista à Q (via Far Out Magazine), em 2017, Noel - que também foi o principal compositor do Oasis - expressou falta de apreço por um trabalho específico da carreira. Segundo ele, o álbum Be Here Now (1997), que sucedeu Definitely Maybe e (What’s the Story) Morning Glory?, “não se sustenta”.

“No estúdio, ele era ótimo. No dia em que foi lançado, era ótimo. Foi só quando entrei em turnê que pensei: ‘isso aqui não se sustenta’. [...] Não me entenda mal, eu autografo um monte de cópias desse disco todos os anos. As pessoas estão preparadas para brigar comigo na rua, dizendo: ‘eu amo esse álbum!’. Mas eu sei quanto esforço eu coloquei ali. E não foi tanto.”

Noel Gallagher odeia Be Here Now

Em muitas outras entrevistas, Noel Gallagher reforçou seu ponto a respeito de Be Here Now. Em 2018, conversando com Talia Schlanger, ele chegou a dizer que odeia o álbum.

“Foi a primeira vez que fui solicitado a compor um disco como o maior compositor do mundo. Então eu murchei sob essa pressão, eu acho. Eu odeio esse álbum. E por nenhuma outra razão além do fato de que eu estava lá quando ele foi criado - e eu não deveria tê-lo criado.”

O guitarrista estava receoso, mas foi incentivado por praticamente todo mundo ao seu redor a gravar e lançar o material. "Eu sabia que era ruim? Sinceramente, eu o compus nas férias - e você não deve compor discos de rock usando shorts. Voltei para Londres com as fitas demo achando que estava tudo bem," afirmou.

Botei para tocar e todos acharam a melhor coisa da história, então pensei que talvez fosse bom. Todo mundo ao redor - empresários, gravadora, o resto da banda - dizia que era incrível. Na imprensa, recebi as melhores críticas. Mas lembro que estava em turnê e ficou muito aparente, após quatro semanas, que as novas músicas não estavam no patamar das antigas.

A pressa do Oasis

De volta a 2017, durante uma entrevista em vídeo (via Vírgula) Noel apresentou mais reflexões a respeito do que pode ter dado errado em Be Here Now. Embora tenha vendido mais de 8 milhões de cópias mundialmente (batendo recordes de vendas, especialmente em seus primeiros dias) e emplacado músicas como “Stand By Me” e “D’You Know What I Mean?”, o disco hoje é lembrado por ser um tanto longo e oscilar bastante em qualidade entre suas composições.

“Nunca devíamos ter feito aquele disco naquela época. Viemos de uma turnê americana que, novamente, foi a terceira seguida que não tínhamos conseguido completar. Eu voltei ao aeroporto e toda a imprensa estava lá e, ao invés de dizermos: ‘certo, vamos cada um para seu caminho por um ou dois anos’, nós decidimos como idiotas voltar para o estúdio," disse.

Talvez não tenha sido a melhor ideia, porque Morning Glory ainda não havia terminado sua jornada. Provavelmente continuava como nº 1 no Reino Unido e, sem dúvidas, top 5 nos Estados Unidos. E, ainda assim, lá estávamos nós indo para o estúdio, tentando desesperadamente fazer outro álbum que arrasasse - o que era ridículo.

Liam Gallagher, é claro, discorda

Como era de se esperar, Liam Gallagher discorda do irmão. Um dos grandes defensores de Be Here Now, o vocalista disse em entrevista à Vulture que o guitarrista só não gosta do álbum porque traz recordações de seu “fracassado” primeiro casamento, com Meg Mathews. A união foi oficializada em 1997, mas não durou nem cinco anos, pois o divórcio foi assinado em 2001.

“Existem muitos carneirinhos por aí, né? Se o cara principal [Noel Gallagher] diz: ‘oh, é isso e aquilo’, muitas pessoas que não usam suas próprias mentes dizem: 'sim, eu concordo.' Se Noel tivesse dito que Be Here Now é a melhor coisa do mundo, eu tenho certeza de que a recepção seria diferente. A razão pela qual ele não gostou é porque o lembra de um momento não tão bom com sua ex-esposa. Mas está tudo bem. Essa é a prerrogativa dele.”

Igor Miranda (@igormirandasite)

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.